Parte 2 🥥

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2014

Dois meses se passaram e Maria deu a luz há três dias atrás, ele chegou hoje. Mês passado eu pensei muito em uma ideia que eu tive, e que eu não faço a mínima ideia se essa ideia vai dar bom ou vai dar ruim. Eu sabia que a Maria não seria capaz de amamentar o meu pequeno ser que estará a poucos minutos aqui dentro de casa e se nessa noite ele não chorar e eu levar mais uma sessão de tortura, nós estaremos bem longe daqui de manhã. Bom... eu passei na farmácia um mês atrás, quando tive coragem para comprar um remédio de produção de leite, é exatamente isso que acabaram de ouvir. Sim, eu estarei pronta para recebe-lo e amamenta-lo, e muito mais pronta para fugir disse inferno. Tomarei o remédio pelo menos até eu começar a produzir meu próprio leite. 

Nesses dois meses, minhas costas foi pro inferno e voltou, eu estou com uma grande cicatriz nelas e eu não alcanço muito então fica difícil de passar remédio e cuidar mas até que eu estou aguentando bem. Aquele tapete felpudo ainda está no meu quarto com sangue seco, Paulo não deixou eu tirar de lá, queria que eu visse todos os dias para eu não repetir os meus erros. Meu quarto cheira a carniça, chacina, podem escolher a palavra certa para esse termo.

Quando Maria chegou com o meu bebê, era incrível a sensação de o ver de perto, tão pequenininho. Como eu já tinha o nome em mente, não foi difícil. Bernardo era muito curioso, ficava vendo a casa inteira, tudo ao seu redor, ao mesmo tempo era manhoso e muito dorminhoco. Eles mal tinham chegado e Maria já me expulsou da sala jogando a certidão de nascimento em cima de mim mas o importante é que estava com meu nome e não o dela muito menos do Paulo, assim que eu o peguei no colo  subi correndo para o meu quarto me trancando com ele e o coloquei  em cima da cama cercados por travesseiros enquanto eu terminava de arrumar as minhas coisas e principalmente pegando a minha carteira, que  é muito bem escondida bem dentro do pacote de absorvente, isso aí que é esconderijo. Ninguém sabia da minha gravidez, agradeci por minha barriga ainda não estar visível mesmo com três meses e meio.

Bom... eu já estava produzindo leite então ele já estava muito bem alimentado por sinal, por sorte minha ele apagou a noite toda. Consegui chamar um táxi e pegar as mínimas coisas que consegui comprar para ele. O plano era entrar naquele carro e seguir em direção à rodoviária, mas foi impedida quando passei pelo corredor que dava visão da cozinha e da sala, por reflexo olhei e vi o Paulo bebendo algo apoiado na bancada da ilha, coloquei o Bernardo no chão que estava deitado no bebê conforto pois sabia que não dava para passar assim sem ele nos perceber. 

Ele passou pelo corredor, escutei ele me chamando só que o ignorei, eu queria que ele viesse até mim, não sei qual era o plano mas....É isso. Voltei para a cozinha onde ele estava e ele me olhou com aqueles olhos que eu já conhecia muito, aquele sentimentos que já eram normais o ver o que sentia por mim. Ele continua me chamando e eu só passei por ele e peguei um copo de água assim que eu coloquei o copo em cima da bancada ele puxou meu cabelo e me jogou no chão, escutei novamente a fivela do cinto serem desconectadas e sair da sua calça, ele puxou meu cabelo me colocando de costas para ele, eu pensei que ele queria chicotear minhas costas novamente mas eu não esperava que ele ia colocar em volta do meu pescoço e apertar o máximo que podia naquele momento, fez como se fosse uma coleira, tentei ao máximo puxar o couro para longe meu pescoço mas foi uma tentativa falha. 

Ele veio para a minha frente, eu estava ficando roxa provavelmente, meu rosto estava quente, meu pescoço estava quente, minha vista estava ficando embaçada e em meio desse colapso lembrei dos meus filhos. Eu acordei, segurei seu pulso e mordi o fazendo soltar o cinto aproveitei a pequena distração para tirar o cinto o mais rápido possível e acertar os seus países baixos, ele era um homem grande, mas eu também não era tão pequena assim, aproveitei a sua dor passageira e dei outro chute o fazendo se joelhar no chão e eu colocar o cinto nele e apertar o máximo que consegui, ele já estava ficando vermelho enquanto eu continuava chutar  lá embaixo, era o único jeito dele não ter basicamente nenhuma ação contra mim no momento.

Fiquei apertando o cinto até ele ficar vermelho o suficiente para ele parar de se debater e finalmente desmaiar, obviamente que depois eu vi se ele ainda estava vivo. Pego o cinto e coloco dentro da minha bolsa, pego o bebê, pego tudo o que tinha de direito, quando sai pela porta o táxi estava lá, como eu tinha marcado por ligação entrei no mesmo e fomos para a rodoviária. Chegamos no nosso destino e segui rapidamente comprar as passagens recebendo olhares da maioria, basicamente eu era uma criança que teve filho aparentemente. 

Comprei as passagens e logo entrei no ônibus, comprei duas para ter espaço para nós dois. Fiquei esperando a hora do ônibus sair enquanto amamentava o meu bebê, nós estávamos indo para a cidade maravilhosa, conhecida como Rio de Janeiro. De Sergipe para o Rio daria quase 29 horas de viagem, seria bastante cansativa mas valeria a pena no final.... No final eu estarei livre.

Aline Gonçalves, morta em 2014. Arizona Becker, nascida em  2014. 

 

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Parte 2 de 2.

CONTINUA...


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