– Calma, amor. – Maraísa fez sinal para Marília olhar pra Liz, que vinha timidamente atrás das mães. – Pequena, sobe com a Tinker, por favor.
– Mas a tia Débora tá chorando. – Liz rebateu.
– Conversa de adulto, meu amor. Depois a gente explica pra você. – Marília tinha ficado de joelhos de frente para a filha.
Liz não disse mais nada, apenas chamou a cachorra e subiu para o quarto.
Maraísa e Marília sentaram. A morena impediu mais uma vez que a mulher cobrasse uma explicação, vendo que as duas amigas ainda estavam evidentemente em choque.
No fundo, elas já sabiam o que iriam ouvir, mas precisavam ouvir para encarar os fatos. Talvez assim ficasse mais fácil.
– O médico disse que não houve melhora. – a voz de Cecília saiu arrastada. – E eu vou precisar do transplante pra ter alguma chance.
Débora fechou os olhos, as lágrimas corriam livremente pelo seu rosto. Cecília se encostou no sofá e respirou fundo.
Marília e Maraísa ficaram se olhando por um tempo, procurando as palavras certas para dizer.
– Gente, eu sei que ouvir isso não era o que a gente queria, mas não vamos nos abater... – Maraísa começou, mas foi interrompida.
– Maraísa, a Cecília não tem irmãos, não tem parentes... Você tem noção do quanto dificulta? O médico praticamente disse que nós precisamos de um milagre, devido ao estágio que a doença já se encontra. – Débora esbravejou. – Não tem mais essa de não se abater, a coisa é séria e cada vez fica pior.
– Calma, Débora.... – Cecília tentou falar, mas também foi interrompida.
– Chega de me mandar ter calma. É só o que eu tenho ouvido desde que isso começou. Calma, calma, calma. Não adiantou porra nenhuma, você tá aí para morrer e eu fico aqui de mãos atadas, te vendo definhar na minha frente.
– Débora, amor... – Cecíliainsistiu.
– CHEGA. Aquele babaca praticamente disse que você precisa de um milagre pra viver. Eu escuto isso e você quer que eu fique calma? – Débora virou-se furiosa para Maraísa. – Você não quer que eu me abata? Que porra vocês andaram tomando pra falar isso? Que merda de mundo vocês estão? Ela vai morrer.
Depois de despejar tudo sem controle, Débora saiu da sala resmungando e poderam ouvir a batida da porta.
– Como vocês podem ver, ela aceitou bem. – Cecília forçou um sorriso.
Marília sentou ao lado da modelo abraçou a amiga.
– Ela precisava berrar um pouco. Deixa ela soltar essa raiva. – a fotógrafa falou.
– Isso mesmo. E você, não vai berrar não? Aproveita que nós estamos aqui. – Maraísa sorriu e sentou do outro lado de Cecília.
– Não, acho que vou pegar o espírito natalino e usar para pedir pro papai noel o meu milagre. – Cecília sorriu.
– Como fica a parte do tratamento agora? – Marília perguntou.
– Bom, agora fode de vez. – Cecília esboçou um leve sorriso. – As sessões vão continuar e se eu encontrar um doador, tem que aumentar as sessões de quimio para matar minhas células da medula e poder receber as novas.
– Vamos encontrar... – Maraísa apertou a mão de Cecília. – Eu Já disse, todo mundo lá em casa vai fazer o teste. Vamos espalhar, fazer campanha, mas vamos achar o seu doador. Como é que vou matar seu filho quando ele tentar chegar perto da minha pequena?
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ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀ
FanfictionMarília é uma fotógrafa em ascensão. Maraísa é uma estudante de Inglês, recém separada, tentando se reencontrar. A paixão foi imediata e tudo que começou como uma aventura transformou-se em amor. Porém a vida tão feliz do casal sofreu um revés qua...