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Marília jamais imaginou reencontrar Maraísa daquela forma, no seu local de trabalho, tão próxima da filha. Falar era difícil, então ela permaneceu em silêncio e cruzou os braços enquanto via Maraísa se recuperando.

– Marília... – insistiu e tentou levantar, mas acabou se sentindo tonta e voltou a sentar rapidamente com as mãos na cabeça.

Como ela tinha ido parar ali? Como ela não percebeu que era Marília? Não tinha como, o nome da mãe da menina era Débora.

"Débora..." – Maraísa lembrou imediatamente.

Era a concorrente. Ela tinha dito que era mãe da menina. Como assim?

– Espera aí. – Marília disse autoritária e correu até a cozinha. Logo a loira voltou com um copo de água.

Maraísa estendeu a mão para pegar o copo, mas a fotógrafa o colocou na mesa, sem olhar para ela, sem tocá-la.

– Obrigada... – Maraísa disse baixo e bebeu a água.

Marília estava de costas e Maraísa não deixou de notar o quanto ela continuava linda.

A mesma pele branquinha como neve, os cabelos estavam mais longos, mas ainda seguia loiro. As roupas eram mais modernas, tons neutros, mas ainda era a mesma Marília. A sua Marília.

– Faz tempo que voltaram? – Maraísa perguntou trazendo a atenção da fotógrafa para si.

– Como é que você veio parar aqui? – o coração da morena gelou com o olhar de Marília pra ela.

– A...a escola... – Maraísa desviou o olhar, respirou fundo e voltou a falar. – A escola me ligou, disse para vir fazer a reunião com a mãe da criança e apresentar o plano de aula. Eu...eu sou professora particular. – ela olhou para a fotógrafa quando terminou.

Maraísa teve medo, queria correr dali e ir pra casa. Mas não iria fugir, não dessa vez, mesmo não estando preparada para aquele momento, ela ficaria.

– E ainda assim você tem a cara de pau de vir aqui? – Marília disse entre dentes, sua fúria lentamente ia saindo.

– O nome da mãe da menina era Débora, estava sem sobrenome, sem nome da criança, só o nome da mãe e um endereço. – Maraísa tremia internamente, olhou para o copo vazio, precisava de mais água.

– Pode ir embora. – Marília voltou a se controlar e apontou para a porta.

– A Débora é a mãe dela? – Maraísa teve que perguntar, estava com aquilo atravessado, precisava saber.

– Eu disse para ir embora... – a fotógrafa foi fria.

– Por favor, Marília... Eu vou embora, mas me responde isso. É importante pra mim.

– Importante pra você? – soltou um sorriso irônico. – Importante por que, posso saber? Não era importante há seis anos atrás?

– Era tão importante, quanto é agora. Eu posso explicar pra você...

– Eu não quero ouvir, não quero saber das suas explicações. Você teve seis anos pra isso, agora é tarde. – Marília apontou mais uma vez para a porta. – Sai da minha casa...

– Não precisa ouvir nada agora, mas eu só saio daqui depois que você responder a minha pergunta. – Maraísa não se mexeu, juntou toda a coragem que tinha dentro de si, segurou as lágrimas e enfrentou Marília.

– Olha pra mim, Maraísa. – era a primeira vez que Marília se aproximava dela depois da morena acordar.

A loira andava em passos lentos e a raiva transparecia em seu rosto. Maraísa não sabe como conseguiu olhar para ela naquele momento.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora