– Nossa, você quer conversar? Que milagre é esse? – Débora falou irônica. – Resolveu me colocar a par da situação agora? Acho que me sinto honrada.
– Débora, por favor, não precisa disso. Vamos conversar numa boa... – Marília pediu.
A loira se sentou em uma cadeira próxima a sua escrivaninha, onde a assistente se encontrava de pé em posição de ataque.
– Agora você quer conversar numa boa, Marília? Você tá louca, é? Primeiro coloca aquela mulherzinha dentro de casa com a sua filha, me ignora completamente e vem me dizer que quer conversar numa boa? – Débora esbravejou, seu tom de voz subiu e ela começou a andar de um lado para o outro pelo quarto.
– Abaixa o tom de voz... Você sabe que a gente nunca fica bem quando você começa com isso.
– A gente nunca fica bem quando aquela mulherzinha entra na história, Marília. – Débora parou de frente pra fotógrafa. – Você se esqueceu o quanto sofreu por causa dela? Todo aquele problema com a polícia, todas as noites em claro com a Liz e depois todos esses anos sem notícias.
– Não esqueci de nada, Débora... Todos esses anos sem uma notícia? Tem certeza disso? – Marília falou sem levantar o tom de voz e cruzou os braços encarando a assistente
– Ah, mas eu aposto que foi a primeira coisa que ela te disse. – Débora riu e voltou a andar pelo quarto bufando de raiva. – Ela mandou umas cartinhas bobas pra Liz. Coisa melosa, cheia de desculpas e contos da carochinha.
– E com que direito você decidiu esconder isso de mim? – Marília disse se levantando.
Ela realmente não queria brigar com Débora, mas era impossível se manter calma depois de ouvir aquilo.
– Quem você pensa que é para decidir o que a minha filha recebe. Ouviu bem? Minha filha... – levantou um pouco o tom na última frase.
– Eu sou a mãe dela, eu tinha que saber dessas cartas, era minha decisão mostrar pra ela ou não. – apontou o dedo para Débora. – Você é tia dela. Você não tinha nenhum direito de tomar essa decisão.
– E você queria que eu fizesse o que? Você toda chorosa pelos cantos, não tinha um minuto do dia que a gente não chegasse perto e você não tivesse do lado dela. Nem trabalhar direito trabalhava. Que bem isso ia te fazer? Que bem ia fazer para Liz? – Débora tinha o tom elevado. – Eu tive que tomar as rédeas do estúdio para que vocês tivessem o que comer, eu era a única racional naquele apartamento e foi com esse direito que eu não mostrei aquela palhaçada pra ela.
– Mas você é muito pretensiosa... Quer dizer que eu não passei fome por sua causa? Me poupe, Débora. Sai desse mundinho egoísta que você vive e vem pra realidade. – Marília a olhou com raiva. – A Maraísa era a minha mulher, então essa decisão cabia a mim, somente a mim. Você não tinha direito nenhum de esconder essas cartas. Era uma notícia da mãe da minha filha.
– E você queria saber para que, Marília? Embarcar num avião e ir atrás dela? Sofrer mais um pouco? Se machucar mais?
– Outra decisão que cabia a mim e mais ninguém. Você não é minha dona, Débora... Nunca foi.
– Eu fiz de tudo por você e por essa menina. E você só quer saber da Maraísa. Sempre a Maraísa. Até a criança ela já roubou.
– Débora, eu te amo, mas como amiga. Nós tivemos a nossa chance e o nosso tempo passou.
Marília respirou fundo e tentou se aproximar de Débora que ainda andava como um animal enjaulado.
– E eu vou ser eternamente grata por toda ajuda e apoio que você me deu esses anos todos. Mas a Maraísa...
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ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀ
FanfictionMarília é uma fotógrafa em ascensão. Maraísa é uma estudante de Inglês, recém separada, tentando se reencontrar. A paixão foi imediata e tudo que começou como uma aventura transformou-se em amor. Porém a vida tão feliz do casal sofreu um revés qua...