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Hailey Rhode — Florença, Itália

Levei pouquíssimos minutos, depois que Justin Bieber saiu do quarto, para arrumar todas as minhas roupas em no pequeno armário disponível para mim. Aproveitei do fato de não trazer muitas coisas, quase nada na verdade, apenas o suficiente para eu passar uns dias e caso precise de mais, eu consiga ter espaço para comprar e guardar também.

O problema é que ele saiu faz duas horas e eu estou sozinha até agora. Fiz tudo que tinha que fazer em meia hora, o resto do tempo, passei deitada e revisando tudo que eu deveria fazer aqui, isso levou minhas outras meia hora. Até mesmo eu me surpreendi com minha agilidade.

E quando cansei de esperar e revisar, só me restou optar por um jantar sozinha. Porquê como dizem os jovens contemporâneos do twitter, não tem nada melhor do que uma pessoa que sabe aproveitar a própria companhia.

Tomei o banho mais gelado do mundo, porquê só depois de alguns minutos eu descobri que para minha água esquentar eu teria que ligar o chuveiro minutos antes de entrar nele. E como todo ser humano normal, meu banho de água gelada foi rápido.

Ao sair, me vesti do jeito mais Emilly em Paris possível. Um vestido florido escuro, quase preto mas não preto. Um Blazer preto por cima e um chapéu discreto, vermelho. Provavelmente eu estava exagerada para um jantar sozinha, mas não é como se eu não quisesse chamar a atenção.

Os corredores da pousada estavam cheios, talvez os hóspedes que estavam ocupando os outros quartos tivessem decidido sair ao mesmo tempo. E levando em conta que está na hora do jantar, isso tem uma boa explicação.

Quando consigo passar por todos, atravessar todas as paredes humanas que turistas de vários lugares fizeram pela pousada, eu caí nas ruas incrivelmente iluminadas de Florença.

E me lembrei imediatamente das histórias da mamãe. As ruas iluminadas com luzes brilhantes, os restaurantes abertos, cheios e cheirando a uma comida caseira que traz um tom familiar até mesmo pra quem é de fora. Os carros andando na rua freneticamente, como se aqui não tivessem regras de trânsito e mesmo assim formando um espetáculo lindo.

— Togliti di mezzo! — Uma mulher parece gritar comigo quando paro por muito tempo na frente de um estabelecimento.

Olho para trás e percebo que estou bloqueando um pouco o caminho da entrada de uma pizzaria. Não consegui ler o nome, nem mesmo tentei pronunciar, mas o cheiro estava tão bom que isso me fez entrar.

Dou alguns passos a caminho do cheiro magnético e encontro um ambiente propriamente tirado de um filme. Mesas cheias, falatório e o cheiro perfeito das pizzas sendo feitas.

Como o esperado, algumas pessoas olharam para mim quando cheguei. Mas logo voltaram as suas conversas sem me dar muita atenção. Eu caminhei para os bancos que ficam no balcão, no final do salão. Segui o conselho do vídeo que vi no YouTube sobre sentar no balcão quando viajamos sozinhas, porquê faz a solidão não ser tão solitária.

De um lado, fico sentada e apoio minha bolsa no balcão. Do outro, um homem de mais ou menos 40 anos está preparado uma massa de pizza e me lançando um sorriso simpático.

— Cosa vuoi qui? — Merda, merda, merda.

Não pensei nas coisas lógicas, como falar o italiano. Esqueci meu dicionário no quarto e tenho certeza que se eu pedisse para ele repetir isso para o meu celular, provavelmente seria xingada em uma língua que nem mesmo conheço.

Nessas horas sinto falta de um guia.

— Cosa vuoi qui? — O homem repete ao ver que meu silêncio continua.

— Você fala inglês? — Ele revira os olhos e bufa.

— Cosa vuoi qui? — Ele repete e pela terceira vez, penso em desistir.

— Boa noite. Preciso fazer meu pedido aqui? — Um homem diz ao meu lado e me vira para ele espantada.

— Cosa vuoi qui? — O italiano se vira para ele e o homem me olho como se eu fosse uma salvação.

— Você entende ele? — O homem pergunta.

— Nenhuma palavra. Estou tão perdida quanto você.

— Ótimo, vou passar a noite com fome. — Ele dá uma risada nasalada e nega com a cabeça, se sentando no banco ao meu lado.

O homem italiano continua nos olhando atrás de uma resposta e isso me deixa apreensiva.

— Você é a Hailey, não? — O homem ao meu lado puxa assunto, ao perceber que não tiro o olho do pizzaiolo.

— Sim, como você sabe? — Ele sorri e mostra um colete azul como se essa fosse a resposta.

— Seu colete azul te contou? — Ele gargalhou.

— Sou guia, tô fazendo essa excursão que tá ocupando a pousada. Andrea me falou de você em uma conversa nossa.

— Um guia que não fala a língua nativa do país? — Ergo minhas sobrancelhas desconfiada, mas ele leva na brincadeira.

— Ah, isso é o de menos. Faço essas excursões com americanos, eu não preciso saber falar nada além de bom dia, boa tarde, boa noite, tchau e obrigado. É o que eles sempre perguntam.

— Como americana, deveria estar ofendida, mas é verdade. — Ele ri.

— Prazer Hailey, sou o Connor. — Ele estende a mão e eu o cumprimento na mesma hora.

— Cosa vuoi qui? — Uma mulher para na nossa frente, no lugar onde antes estava o homem e faz a mesma pergunta de antes, porém muito mais irritada.

— Senhora, eu não te entendo! — Tento explicar falando devagar.

— Ragazza stupida! — Tenho certeza que isso foi um xingamento.

— Senhora, nós simplesmente não entendemos nada! — Connor diz ao meu lado e para ele, ela apenas revira os olhos.

— Per Dio, senhorita Baldwin, conseguiu um guia turístico tão ruim quando você no italiano? — Me vira para a voz atrás de mim e Bieber está parado, com as mãos no bolso do short cinza e um moletom da mesma cor.

O calor desse lugar é tão grande, que acabei esquecendo do frio chuvoso que está fazendo do lado de fora.

— E-ele não é meu guia. — Explico apenas isso.

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