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Maraísa olhava de Marília para Liz. Era impossível segurar as lágrimas naquele momento. Ela não conseguia formular nenhuma frase.

Como elas podiam fazer aquilo com ela? Como poderiam querer ela de volta, colocar suas vidas em risco por ela? Marília não devia saber o que estava fazendo.

Maraísa tinha que ser forte, ela não podia correr o risco de machucar nenhuma das duas.

– Não posso... – as palavras saíram pesadas entre o choro.

Marília precisou segurar suas lágrimas. Liz olhou para ela e voltou a olhar para Maraísa.

– Você disse que amava a gente... – a menina falou no mesmo tom de antes, se aproximou de Maraísa e tirou as mãos do rosto da mulher. – Não ama mais?

A menina não tinha vergonha de mostrar seu choro. Maraísa olhou para a filha e passou a mão no rosto de Liz enxugando as lágrimas.

– Eu amo demais... E é por isso que não posso voltar.

– Não faz sentido. Não sei porque vocês adultos têm mania de complicar as coisas. – Liz disse chorosa, porém ainda com tom bravo.

– Cansei. Enquanto você não deixar de ser cavalo parado, eu não vou mais comer. – Liz voltou a cruzar seus braços e sentou no sofá de frente para Maraísa.

– Mula empacada, Liz... – Marília se aproximou das duas. – Não sei de onde você tirou cavalo parado.

– É que não lembrei que era mula. – Liz falou para Marília. – Enquanto você não deixar de ser mula empacada, eu não vou mais comer. – repetiu para Maraísa.

Maraísa olhou para Marília e viu que a fotógrafa não fez nenhuma menção em repreender a filha por isso.

A menina não podia ir para a escola, mas podia passar fome? Qual era a lógica de Marília?

– Maria Liz Henrique Mendonça, você não pode fazer isso. Você tem que comer e ponto final.

– E como você vai saber se ela está ou não comendo? – Marília perguntou.

– Porque você está com ela e é sua responsabilidade cuidar disso. – Maraísa disse quase perdendo a paciência com a mulher

– Eu vou estar, mas não vou forçá-la a comer se ela não quiser. – a fotógrafa deu de ombros.

– Tá tirando com a minha cara, não é? – Maraísa disse nervosa e se levantou.

Ela estava tão nervosa que até o choro tinha parado. Seu olhar só via Marília e não era um olhar muito amoroso.

Marília passou o braço em volta de Liz cruzou as pernas, manteve a calma e olhou para Maraísa.

– Se você quiser que sua filha coma, volte para casa...

– Chantagem? – Maraísa disse cruzando os braços.

– Você quem escolheu voltar por mal. – Marília deu de ombros novamente encarando para Maraísa.

Se antes ela tinha chorado e temido que a mulher não voltaria, agora ela tinha certeza que sairia dali com Maraísa. Um sorriso de triunfo saiu dos lábios de Marília.

– Mas isso é loucura... – Maraísa abriu os braços e soltou com força. – Mãe, fala para ela, fala que isso é loucura. – se virou para sua mãe em busca de ajuda.

Almira olhou para Maraísa, respirou fundo, e olhou para Liz e Marília sentadas não muito longe dela.

– Acho que você devia fazer greve de sono também. – Almira disse para a neta.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora