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Rosi encarou a fotógrafa com a mesma paciência de sempre. Maraísa se aproximou um pouco mais da esposa e da filha, e antes que conseguisse falar alguma coisa, a médica respondeu tranquila.

– Estou tentando ajudar vocês. Mais uma vez, Marília, a verdade nem sempre é doce. – Rosi falou diretamente para a fotógrafa, lembrando a frase que ela repetia em quase todas as sessões das duas.

Por mais estranho que pudesse ser, as sessões com Maraísa eram muito mais fáceis. A morena conversava, falava o que incomodava, não importava se era bom ou ruim, ouvia e explodia, mas seguia ali. Já Marília, só falava o banal, fugia na hora de trabalhar o que realmente importava e se explodisse, era o fim da sessão. Mais ou menos o que, infelizmente, estava acontecendo ali.

– Você não tem o direito de falar assim com a minha filha. Chega, até porque nada disso tem a ver com o bebê. – a fotógrafa disse brava e não permitiu que Maraísa interrompesse.

– Nós vamos ficar coladinhas e a Gio vai ficar com a gente, porque tem espaço, amor e atenção para duas aqui. – Marília falou sussurrando para a filha. – Para três...

Maraísa sorriu e fez um carinho na perna da filha. Liz chorou encolhida com Marília, o que só tornou a situação pior. A receptividade da fotógrafa foi a zero e a sessão acabou não sendo tão longa ou esclarecedora quanto Rosi gostaria.

– Não acho que você deveria ter falado com a Liz daquela forma. – Maraísa, que acompanhava a médica, falou quando as duas ficaram sozinhas.

– Talvez eu tenha sido um pouco dura com ela sim, mas alguém tinha...

– Ela tem mães. – a morena encarou a psiquiatra. – Não importa o tamanho da manha, do dengo, da birra, a Liz é minha e da Marília, e só cabe a nós a educação dela.

– Eu sei, Maraísa, e não foi isso que eu quis dizer, peço desculpas se a impressão ficou essa. – Rosi respondeu. – Mas tanto você quanto a Marília, contornam as manhas da Liz em vez de enfrentá-las. Comentamos essa semana que tudo estava bem e ela ainda tem medo de perder a mãe para o bebê.

– Ela é uma criança de seis anos, é lógico que vai sentir medo de perder a coroa de princesa única. – Maraísa sorriu. – Não justifica aquelas palavras, ainda mais com a Marília em uma situação delicada.

– Tudo bem, fui dura demais com as duas. Novamente, peço desculpas. – a médica recuou e sorriu.

Assim que a psiquiatra foi embora, a morena voltou e deitou ao lado da esposa e da filha que não tinham mudado de posição desde quando Marília colocou a pequena em seus braços.

– Não quero mais essa mulher aqui, mama, ela é muito chata. – Liz reclamou para Maraísa, assim que ela deitou e abraçou as duas.

– Eu sei, também acho ela chata algumas vezes. – a morena deu um beijo na cabeça da filha e fez um carinho no rosto de Marília. – Tá bem?

– Sim, só preciso descansar. – a fotógrafa virou o rosto e deu um beijo na mão da morena.

– Descansa, eu fico aqui mantendo vocês duas coladinhas. – Maraísa sorriu, abraçando Marília também.

– Você também, mama... – Liz sorriu sapeca e a morena piscou para ela.

Maraísa permaneceu abraçada com as duas por mais um tempo, até que levantou e foi buscar o lanche da tarde.

As três estavam no jardim, coladinhas, como Liz cansou de mencionar durante o período, quando a noite chegou e só então a morena mandou todo mundo para dentro de casa.

[...]

A semana terminou e recomeçou mais uma. Logo no início, Marília fez a última consulta antes do parto. Chegaram no prazo e o médico marcou a cesariana para a semana seguinte. Com a data marcada, a ansiedade ganhou proporções gigantescas para todos na mansão.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora