•Confiança•

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Bora pra mais um capítulo gurizada.
Boa leitura!

                     POV SARAH

      Já era tarde quando nós acordamos, ontem depois que eu tive aquele sonho demorei a dormir.
 
      De manhã nem comentei nada com Juliette sobre isso, na verdade, nem nos falamos muito durante o dia. Quando levantamos da cama não trocamos muitas palavras, ela quis tomar banho separada, o que era estranho pois sempre tomávamos banho juntas, as vezes era até sem malícia alguma.

       Durante o café ela ficou em silêncio, no almoço mal tocou na comida, ela estava muito estranha.

        - Vida, por que você ta assim? Ta quietinha, não comeu quase nada hoje, ta me evitando. - falava enquanto passava a mão em seus cabelos, agora estávamos somente deitadas na cama, tínhamos acabado de almoçar e ela disse que estava com sono.

          - Só estou um pouco cansada, e também nessa última semana peguei uma virose, devo estar doente ainda. - ela disse de forma simples, mas dava pra saber que não era só isso.

          - Eu fiz alguma coisa? Ou tem alguma coisa que eu não fiz e você quer que eu faça?

          - Não Sarah, só estou cansada mesmo, e você não fez e não precisa fazer nada. - ela disse de uma forma áspera, e além disso me chamou de Sarah, aí eu percebi que as coisas não estavam mesmo bem, ela sempre é uma pessoa muito paciente e doce.

          - Bom, vou dar um tempo então pra você descansar, te amo muito. - falei saindo da cama e colocando meus tênis, ela não se quer virou para mim, dei uma última olhada para a cama e saí do quarto.

                        POV JULIETTE

         Agora que eu estava sozinha posso fazer uma coisa que estava entalado dentro de mim... Chorar, chorar muito, de raiva, de medo, de ansiedade, nem sabia direito, mas estava chorando.

         Eu estava muito brava de mim mesma, fui covarde, não consegui contar para Sarah que estou grávida. Na hora eu fiquei com medo da sua reação, mas agora me arrependi de não ter contado, era óbvio que ela não ía ficar brava, chateada, me largar, aquela menina deixa sempre claro que me ama e sempre vai estar comigo.

        Mandei uma mensagem para Camila, precisava desabafar e de uns conselhos.

                   Conversa on

- oi amiga, to um pouco mal, queria conversar um pouco.

         Mandei pra ela e em poucos segundos ouvi uma notificação.

- oi Ju e ai, me conta como foi com a Sarah, como ela reagiu? - ela perguntou, dava para perceber de longo seu entusiasmo com as palavras.

- Isso que está me matando, eu não contei nada, não tive coragem na hora. Mas estou muito arrependida de não ter falado.

- Putz amiga, mancada em, mas pretende falar outro dia né? Ela ficaria chateada se você não contasse.

- Pretendo sim falar outro dia, amanhã mesmo depois da aula eu falo, tenho quase certeza que ela não vai ficar brava. Mas é isso só queria desabafar com você.

- Capaz amiga, faz o que você acha certo, o que o coração mandar. Tchau te amo.

                       Conversa off

      Eu estava mesmo decidida, iria falar pra ela sobre a gravidez amanhã.

                        POV SARAH

       Nesse restinho de domingo eu estava no meu quarto assistindo filme com Thais, fazia tempo que nós não tínhamos um momento só nosso, para fofocar, comer besteira e conversarmos uma com a outra.

        - E ai, como vai seu relacionamento com a Bia?

         - Está ótimo, já vamos completar um ano e sete meses essa semana, ela é tão carinhosa, fofa, estou cada dia mais apaixonada. - ela disse com uma carinha de boba apaixonada, dava pra ver o quanto essa menina faz bem para Thais. - e você, como estão as coisas entre você e Juliette?

         - Ah, estamos bem, ela só estava um pouco diferente.

         - Diferente como? Está melhor ou pior? Deve estar cansada, está quase na semana de provas.

          - Ela está um pouco distante, estou sentindo que tem algo de errado e ela não quer me falar, está mais magra, olheiras, parece cansada mesmo.

          - Bom, seja o que for, confia que vai ficar tudo bem. - ela disse e logo ouvimos o celular de Thais tocando.

        Como eu estava mais perto, vendo que quem estava ligando era a mãe dela, eu mesma atendi.

                  Ligação on

- Oi tia, como "cê" Ta? Tudo bem aí? - atendi e logo a voz de outra mulher veio aos meus ouvidos.

- Boa noite, família de Elismar Braz? Aqui quem fala é do hospital Nossa Senhora ( nome de hospital aleatório, sem criatividade).

  Na mesma hora tirei o celular da orelha e olhei para Thais, passei logo o celular pra ela, que colocou no vivo a voz.

- Oi aqui é Thais Braz, a filha dela, aconteceu alguma coisa com a minha mãe? - ela disse nervosa, já dava pra ver a preocupação em seu rosto.

- Bom Thais, aconteceu sim, ela e mais um homem que foi identificado como Marcos Braz (não sei o nome do pai dela), deram entrada aqui no hospital agora a pouco, achamos o celular da sua mãe no local do acidente, e ligamos para esse número.

- Meu Deus, o que aconteceu com eles? Esses são meus pais, eles estão bem? Eles morreram? Meu Deus. - ela falou tudo rápido e lágrimas já escorriam de seus olhos.

- Olha, eles sofreram um acidente de carro, os dois estão em observação na UTI, mas não podemos dar muitas informações a um jovem e por celular.

- Ta bom, estou indo pro hospital agora, obrigado.

                 Ligação off

     Quando Thais desligou o celular logo se jogou em meus braços chorando muito, nunca havia visto minha amiga assim. Por mais que ela nunca tenha tido uma relação boa com os pais, eu sei que ela os amavam.

       Fiquei um tempo ali com Thais abraçada em mim até que ela se recuperasse, logo fomos ao andar de baixo onde meus pais estavam conversando no sofá, explicamos toda a situação pra eles, que nos levaram até o hospital que os pais de Thais estavam.

        Quando chegamos lá fomos atendidos pela mesma moça que nos ligou mais cedo, ela se chamava Priscila (outro nome aleatório), uma moça alta, loira, com os olhos castanhos, parecia bem simpática.

      Ela logo falou que ia ver como os dois estavam e já voltaria.

       Passaram-se uma hora e meia pra ela voltar, e pela sua expressão não eram boas notícias.

       - Bom, o paciente Marcos Braz chegou aqui muito debilitado, ela estava tendo uma emoragia interna, parece que uma barra de metal estava cravada na região da barriga. E a paciente Elismar Braz chegou aqui ainda consciente, mas no meio de uma cirurgia de emergência ela teve duas paradas cardíacas. Sinto muito, mas nenhum dos dois conseguiram sobreviver.

       Não conseguiram sobreviver... Aquilo era um fim, minha melhor amiga não merecia passar por isso. Logo eu ouvi Thais caindo ao meu lado, ela estava ajoelhada no chão, ela chorava muito.

       Me ajoelhei perto dela e lhe abracei, sabia que ela precisava de conforto, era um momento difícil.

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Mais um capítulo aí, tadinha da Thais gente, estou com dó dela. Mas é isso.

Beijos e abraços :)

     

          
        

    

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