CAPÍTULO 5: Ou o que?

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Andei evitando ele em todos os lugares que ia, inclusive na faculdade, mas por incrível que pareça não precisei me esforçar muito, o loiro não aparecia há dias. Não sabia o que tinha acontecido, mas também não procurei saber por motivos óbvios.

Entrei na sala de aula e me sentei ao lado de um cara, era a única cadeira disponível e ele parecia até ser gente boa. Tirei meu livro da bolsa e comecei a ler enquanto a aula não começava, mas fui interrompida minutos depois.

– Você é a novata que todo mundo anda falando? – percebi que quem estava falando era o cara ao meu lado.

– Sou novata, mas não sei se andam falando de mim.

– As fofocas são rápidas por aqui. Me chamo Kent.

Kent? Meio incomum pro país em que moramos.

Tudo bem.

– Me chamo Gabrielle.

– Nome bonito, diferente do meu.

Isso me fez ficar preocupada e em dúvida se acabei expressando alguma coisa quando disse seu nome.

– Pode relaxar – começou a rir. – Sei que foi isso que pensou também.

Comecei a rir, tentando descontrair.

– Mas não acho seu nome feio, se serve de algo. Acho diferente.

Depois de alguns minutos de aula a porta se abre e vejo o loiro de um metro e oitenta e cinco passando por ela, vindo em direção às últimas fileiras também.

Mas o que!?

Tento não demonstrar minha aflição misturada à confusão que estou sentindo depois do que ouvi naquele dia na minha casa.

Vejo os olhos dele fixos em direção ao Kent, mas em nenhum momento em mim, então quando decidi parar de encarar o cara simplesmente se senta na fileira a nossa frente. Na minha diagonal.

– Já conseguiu se adaptar? – Kent perguntou, me fazendo voltar a atenção pra ele.

– Mais ou menos, mas não vai ser problema.

– Se quiser posso te ajudar com isso.

Olhei outra vez na direção de Nicolas e vi o jeito que o maxilar dele estava, como se estivesse com raiva. Ódio. Com certeza era ódio.

– É, pode até ser. – falei, fazendo questao que ele escutasse. – Depois passo meu número.

O loiro parecia está se contorcendo de ódio, mas não disse sequer uma palavra, mesmo que fosse pra me xingar.

Isso me deixava preocupada, tinha medo de ele parar de rebater tudo que faço.

Depois da aula Nicolas saiu tão rápido que sequer vi, então esperei Kent para sairmos juntos, estávamos andando pelo corredor quando outro amigo dele o chamou.

– Preciso ir. Te vejo segunda?

– Tá, claro.

– Tchau.

Eu comecei a guardar o livro dentro da bolsa quando senti mãos em volta do meu quadril e meu corpo sendo empurrado em direção a um lugar completamente escuro. Jesus.

– Nicolas.

– Acertou! Vai ganhar um prêmio por isso. – debochou.

Filho da puta.

– Tira as mãos de mim, agora.

– Ou o que? Vai ficar mais nervosa do que já está?

– Ou eu vou garantir que você não possa ter filhos no futuro. O que quer dessa vez?

– Pra mim, você pareceu bem amiguinha do Kent.

– E o que você tem a ver com isso?

– Fica longe dele. Conheço aquele cara há um tempo pra saber de que tipo ele é.

– Do mesmo que o seu? Um cafajeste? Deixa eu te avisar uma coisa, protetor de mocinhas indefesas, não preciso que fique tentando me manter em segurança.

– Fica longe dele, tô avisando.

– Ou o que? Você sequer olhou pra minha cara quando entrou na porra daquela sala e agora vem com essa? Ele pelo menos foi mais simpático do que você em todos esses anos em que te conheço!

Tentei alcançar a maçaneta pra poder ir embora, mas ele me impediu e me prendeu contra a parede.

– Por Deus, garota, eu juro que to cansando de você!

– E eu de você, seu imbecil!

Nicolas tira a minha bolsa do caminho e aproxima o corpo do meu, ficando cara a cara comigo. Ele passa a mão por meu pescoço até chegar a minha nuca, onde puxa meu cabelo, me fazendo arfar.

– Já disse pra não tentar elevar o nível da brincadeira se não souber como jogar a altura.

– E quem disse que eu não sei como jogar com você?

Merda. Essa proximidade vai me matar.

– Te vejo no jantar mais tarde, nojentinha.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora