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– Como é que é? – a voz da fotógrafa ecoou nas costas de David.

Tanto o homem, quanto Maraísa se assustaram e olharam em direção a loira.

– Quem você pensa que é para falar desse jeito com a minha mulher?

– Calma, amor... – Maraísa foi até Marília.

A morena mesmo estava tão transtornada que não sabia como conseguia falar alguma coisa. Jamais imaginou que ouviria uma coisa dessas na vida. Maraísa segurou a mão da esposa com força e em desespero olhou para Cecília e Débora que já tinham notado a tensão na conversa.

– Estou evitando uma nova tragédia. – David colocou as mãos nos bolsos e olhou sério para Marília. – Se você não se lembra, eu me lembro muito bem o tamanho do problema que essa aí causou da última vez que sumiu da sua vida. E tem mais, Marília, você devia pensar mais na sua filha, colocar a menina para morar com uma desequilibrada...

Marília não deixou o pai terminar e avançou na direção do homem tomada pela fúria. A mão da fotógrafa estalou na cara do homem.

Maraísa travou, não conseguiu segurar Marília. As palavras de David atingiram ela como pedras.

– Nunca mais abra a boca para falar da minha mulher, da minha filha ou da minha vida. – Marília falou entredentes e se afastou do pai.

David ficou parado com a mão no rosto, olhava para Marília com uma mistura de raiva e mágoa. Os convidados, é claro, perceberam a situação tensa, apesar de ninguém ter visto realmente o que tinha acontecido. David foi embora sem se despedir de Liz.

– Marília, calma... Lembra que você disse que era o dia da Liz. – Débora falava segurando a fotógrafa pelos ombros.

Marília olhou para Débora a sua frente, tentou sair do seu estado de fúria e  procuro Maraísa com o olhar.

A morena estava sentada em uma mesa próxima com Almira, Maiara e Cecília tentando acalmá-la e lhe dando água. Maraísa permanecia muda e as lágrimas corriam em seu rosto.

A fotógrafa desvencilhou-se das mãos de Débora e foi até Maraísa. Segurou o rosto da morena e lhe beijou os lábios com todo a paixão que sentia.

– Olha pra ela... – Marília apontou até onde a filha estava.

Liz ria enquanto brincava com Ayla e a amiga, alheia a pequena confusão que tinha acontecido ao seu redor.

– Não teria aquele sorriso se você não estivesse aqui. Você entende?

Com as lágrimas cobrindo seu rosto, Maraísa sentia os lábios ainda quentes pelo beijo de Marília, sentia o cheiro da fotógrafa invadindo sua mente. Seus olhos focaram na filha, seu coração se aquecia ao lembrar das palavras ditas antes pela menina. Maraísa sorriu para a fotógrafa e a abraçou com força. Nesse momento todas se afastaram deixando as duas sozinhas.

– Eu estou com medo. – Maraísa sussurrou para a mulher.

– Medo de que, meu amor? Eu estou aqui com você... – Marília respondeu docemente.

– Medo de mim... – a morena disse chorando.

Maraísa não soltava mais a fotógrafa. Ela não sentia o chão, as palavras de David ecoavam em sua mente.

– Sua cabeça dura, quantas vezes eu preciso dizer que você não vai ficar mal de novo?

– Se importa de dizer todo dia? – Maraísa olhou para Marília sem se afastar da mulher.

Seus olhos demonstravam o medo que ela sentia. Olhando diretamente para eles, a fotógrafa também teve medo. Medo de não ser o suficiente para Maraísa e perdê-la novamente.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora