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A mão de Liz permanecia estendida para Maraísa. As lágrimas que a mulher havia secado, voltaram a correr pelo seu rosto. De todas as reações que ela imaginava da menina, essa seria a última.

Seu olhar procurou o de Marília. Os braços da fotógrafa envolviam Liz em seu colo e seu rosto estava coberto de lágrimas. Os olhares das duas mulheres se encontraram fazendo a morena esboçar um sorriso em meio ao choro.

Maraísa estendeu sua mão e segurou a de Liz. A menina puxou a mãe para perto e Maraísa não se segurou mais, sentou ao lado de Marília, e sem pedir, envolveu a fotógrafa e a filha com seus braços.

Marília sentiu o corpo de Maraísa junto do seu e deitou a cabeça no ombro da mulher, enquanto Liz se esforçou para abraçar as duas ao mesmo tempo.

O tempo congelou naquele momento. Durante anos Maraísa sonhava com o dia que teria a chance de ter Marília e Liz em seus braços novamente. Seus braços agora pareciam pequenos, não conseguiam abraçar as duas próximas de si o suficiente.

As palavras faltavam à fotógrafa. Ela sabia que mais cedo ou mais teria que contar a verdade para a filha, mas não imaginou que Maraísa teria a coragem e assumiria a culpa. Não imaginou que com aquelas palavras da mulher, poderia ser capaz de perdoá-la. O carinho que Liz demonstrou com Maraísa, a aceitação foi de uma forma tão simples e pura. Bastava o amor para ela. Se existia amor, o resto era apenas resto.

Marília abraçava mais a filha contra seu corpo, enquanto sentia os braços de Maraísa fazerem o mesmo com elas. Ninguém falava, não era mais preciso.

A loira estava com os olhos fechados quando sentiu as mãos de Liz em seu rosto secando suas lágrimas.

– Não chora, mommy. – Liz olhou para Maraísa que estava na mesma situação de Marília. – Nem você, mama. Tá tudo bem... – a menina também passou a mão no rosto de Maraísa tentando secar as lágrimas.

Maraísa segurou a mão de Liz, deu um beijo e sorriu para a filha.

– É choro de alegria, meu amor. – passou a mão no rosto de Liz fazendo o contorno do rosto da menina. – Não se preocupa, sua mãe é bobona mesmo, sempre chora à toa.

– Mas eu não gosto de choro. Parece tristeza. – Liz disse voltando a passar a mão no rosto de Marília que não tinha dito nada. – Já sei...

Com um certo trabalho Liz conseguiu sair dos braços das mães, ficou de pé e olhou com um sorriso sapeca para as duas.

– Já volto... – a menina disse e saiu correndo do quarto sem deixar tempo para Marília e a Maraísa falar.

A fotógrafa lentamente sentou-se ereta saindo dos braços de Maraísa.

As duas ficaram um tempo se olhando, até que as lágrimas realmente pararam. Marília respirou fundo e sorriu para Maraísa.

– Não sabia que ela ia reagir assim. – foram as primeiras palavras de Marília depois de tanto silêncio.

– Eu também não. Sempre tive a sensação de que ela iria me odiar.

– Não acho que a Liz seja capaz de odiar alguém.

– Espera ela chegar na adolescência. – Maraísa falou e não conteve o sorriso fazendo Marília sorrir junto.

– Acho bom você concordar comigo quando eu disser que ela não pode sair à noite.

– Sair à noite? Só depois dos dezoito e usando um chip rastreador. – Maraísa sorriu acompanhada de Marília.

– Adorei a ideia...

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora