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Justin Bieber - Florença, Itália

Acordei num certo dilema. Parte de mim, queria ligar para Madeline e apenas contar o que fiz na noite passada, como peguei aquela garota e quis fazer mais do que o mínimo com ela, já a outra parte de mim só pensou na manhã inteira como seriam as coisas caso a Hailey não tivesse parado tudo por causa de Andrea.

Talvez nós tivéssemos transado e eu tivéssemos me arrependido assim que acordasse, é sempre uma possibilidade. Mas e se eu não me arrependesse? E se além de não me arrepender, eu gostasse? E se mais que isso, além de não me arrepender e gostar, eu não desse a mínima para o que Madeline pudesse achar disso? E se as coisas tivessem terminado de um jeito diferente?

Antes que as perguntas me deixassem louco enquanto eu estava sentado tomando café sozinho, decidi pesquisar sobre o ponto onde levaria Hailey hoje, para passar um dia sem investigações e coisas doidas, apenas que nós pudéssemos passar o dia juntos e tentando agir normalmente. Se é que existe um normal entre nós.

- Quero a história. - É claro que Hailey pede assim que pisamos na catedral.

- Infelizmente, hoje não temos história. É uma catedral, é linda, é religiosa. É uma obra divina, não tenho como explicar. Apenas Deus pode explicar. - Ela não questiona e isso é estranho.

Tudo bem, eu reclamo sempre sobre como a Hailey fala demais. Fala muito, muito mesmo. Ela não poupa esforços em falar tudo que pensa, quando pensa e por quanto tempo pense aquilo. Mas me acostumei com o jeito dela, me acostumei com o jeito como ela fala sem parar e como isso sempre torna essa parte da viagem, a que eu passo com ela, muito boa.

Então confesso que estou sentindo falta sim. E é uma merda passar o dia com ela enquanto ela fica em silêncio e me encarando como fez no carro, enquanto me olhava e olhava para o meu corpo. É estranho para cacete.

- Tem pessoas subindo. - Hailey me tira dos meus pensamentos e aponta para a escada.

- O topo da catedral é aberto ao público também. Dizem que dá para ver toda a cidade de lá e parece incrível. - Explico e ela parece pensar sobre alguma coisa, resolvo não atrapalhar.

Continuamos caminhando pela catedral, vendo todas as pinturas na parede, os vitrais e as esculturas expostas dentro da igreja, que faziam com que o ambiente em si nem parecesse de fato uma igreja.

- Você não acha isso... - Me viro para o lado e percebo que Hailey parou a alguns passos de mim. - O que está fazendo parada ai?

- Acho que... - Ela para de abaixa o olhar.

- Quer subir. - Completo a frase dela, como se já tivesse passado pela minha mente.

- Sou tão previsível? - Ela pergunta sorrindo enquanto caminho de volta para ela.

- Bom, é algo que minha irmã diria e como eu disse ont... - Paro de falar ao perceber que estou começando a entrar em uma zona de risco.

Ela não falou nada sobre ontem, desde que saímos do quarto juntos ela não falou nada sobre ontem. Ela parece fingir que não aconteceu e provavelmente vai continuar assim, então não sou eu quem vou puxar esse assunto.

- O que você ia dizer? - Ela pergunta ao perceber que meu silêncio durou muito.

- Vamos subir? - Ela abre a boca para falar algo, mas acaba apenas concordando em silêncio.

Damos meia volta e vamos em direção a escada. Entramos na fila cheia de pessoas e coloco minhas mãos no bolso para evitar que toquem o lugar errado, na hora errada e tirem tudo do lugar.

A fila foi avançando aos poucos, todo mundo foi chegando perto da escada e quando estávamos na nossa vez, todo o processo foi rápido. Recebemos rápidas instruções, em inglês, do que fazer e não fazer quando chegássemos ao topo. Fora que recebemos a notícia de que seriam mais de 400 degraus até chegarmos onde queríamos.

Mas tudo passaria rápido, pelo menos eu espero que passe.

- Não acredito que está me fazendo subir mais de 400 degraus quando poderíamos ir de elevador. - Hailey resmunga enquanto sobe na minha frente.

- Eu quero ter a experiência total de como é estar aqui. - Defendo o mesmo argumento que apresentei quando nos foi dada a opção de subir pelo elevador.

- A experiência é no topo, não na escada! - Ela volta a reclamar, mas não para de subir para não atrasar as pessoas que sobem atrás de nós.

- Claro que não! Como acha que as pessoas que construíram isso subiam? - Ela vira o rosto e me fuzila com um olhar furioso.

- Eu não ligo Justin! As pessoas que construíram isso aqui estão mortas, enterradas debaixo da terra e dançando alguma música da Madonna com Jesus. - A afirmação de Hailey atraí os olhares reprovadores do idosos que sobem na frente dela.

- Como pode ser tão insensível com as pessoas que construíram isso aqui? - Pergunto e ela não me responde. - E por quê Madonna?

- Por que não Madonna? - A resposta dela encerra nossa curta discussão enquanto subimos a escada.

E quando chegamos ao topo, a vista que realmente queríamos, sei que ela entende como valeu a pena. Quando o vento bate e leva um pouco do suor que escorreu pelo meu rosto depois de 400 degraus, quando consigo ver melhor a vista de toda essa cidade maravilhosa. Sei que tudo valeu a pena.

Meu olhar se volta para Hailey e para como o vento mexe em seu cabelo, balança seu vestido preto, bem sensual e curto, assim como fazia o mesmo com o blazer preto, maior que o vestido e que ela. A junção de tudo me lembrou a noite passada.

A porra da noite passada.

Olho ao redor e respiro fundo, aproveito que esse é um momento onde as pessoas aqui fazem silêncio e tento por minha cabeça no lugar. Porquê depois da noite passada, tudo que preciso é colocar minha cabeça no lugar.

Primeiro, porquê no fundo do meu peito eu sei que não me arrependo do que fiz. Sei que faria outra vez, faria várias vezes e não sentiria remorso. Segundo, porquê eu enrolei tanto mesmo já sabendo que não quero contar para Madeline o que aconteceu. Terceiro, porquê eu...

- Preciso te confessar uma coisa. - Sussurro chamando a atenção de Hailey, que me olha bem alarmada. - Eu menti para você.

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