O tribunal estava silencioso, exceto pelo som abafado dos sapatos ecoando no chão de mármore. Arizona sentou-se no banco dos réus, o coração acelerado. Ela olhou para seus pais pela primeira vez em anos, os mesmos que a haviam maltratado durante anos. Agora, eles a acusavam de crimes terríveis. O juiz entrou na sala, os olhos perscrutadores.
- Senhoras e senhores, estamos aqui para julgar o caso de Arizona Becker. Ela é acusada de tentativa de homicídio e sequestro. O promotor se levantou.
- Meritíssimo, temos provas contundentes de que a ré tentou tirar a vida de seus pais. Ela espancou seu pai no dia da fuga. - Arizona olhou para seu advogado, o rosto pálido. Ele se aproximou dela e sussurrou.
- Fique calma, Arizona. Vamos provar sua inocência. - A defesa chamou a primeira testemunha: Edna, uma empregada da família onde Arizona trabalhou como babá.
- Ela era uma menina muito boa, incapaz de cometer tais crimes. Ela era muito nova e já cuidava das crianças com todo cuidado do mundo. Dizia que queria guardar dinheiro para o futuro dela. - Disse a senhora com seriedade. Em seguida, a mãe de Arizona subiu ao púlpito.
- Minha filha sempre foi problemática. Ela nos odiava. Eu a vi colocando algo no nosso jantar. - A mãe falava acusatória. A acusação apresentou evidências: uma garrafa de veneno encontrada na casa de Arizona. As digitais dela estavam por toda parte. O advogado de Arizona argumentou que as digitais não provavam nada.
- Ela cozinhava para eles, sim, que no caso com apenas 10 anos começou a ter essa responsabilidade, mas essa garrafa foi confeccionada em 2017 e comprada em 2019 pela Arizona. Estamos falando de um caso de 2014.
O juiz ouviu atentamente os depoimentos seguintes, os argumentos e as provas, como a análise do cinto e da foto das costas de Arizona. O advogado de Arizona se levantou, enfrentando o júri com determinação.
- Meritíssimo, senhoras e senhores do júri, peço que considerem o contexto completo antes de julgar minha cliente. - Ele apontou para Arizona. - Ela cresceu em um ambiente tóxico. Seus pais eram abusivos, física e emocionalmente. Ela suportou anos de maus-tratos, estupro, vivendo com medo e dor. Dando um resultado de uma gravidez indesejada na adolescência. E cicatrizes físicas evidentes. - Arizona sentiu os olhos do júri sobre ela. Ela não queria piedade; queria justiça. - Quando Maria deu a luz, poucos dias depois Arizona tomou a atitude de fugir daquele lugar com o irmão. - Continuou o advogado. - Arizona estava lá. Ela se defendeu, defendeu seu filho e irmão não querendo que eles vivessem do jeito que ela viveu. Ele pegou a garrafa de veneno, exibindo-a. - Essa garrafa? Arizona guardou no armário da cozinha depois de fazer a compra do mês de fevereiro de 2019. - A mãe de Arizona soluçou na plateia. Seu pai permaneceu impassível. - Senhoras e senhores. - Disse o advogado. - Arizona não é uma criminosa. Ela é uma sobrevivente. Ela fez o que pôde para proteger a si mesma e aos outros. - Arizona olhou para seus pais.
- Eu não queria machucá-los, mesmo passando pelo o inferno que eles criaram. Mas também não podia continuar sofrendo. - Disse Arizona em prantos. O juiz fez uma anotação. O veredicto se aproximava.
O júri se retirou para deliberar. Arizona sentou-se, as mãos trêmulas. Gabriel apertou sua mão e sua mãe de coração, Lindalva, ofereciam apoio silencioso. O tribunal estava tenso, e o tempo parecia se arrastar.
- Fica tranquila, minha filha. - A loira diz dando apoio para a filha de coração.
- Vai dar tudo certo, preta. - O tatuado a tranquilizou segurando a mão da sua mulher.
Após horas de espera angustiante, o júri voltou à sala. O juiz limpou a garganta.
- Senhoras e senhores do júri, qual é o veredicto? - O porta-voz do júri se levantou.
- Meritíssimo, após cuidadosa consideração, declaramos a ré, Arizona Becker, inocente das acusações de tentativa de homicídio e sequestro. A guarda de Bernardo e Ravi continuarão com o legal atual. - Arizona soltou o fôlego que nem sabia que estava segurando. Lágrimas encheram seus olhos. Seus pais a encaravam com ódio. Ela não sentia triunfo, apenas alívio. O juiz bateu o martelo.
- O tribunal está encerrado. Arizona Gonçalves, você está livre. - Ela saiu do tribunal, a luz do sol ofuscando seus olhos. Gabriel a abraçou.
- Nós conseguimos, Arizona. Você conseguiu. - Ela assentiu, agradecida por ter alguém que acreditava nela. Mas a batalha não terminava ali. Ela ainda tinha cicatrizes, mas agora podia começar a curar. Naquela noite, Arizona deitou-se na cama, olhando para o teto. A lua brilhava lá fora, e ela pensou nos anos de sofrimento. Agora, finalmente, havia justiça.
CONTINUA...
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VÁRIOS ENCONTROS - Gabriel Barbosa
FanfictionUma empresária e chefe de cozinha, dona de redes de restaurantes, boates e bares pela América do Sul, que se tornaram muito famosos pelos países, que acaba virando patrocinadora de um time de futebol do Rio de Janeiro ao realizar o sonho de seu avô...