Hailey Rhode — Florença, Itália
Foram 14 horas de viagem, com uma parada de apenas uma hora e mais 13 horas de voo par chegar aqui. Na cidade das histórias da minha mãe.
Eu deveria estar cansada depois de tantas horas, com certeza deveria. Minha coluna até está doendo um pouco, pelas tantas horas em que passei dormindo na posição mais desconfortáve do mundo em uma poltrona de avião. Mas, independente de todos os fatores, Florença já começou a me encantar logo assim que pousamos no aeroporto e espantou todo meu cansaço logo em seguida.
Por dentro, o aeroporto é como qualquer outro, isso quer dizer que poderia facilmente ser um shopping se não tivessem aviões decolando e pousando a todo momento. Já do lado de fora, a paisagem me coloca dentro de um romance passado nos anos 90, onde o casal se conhece pelas ruas da Itália, tem um jantar aos arredores do Jardim de Boboli e passe uma tarde conhecendo todos os pontos turísticos que ficam na praça da catedral.
Florença exala amor, cultura e alegria. Passa essa imagem mesmo que minha vista seja apenas das janelas enormes que iluminam o aeroporto com a luz natural do sol brilhante.
O lado de fora é melhor, mas não tenho muito tempo de ver toda a paisagem. Entro no primeiro táxi que consigo arranjar na frente do aeroporto, porquê tudo que meu corpo pede é uma cama.
— Dove stiamo andando? — O taxista tem um sotaque puxado, não entendo nada do que ele fala, mesmo estando com o dicionário nas minhas mãos.
— Não falo italiano. — Murmuro um pouco decepcionada comigo mesma. Passei dias estudando essa língua para saber falar o básico e nem mesmo isso sei.
Ele dá uma risada nasalada e liga o carro, sem refazer a mesma pergunta por alguns minutos enquanto saímos da frente do aeroporto.
— Desculpe, achei que era moradora daqui. Perguntei para onde estamos indo. — O sotaque quase não me permite entender seu inglês. Quase.
— Ah, claro! Como eu sou idiota. — Abro minha bolsa de mão pequena, mas mesmo assim bagunça. Tenho que revirar três vezes para achar o papel onde está escrito o endereço de onde vamos.
Passo para frente, porquê qualquer tentativa minha de pronuncia só causaria uma barreira linguística gigantesca.
— Locanda Bianchi? — Ele pergunta lendo o papel enquanto dirige pelas ruas incrivelmente vazias.
— Posso não saber italiano, mas imagino ter escrito da maneira certa.
— Com certeza. Sei bem onde é, vamos levar apenas alguns minutos para chegar. — O agradeci por isso e agradeci mentalmente por isso também.
Passei o caminho praticamente inteiro com o nariz grudado na janela, simplesmente porquê Florença é um lugar lindo demais para perder qualquer coisa.
De cara, me sinto em um filme italiano. As ruas são cheias de lojas de roupas e pequenas cafeterias lindas. Vários restaurantes, a sua maioria fechados e provavelmente isso se dá por conta do horário. Li que a maioria dos restaurantes italianos são feitos para a noite na cidade.
Enquanto o táxi avança pelas ruas, o sol nos acompanha fielmente. Menos quando ele sobe uma ladeira íngreme, que faz o sol sumir e algumas nuvens cinzas acompanharem o carro.
Nessa ladeira, crianças estão brincando de bola e boneca, algumas mulheres estão conversando no portão do jeito mais casual possível. É claramente uma rua de família, nada turística, mas perfeita para se passar algumas semanas de férias sem sentir tanta saudade de casa.
Assim que o táxi para, fico surpresa com a estrutura da pousada no meio de uma rua familiar. Um prédio de três andares, com uma entrada levemente chique, definitivamente não era o que eu esperava.
— Por acaso deu chuva para hoje? — Pergunto ao taxista enquanto o espero me dizer o valor final da corrida.
— Que eu tenha visto, não. Mas sabe como é o ditado, as pessoas dizem que o tempo da Itália acompanha o humor das pessoas no ambiente. — Ele cantarola a frase mais sem sentido que já ouvi.
— O que isso quer dizer?
— É um ditado que os italianos inventaram a bastante tempo. Se alguém, no lugar que você está, parece bravo ou triste isso é uma certeza de chuva. Caso todos estejam felizes, vai ser o dia mais ensolarado de todos. — Ele explica brevemente.
— Ah claro, parece doido. — Dou apenas uma risada baixa que entrega minha incredulidade, mas o taxista não diz mais nada.
Ele me ajuda a tirar minha única mala do porta-malas e eu pago o valor que ele estipulou quando já estou pronta para entrar na pousada. Ele se despede com uma palavra que eu claramente não entendo e eu dou apenas um tchauzinho cordial.
Antes de entrar, olho mais uma vez o céu. As nuvens cinzas de antes deixaram o céu preto e eu até vi um raio rasgando a imagem.
Por medo de pegar uma chuva, entrei correndo e arrastando minha mala de um jeito que fizesse barulho, não que isso fosse atrapalhar o que estava acontecendo na recepção.
O lugar estava vazio se não fosse por mim e por mais duas pessoas. A dona, que eu só sei que é a dona por conta da foto dela que estampa o site da pousada e um homem loiro, com um sobretudo preto que parecia quente demais para os bairros que passei antes de chegar aqui.
O homem parecido claramente exaltado, irritado e muito puto. Ele gesticula os braços como se as palavras não pudesse expressar toda a sua raiva e seu italiano sai perfeito, parecendo um personagem tirado de 'O poderoso chefão'.
— Ho prenotato settimane fa, voglio la mia fottuta stanza! — Ele declara com toda sua irritação e a feição da dona só faz fechar mais ainda.
Ela está a ponto de responder, quando seu olhar cai sobre mim e minha mala. Não sei exatamente se ela já me identifico de cara, mas pelo menos a expressão fechada se abre um pouco e até percebo que um breve sorriso aparece em seu rosto.
O que faz o homem olhar para mim. E... Uau.
O cabelo loiro, num tom queimado parecido com o meu é o que me chama a atenção de cara, porquê Deus sabe o quanto gosto de caras com o cabelo raspado. Logo em seguida, os olhos que de longe parecem um castanho bem claro e a boca desenhada perfeita. Esse homem é quase um Deus Gre... Italiano!
— Sinto que vamos resolver nosso impasse agora, senhor Bieber. — A dona nem se dá ao trabalho de olhar para ele antes de falar.
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Amore Estivo
FanficHailey Baldwin é uma jovem que viaja para Florença com uma missão de amor carimbada em seu passaporte. Já Justin Bieber, viaja para a cidade com a palavra amor sendo proibida de chegar aos seus ouvidos. Porém, por um acaso do destino seus caminhos s...