Ultrassom🥥

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ARIZONA

- Olha, está vendo esses pontinhos? - Susana, minha ginecologista, disse apontando para a tela enquanto passava o gel na minha barriga. 

- Sim e não estou acreditando. -  Não queria acreditar de jeito nenhum. Como uma coisa tão pequena pode fazer  tanto estrago?

- Têm uns três centímetros. - Marcou na tela. - Sei que você não quer contar, mas ele ia querer saber da sua escolha, Arizona. - Por que sinto que foi o começo de um sermão?

- Não vou contar e nem quero arrumar problemas. - Ela desligou o aparelho e me sequei ao me sentar na maca. 

- É só comunicar ele. - Insistiu. 

- É, mas não vai rolar. - Suspirei descendo da maca e pego minha calça na poltrona para colocar. - Quanto  mais rápido tiro isso, melhor vou ficar.

- Tem certeza que quer tirar? Pode ser que você consiga reverter isso. - Sentou em sua mesa para fazer algumas anotações.

- Não queria perder tempo com isso. - Terminei de colocar minha roupa e me sentei em uma das cadeira de frente para sua mesa. - Já tenho dois filhos que já dão um trabalhinho, não preciso de mais.

- Tá, mas vou te dar três meses. - Suspirei revirando os olhos. Teimosa demais essa mulher. - Até lá, você vai cuidar da alimentação e não pode beber. Pelo amor de Deus. 

- Por que tenho que esperar tanto tempo? - Perguntei indignada, queria acabar logo com isso. - Sem caipirinha? - Tá maluca. 

- Só por precaução. - Concordo me levantando e pego minha bolsa. 

- Tá bom, sabichona. Vou cuidar de tudo. - Ela abriu um sorriso.

- Tenha um bom dia, teimosa. - Disse me provocando.

- Eu sou a teimosa né. - Digo saindo do consultório. Preferia ter ficado na maca. Dou de cara com a Michel Jackson. Suspeito, não?

-  O que faz aqui? - Perguntou meio brusco. Olho para o lado e vejo Gabriel com um copo descartável.

- Arisco assim? Não respondo. - Cruzei os braços o encarando. - Eu perguntaria o que está fazendo aqui, mas claramente não é para um exame de rotina. - Olhei para a Rafa Jackson de rabo de olho. 

- Isso não é nada. - Disse nervoso.

- Não, claro que não. Só me usou para trair a sua mulher grávida no Natal. - Digo apenas para ele escutar e me viro para sair. Vou para a recepção mesmo escutando o mesmo me seguir.

-  Eu não traí ela e você me usou mais do que eu te usei. - Confessa em parte. Sabia. - E o que você faz aqui se disse que não estava grávida? 

- Ué, só posso ir no médico quando estou grávida? - O encarei. - Já tenho dois, não estou a fim do terceiro, só para deixar claro. 

- Aham. - Continuou me seguindo para a saída.

 - Pode parando, não quero sair em site de fofoca do seu lado. - Me virei para faze-lo parar com a mão no seu peitoral.

- Seria tão ruim? - Dei um sorrisinho de malandro.

- Seria péssimo, na verdade. - Confirmo e seu sorriso morre. - Ah, começa a encapar sua minhoca, se não vai começar a brotar mulher.

GABRIEL

- Quem é ela? - Rafaella perguntou olhando a rua por cima do meu ombro. 

- Só uma amiga que revi no leilão. - Digo me virando para ela. - Vamos para a consulta. - A puxei pela mão para o consultório. 

- Está com ela por acaso? - Perguntou mansa. Desde que descobriu a gravidez, Rafaella está mais calma, do jeito dela. Sei que ela está com medo ou algo na cabeça, sempre está refletindo mil vezes mais que o normal dela.

- Não estou e mesmo que tivesse, não interessa a você. - Não a odeio, mas também não suporto tanto assim. 

- Rafaella? - A médica chama.

- Aqui. - Ela pega sua bolsa e entramos no consultório. Entramos no consultório e a Rafaella foi logo trocar de roupa.  

- Você atendeu a Arizona, não é? - Perguntei receoso. Eu não tinha creditado totalmente que ela não estaria grávida, eu queria ter certeza. 

- Atendi sim, mas não posso falar nada mais sobre isso. - Provavelmente essa médica é amiga do Arizona, mas não importa, eu irei descobrir a verdade.

- Não pode nem falar se ela tá grávida ou não? - Perguntei como se fosse uma informação simples.

- É exatamente disso que eu não posso falar. - Ih, toda na defensiva ela. Já entendi, com a médica eu não vou descobrir nada. Rafaella sai do banheiro e senta na maca. - Bom, Rafaella, você vai sentir leve gelado, mas logo se acostuma. - Disse pondo gel na barriga dela.

- Vai ser rápido, doutora? Tenho compromissos importantes. - Disse  como se fosse mais importante do que isso.

- Isso também é importante, Rafaella. - Juro que vou ficar puto, mas não agora. Agora posso ver meu filho na barriga dela.

CONTINUA...?




VÁRIOS ENCONTROS - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora