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O choro era copioso. Maraísa soltou um braço que envolvia Liz e passou em volta de Marília. Chorava pelo que tinha feito, chorava pelo que tinha causado de novo à sua família e chorava de raiva por ter sido fraca. Ela tinha lutado tanto, brigado tanto, e por um segundo, tudo se perdeu.

Marília chorava de alívio e mais nada. Não importava o que tinha acontecido, não importava o que Maraísa tinha feito, a morena estava bem ao seu lado, e agora ela poderia contornar a situação e colocar tudo de volta no lugar, como estava antes.

- Eu preciso engessar o braço da menina. - a enfermeira que seguiu Marília falou tentando se aproximar.

Rosi tomou a frente e sorriu.

- Você pode fazer isso depois. - a médica disse.

- Eu tenho mais o que fazer do que ficar correndo atrás de maluco. - a mulher rebateu tentando passar pela médica para chegar na cama.

- Tem, pode começar com um curso de boas maneiras, depois faz um de empatia, e por último e não menos importante, a única coisa que você tem que fazer é cuidar dos pacientes. - Rosi falou séria. - Agora você se retire e volte daqui a quinze minutos.

A médica apontou para a porta e saiu acompanhando a enfermeira. Do lado de fora, os amigos e família ainda esperavam, sem ter coragem de entrar no quarto.

- Como elas estão? - Cecília perguntou ficando em pé.

- A Maraísa tá caindo na real das consequências desse ato agora, não consegui falar com a Marília, só vi que a Liz está bem assustada. - Rosi respondeu. - Melhor dar um tempo para elas.

- Ok. A gente vai indo né, Wendell!? Amanhã nós ligamos pra ver como elas estão e mais pra frente a gente visita. - Rafaella disse diretamente ao marido, que concordou e despediu-se de todos.

- Eu vou indo também, vou contar pra mãe e seja o que Deus quiser. - Maiara falou logo em seguida.

- Eu te acompanho, quero dar mais uma conversada com o médico, vê se vão liberar elas hoje mesmo. - André emendou e acompanhou a irmã para a saída do hospital.

- Café? - Cecília olhou para Débora e sorriu.

- Eu pego... E já vou arrumar um advogado pra Maraísa também. - a morena respondeu e deu um selinho na modelo antes de sair, deixando ela sozinha com Rosi.

- Você vai mandar internar ela? - Cecília indagou para Rosi em um tom mais sério.

- Não. Pelo pouco que falei com ela, vi lucidez. - a médica sentou ao lado da modelo e comentou. - Mas tenho medo de como ela vai lidar com as consequências. A Maraísa tende a se culpar.

- E a Marília a carregar o mundo nas costas. - Cecília sorriu. - Elas se completam.

Rosi sorriu concordando. Era uma boa forma de resumir e definir suas pacientes.

[...]

O choro foi passando aos poucos, mas os braços não afrouxavam o abraço.

Marília foi a primeira a abrir os olhos e encarar a morena. Ela passou a mão no rosto da esposa e ficou esperando encontrar o olhar da outra.

- Me perdoa. - Maraísa sussurrou sem ter coragem de olhar para a esposa.

- Olha pra mim. - Marília disse ainda acariciando o rosto da outra.

- Não chora, mama, não vou deixar te levar embora. - Liz levantou a cabeça e também levou a mão ao rosto da morena, que sorriu e voltou a chorar, abraçando mais as duas.

- Desculpa. - Maraísa sussurrou novamente.

- Amor, olha pra mim. - a fotógrafa falou firme.

Maraísa abriu os olhos e encarou a mulher. As lágrimas ainda desciam pelo rosto dela, enquanto Marília lutava para secá-las

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora