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Maraísa ficou encarando a loira por alguns segundos, processando o que ela havia dito. A caixinha onde organizava os remédios estava nas mãos de Marília e a expressão que a mulher carregava não era nada boa. Para completar a cena, sentiu os olhos da filha caírem em cima dela.

- Não tomei? - Maraísa disse quando conseguiu colocar os pensamentos em ordem.

- Não. - Marília respondeu seca e com uma certa impaciência.

- Eu jurava que tinha tomado. - Maraísa ficou em pé e foi até a fotógrafa, pegou a caixa e conferiu que realmente não havia tomado nada.

- Tem certeza? - a fotógrafa indagou ainda séria.

- O que você tá querendo dizer? - a morena olhou séria para a esposa. - Eu entrei no modo automático com isso, amor... Pensei que tinha tomado e acabei não tomando, não foi de propósito. - Maraísa fez questão de frisar as últimas palavras e sustentar o olhar desafiador de Marília.

- Desculpa... - a fotógrafa recuou. - Não quis dizer isso, só fiquei preocupada.

- Tudo bem, eu deveria ter checado de qualquer forma. - Maraísa também aliviou e sorriu fraco.

- Quer que eu pegue água, mama? - Liz se prontificou vendo o clima ficar mais ameno agora.

- Não, meu anjo, pode ser a água aqui da torneira mesmo. - Maraísa respondeu para a filha com um sorriso.

Pegou a caixinha de remédios e entrou no banheiro, fez uma concha com as mãos para a água e tomou os remédios. Respirou fundo e ficou encarando seu reflexo no espelho. Tinha jurado que tinha tomado eles no café. Havia afirmado para Rosi que estava tomando. Olhou para a caixa e percebeu que só tinha falhado naquele dia ou nem falhado já que Marília tinha visto.

A morena olhou em direção a porta onde a esposa estava parada olhando para ela.
Marília logo se arrependeu do tom que usou quando notou que Maraísa realmente não tinha feito intencionalmente, porém não pode deixar de sentir o incômodo e o aperto no peito com a ação. Mesmo querendo voltar para a cama, não conseguiu se mover até ver a esposa engolir os medicamentos.

As duas se olharam com medo e arrependimento. A fotógrafa sorriu e estendeu a mão para Maraísa. Ela poderia ter falhado, mas não foi de propósito, cabia a Marília ser paciente e entender que aquilo poderia acontecer, afinal de contas ninguém está isento de esquecer de algo que entrou no automático.

- Eu lembro você, ok? - disse quando a morena segurou sua mão.

- Obrigada. - Maraísa concordou com um sorriso.

Voltaram para a cama e para o filme. Liz ficou quieta, deitada com a cabeça no peito de Marília e as pernas no colo de Maraísa. Se distraiu algumas vezes do filme para olhar a morena.

Em uma dessas vezes, Maraísa sentiu o peso do olhar da filha sobre ela e olhou de volta. A morena sorriu e fez um carinho no rosto da menina, que sorriu de volta e mudou de posição, deitando a cabeça no colo de Maraísa e as pernas em Marília.

- Hora de dormir, mocinha. - a fotógrafa disse quando o filme terminou.

- Ah não, mommy, não estou com sono. - Liz fez um beicinho.

- Nem faz essa carinha pra mim, amanhã tem aula e treino de natação, bora dormir que está tarde. - Marília falou firme para a filha. - Hoje é o meu dia de te colocar na cama, vamos.

- Só mais um pouquinho. - a menina fez o gesto com os dedos e olhou implorando para Maraísa.

- Meu Deus, que coisa mais dengosa. - Maraísa riu e apertou a filha nos braços enchendo ela de beijos. - Sua mãe tá certa, amanhã o dia é cheio.

ʙᴏʀɴ ᴛᴏ ᴅɪᴇ • ᴍᴀʟɪʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora