CAPÍTULO 22: Ok o suficiente

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Eu estava sentada na banheira apenas reaquecendo meu corpo enquanto mais lágrimas escorriam, me sentia tão idiota por ter deixado isso ir longe demais, por ter me apegado a ele por ser tão parecido comigo. Nicolas não sabia com quem tinha mexido, se achava que eu continuaria sendo essa calmaria de sempre não perdia por esperar.

Quando finalmente me senti disposta e corajosa o suficiente pra sair de baixo da água me enrolei na toalha e voltei para o meu quarto pra trocar de roupa, meu irmão bateu na porta minutos depois.

- Entra.

Ele ainda estava vestido e parecia tão exausto quanto eu, mas o frio não parecia ser um problema. Nem as roupas úmidas.

- Como se sente?

- Ok o suficiente pra continuar.

- O que aconteceu mais cedo, Elle?

- O idiota do Nicolas falou algumas besteiras pra mim, como sempre e....

- Se as coisas continuam as mesmas essa foi uma reação bem bizarra pra duas pessoas que apenas se odeiam. - ponderou. - Em qualquer situação você teria dado um tapa nele ou pior.

Permaneci em silêncio e comecei a pentear meu cabelo.

- Abre o jogo, pirralha.

Me sentei no banco da penteadeira e deixei a escova de lado, me mantendo atenta apenas naquela conversa.

- Eu e ele, nós....., ficamos bem próximos em relação a tudo. Você melhor do que ninguém sabe o quão presente ele sempre esteve na minha vida. - respirei fundo. - Chegou até mesmo ameaçar ele se continuasse enchendo meu saco nas festas.

Ele riu ao lembrar, se sentando na beira da cama.

- Nicolas sempre me cercou de todos os lados e me venceu pelo cansaço. - brinquei. Não sabia como tinha ânimo pra isso. - A verdade é que gostei dele mais do que era seguro pra mim.

Enxuguei uma lágrima solitária que escorreu por minha bochecha.

- Puta merda...

- É, eu sei - suspirei. - Quem diria, né?

- Tá, continua.

- Fofoqueiro. Nós fomos até o limite das provocações e acabamos cedendo, como eu já disse. Mas tem problema demais nisso.....e gostar dele coloca tudo nosso em perigo.

- Como assim?

- O pai dele. Aquele acordo de casamento não era apenas pra manter tudo, ambos os lados, em segurança, ele quer os nossos patrimônios.

Não precisei olhar pro meu irmão pra ver a reação de surpresa e raiva em seu rosto, conseguia imaginar direitinho.

- E se o filhinho dele não conseguisse me amarrar, o plano b era me matar.

Meu irmão levantou rápido da cama e saiu do meu quarto, descendo as escadas praticamente pulando os degraus.

- Aonde você vai? - gritei.

- Vou matar aquele desgraçado!

- Não! Espera!

Corri atrás dele e o alcancei antes que saísse da casa, a respiração dele estava acelerada e conseguia sentir sua raiva, era parecida com a minha. Quase idêntica, fora o coração partido.

- Deixa isso pra lá. Só me prometa que vamos resolver isso por de baixo dos panos.

- O que quer fazer?

- Quero jogar como eles. Acham que podem passar a perna nos Venturini? Vamos mostrar que não.

Eu não tinha certeza se meu plano daria certo, mas era minha carta na manga.

- Explica isso melhor, Gabrielle.

- Conversamos sobre isso no café. Agora, vá tomar trocar de roupa antes que pegue uma pneumonia. - repeti a frase que ele me disse quando chegamos em casa.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora