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Liz segurava nas mãos de cada uma e entrou olhando para toda a sala. Seus olhos exploravam sem medo, enquanto as mães iam se sentando.

Marília pegou a filha no colo e respirou fundo olhando para Maraísa, que sorriu de volta para as duas. O nervosismo delas era tão visível, que chegava a ser engraçado.

- Deixa eu ver o que tenho aqui. - Rosi entrou em uma sala menor.

Quando voltou, tinha um pacote de bolacha e balas nas mãos. Colocou os pacotes em cima da mesa de centro.

- Não sabia que iria ter visita, então vamos improvisar um pouco. - ela sorriu e sentou-se. - Espero que você goste dessas balas...

- Eu gosto. - Liz respondeu olhando para a médica.

- Pode pegar... - Rosi apontou para o pacote. - E você está vindo da aula de balé?

- Sim... - Liz desceu do colo de Marília para pegar as balas.

A menina voltou para o colo da mãe e como não conseguiu abrir o pacote, entregou para Maraísa.

- E foram as três? - Rosi perguntou se dirigindo para as pacientes.

- Sim, foi a primeira vez que a Marília conseguiu ir ver ela na aula. - Maraísa falou e sorriu. - Estava toda coruja...

- Você também tirou fotos dela no primeiro dia. - Marília riu com Maraísa.

- Certo, então nós vamos fazer assim. - Rosi interrompeu as risadas, pegou duas folhas de papel e entregou para Maraísa e Marília.

- Nessas folhas eu quero que vocês escrevam a lembrança mais marcante que cada uma tem com a Liz. Pode ser individual ou com vocês três juntas. Eu e a Liz vamos até ali na mesa conversar. - a médica apontou para a mesa atrás dela, que ela nunca usava, ou assim parecia.

Liz voltou a sentar no colo de Marília, mas Maraísa disse que tudo bem se ela fosse até lá.

Ainda com receio a menina foi. Apesar da tarefa a ser feita, as duas mães ficaram olhando para a filha e a médica se arrumando na mesa. Ficaram sentadas lado a lado, com as balas e bolachas por perto. A médica colocou na mesa alguns lápis de cor e papel em branco.

- Tá nervosa? - Rosi perguntou num tom mais baixo para Liz.

A menina apenas confirmou com a cabeça, querendo se virar e olhar para as mães.

- Não precisa ficar, só vamos conversar, enquanto suas mães fazem o que eu pedi.

- Por que?

- Porque eu gosto de conversar, de conhecer gente nova, você não?

- Gosto, mas depende... - Liz pegou mais uma bala, e por natureza, começou a desenhar nos papéis em branco.

- Depende de quem é?

- Se a minha mommy deixar. - Liz respondeu. - Eu não devo falar com estranhos, é perigoso, eles podem me fazer mal.

- A mommy é a Marília? - Rosi perguntou apenas para confirmar suas suspeitas e Liz afirmou com a cabeça positivamente - E como você chama a Maraísa?

- Mama... - Liz sorriu. - É mais fácil assim.

- É mesmo... E me conta como era a sua vida com a sua mommy, quando era só vocês duas. - Rosi pegou mais alguns lápis de cor e virou em cima da mesa, deixando que Liz desenhasse livremente.

- A gente morava em Nova York, lá em Manhattan no apartamento. O estúdio da mommy ficava uma quadra antes e a gente ia pra lá todo dia. Eu tinha aula com a senhorita Anne e depois ficava lá no estúdio. Às vezes a mommy deixava eu ajudar ela, daí eu tirava fotos também. E às vezes quando ela ia tirar foto de mulher pelada, a Paula me levava no parque.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora