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Maraísa olhou pelo retrovisor para a filha, que vinha comendo o chocolate em silêncio. Ao seu lado, Marília olhava contemplativa pela janela sem dizer nada.

– Então, o gato comeu a língua de vocês? – a morena falou com leveza. – Estão muito quietinhas.

– A tagarela aqui não sou eu. – a fotógrafa virou a cabeça para trás e olhou sorrindo para a filha.

– O chocolate é gostoso. – Liz respondeu oferecendo novamente para as mães, que recusaram.

– Pelo menos isso. – Marília sorriu e recebeu um olhar de repreensão da esposa.

– O que você achou, pequena? Gostou da Agatha? – Maraísa olhou pelo retrovisor novamente.

– Acho que sim. – a menina respondeu incerta. – Ela até que foi legal.

– Novinha ela, né? – a fotógrafa falou. – Devíamos ter perguntando se ela tem experiência, quais as referências, até ter falado com a mulher que a Rosi falou.

– Acho que não tem nada disso não. – Liz disse rápido.

A morena respirou fundo e forçou-se a manter a calma.

– Acho que a idade dela não é um problema, ela foi bem segura na hora de conversar com a gente, não falou nenhuma bobagem. – Maraísa olhou de lado para a esposa.

– É, isso é verdade. – Marília virou um pouco o corpo e olhou para a filha. – O que você acha de voltar nela semana que vem?

– Não sei... – Liz respondeu e olhou de relance para a morena.

– Você disse que achou ela legal, por que não voltar então? – Maraísa indagou.

– Sei lá, vai que acabou o chocolate. – a pequena sorriu sapeca para a fotógrafa, que olhava para ela.

– Deixa de ser espertinha, você não vai lá só por causa do chocolate. – Marília disse rindo.

– É, mas o chocolate foi o melhor. – Liz rebateu.

– Chocolate e mais chocolate né, dona moça? Vamos precisar dar uma cortada nisso, se não você vai acabar igual a sua mãe aqui. – a morena colocou a mão na perna da fotógrafa e sorriu. – Chorando pra tirar sangue.

– Eu não chorei, ela que não conseguiu pegar a minha veia e depois me tirou quase o sangue todo. – Marília rebateu na hora, ouvindo as risadas de Liz no banco de trás.

– Dramática... – Maraísa disse rindo.

– Eu não quero tirar sangue não. – a pequena falou. – Depois a mama fica rindo de mim.

– Vou rir mesmo... Porque avisada a sua mãe foi pra comer melhor, pra fazer exercício. Ela me ouviu? Não, então tá aí o resultado, chorando pra tirar uma gotinha de sangue.

– Gotinha de sangue? Onde você estava, meu amor? Quase me deixaram sem sangue no corpo. – a fotógrafa reclamou, só aumentando os risos das outras duas. – Você tinha que ter brigado com elas, isso sim.

– Estava lá do seu lado, segurando a sua mão, chorona. – a morena riu. – Amor, eu não podia brigar, a mulher ainda tinha uma agulha na mão, podia machucar você. – ela disse e piscou para a filha.

Maraísa não retomou o assunto da psicóloga naquele dia. Deixou que a filha e a esposa absorvessem a situação e só quando os humores estivessem mais calmos e estáveis ela voltaria com aquilo.

Aproveitou o cansaço das filhas, que logo após o jantar adormeceram entre as mães, para tratar de outro assunto que certamente causaria problemas futuramente.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora