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– O que? – Marília olhou para as mãos de Maraísa e viu o sangue que tinha assustado a mulher. – Não, Maraísa... Você brigou com a Débora, lembra?

– Meu Deus, ela tá bem? Marília, esse sangue... – Maraísa falava com lágrimas pelo rosto.

– Calma. – Marília segurou as mãos de Maraísa em volta de sua cintura deixando longe dos olhos da mulher. – Olha pra mim, por favor...

A fotógrafa deixou uma mão sua segurando os pulsos de Maraísa e a outra levantou o rosto da mulher para si. Os olhos de Maraísa estavam fechados.

– Olha pra mim, Maraísa...

Com muita vergonha Maraísa abriu os olhos para Marília.

– A Débora está bem... Está tudo bem, ok?! – disse fazendo carinho no rosto de Maraísa.

– E a Liz? – falou com desespero, tentou andar e quase caiu com Marília.

– A Liz ficou lá fora com a Ayla e a Yasmin, ela também está bem.

– Eu tenho que ir...se ela me ver... – Maraísa tentou se soltar de Marília, mas a fotógrafa se prendeu a ela.

– Não, calma. Me escuta. – Marília disse segurando o queixo de Maraísa fazendo seus olhos se encontravam.

Todo o amor que sentia Marília tentou transmitir, não demorou para que Maraísa entendesse e caísse num choro descontrolado. Pela segunda vez naquele dia escondeu seu rosto no ombro de Marília e chorou. Suas mãos agora traziam o corpo da fotógrafa para junto de si. Maraísa sentia os carinhos de Marília.

– Tá tudo bem, Maraísa.. Tudo bem, meu amor. – Marília sussurrou.

Maraísa soluçava nos braços de Marília quando Cecília voltou para a cozinha. Ela não sabia se interrompia ou deixava as duas sozinhas. Era visível que a tal estabilidade de Maraísa estava balançada. Estranho era Marília permanecer tão forte e tão perto, mas não era uma decisão dela. Embora doesse ver a mulher que amava se dedicando tanto a outra.

– Lila... – Cecília falou um pouco receosa.

A fotógrafa olhou discretamente sobre os ombros.

– A Débora foi pra casa da Paula, mas ela tá bem, só alguns machucados. – Cecília sussurrou as últimas palavras e Marília concordou com a cabeça.

– Maraísa, vamos pro quarto, vem. – disse com carinho.

Marília saiu da frente de Maraísa e ficou ao seu lado sem soltar o abraço. A face de Maraísa recebia as lágrimas sem parar, seus olhos já estavam vermelhos e inchados. Lentamente Marília levou Maraísa para o seu quarto.

Não tinha percebido que Cecília seguiu as duas. Discretamente a mulher colocou uma garrafa de água em cima do criado mudo, próxima de onde Marília deitava Maraísa.

– Dá um pouco de água pra ela... – Cecília disse.

– Pega uma roupa para ela vestir, por favor? – Marília pediu a Cecília.

A mulher foi até o closet da fotógrafa buscar a roupa. A fotógrafa tirou o roupão e o biquíni de Maraísa, pegou a camisa de dormir que Cecília trouxe e com a ajuda da modelo vestiu a morena.

Maraísa não tinha mais forças, ela só conseguia chorar. Aos poucos, sua mente foi trazendo as lembranças do que tinha acontecido. Débora no chão, os braços dela tentando se defender, mas ela era fraca perto de Maraísa e perto da fúria que ela despejou na mulher.

Sua mão descia contra o corpo de Débora, os tapas eram estalados. Maraísa sentiu que sua mão doía, mas ela não parava. Foi o rosto de Débora que sangrou, o sangue na sua mão era dela e não de Marília. Por um momento Maraísa agradeceu. Depois lembrou da filha, de Marília e da própria Débora, ela não conseguia parar de chorar.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora