CAPÍTULO 34: Mesmo assim.

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                       ~ Nicolas ON ~

Eu estava andando pelo jardim tentando fugir do meu pai quando vi de longe uma garota, criança assim como eu, sentada na grama brincando com seu cachorrinho e rindo, não percebi que estava olhando por muito tempo até que ela percebeu.

– Quem é você? – ela perguntou.

Mas continuei em silêncio, apenas observando.

– O que veio fazer na minha casa? – insistiu.

Permaneci do mesmo jeito.

Ela parecia um pouco irritada agora.

Me sentei um pouco distante dela e fiquei ali.

– O que é essa mancha na sua perna? – fez outra pergunta.

Tentei cobrir com a bermuda, mas não consegui.

– Machucados são normais, também tenho alguns. Como aconteceu?

– Meu pai achou que eu merecia isso.

Notei o choque na voz dela quando disse:

– Por que ele faz isso?

Você gosta de perguntar muito. – ponderei.

– S-sou apenas curiosa.

Percebi que tinha feito besteira ao falar isso, que ela praticamente se encolheu no próprio espaço.

Alguma coisa nela me fez sentir algo bom depois de tanto tempo, parecia que a dor que eu estava sentindo agora não era quase nada. Essa menina exala bondade.

Tinha gostado dela.

– Me chamo Elle. – murmurou. – À propósito.

– Elle?

– Gabrielle. Mas deixo as pessoas que eu gosto me chamarem de Elle.

– Entendi, Gabrielle.

– E qual é o seu nome?

Preferi voltar ao meu silêncio, não era uma boa hora pra ela me conhecer. Não do jeito que eu estava.

Ouvi a voz do meu pai me chamando e levantei depressa, correndo em direção à casa.

– Espera!

Continuei correndo e parei quando entrei na cozinha e me deparei com meu pai, que pra variar estava me olhando com a mesma cara de sempre. Desgosto.

Me revirei um pouco na cama com essas lembranças antes de finalmente despertar e perceber que realmente era só uma lembrança. Graças a Deus era só isso.

Sentei na cama e passei as mãos pelo rosto e pelo cabelo tentando me livrar do resto daquela lembrança, do que aconteceu depois. Olhei para o lado e vi Elle deitada de bruços, dormindo de um jeito tão tranquilo que não quis incomodar ela com aquilo.

Levantei e fui em direção a cozinha, confesso que errei a direção, já que nos mudamos pra cá há menos de três dias, ainda estava me acostumando. Peguei um copo e coloquei água nele pra beber, fui em direção a sala de estar e parei próximo a parede de vidro, fiquei apenas observando as luzes da cidade e aquela calmaria.

Alguns minutos depois senti que havia alguém atrás de mim e quando me virei me deparei com a Elle ainda sonolenta e vestida perfeitamente com uma camisola de seda cor vinho. Deus, como ela é linda.

– Algum problema? – perguntou, esfregando o olho.

– Não. – limpei a garganta. – Só fiquei sem sono.

– E por que não me acordou?

– Queria você descansada amanhã.

Ela se sentou no sofá e me juntei a ela, a morena entrelaçou nossos dedos e deu um beijo no meu rosto antes de apoiar a cabeça no meu ombro.

– Vai abrir o jogo comigo ou não, Nicolas?

Ela sabia.

Com certeza mentir pra ela tinha se tornado algo bem difícil.

– Sonhei com algo que preferiria esquecer. Não tudo, é claro.

– E o que foi?

– Sonhei com o dia em que conheci você. – falei. – Foi bom até que vi meu pai e....o resto não foi bacana.

Ela se afastou um pouco pra poder me olhar pra mim e apoiei minhas costas no sofá, me sentindo mal.

– Ei?

Elle subiu no meu colo e passou os braços pelo meu pescoço.

– Eu sei o que aconteceu e quanto seu pai pode ser horrível – acariciou minha bochecha com o polegar. – Não precisa esconder de mim o que isso faz com você.

E ali estava ela, a garotinha que eu conheci aos dez anos ainda estava ali. E era tão boa quanto antes.

– Eu sei.

Puxei a morena para perto e a abracei, me manti agarrado a ela por um bom tempo até tudo aquilo desaparecer e ficar apenas a parte boa.

– Eu te amo. – sussurrou.

– Mesmo com tudo isso?

– Mesmo assim.

Meu coração doeu de um jeito bom com isso, eu me senti a salvo pela primeira vez em bastante tempo.

.........

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