Renascer já estando viva, foi isso que aconteceu com Isis. Ela sentiu voltar a respirar naquela madrugada, foi como se seus pulmões tivessem sido libertos.
São Paulo, a capital mais movimentada do Brasil estava caótica no animado mês do carnaval, mas a verdade era que estava assim em todos os meses. O ano havia começado e estava quente, mas apesar do calor lá fora, frio era presente pelos corredores de uma das maiores maternidades da cidade, os quartos estavam quase todos lotados e a recepção cheia de familiares querendo conhecer os bebês que estavam chegando ao mundo.
Por entre a correria de trazer bebês ao mundo e cuidar das novas mamães, se encontrava a enfermeira obstetra Isis, ela era uma das enfermeiras mais dedicadas que a pediatria possuía, para a alegria de todos ao seu redor. Isis era conhecida por seu jeito carinhoso e paciente mesmo em plantões pesados e longos, algumas pessoas perguntavam qual era receita do seu bom humor, e ela sempre repetia: Nasci assim. Era a verdade, aquele sempre foi seu jeito, não importava a dificuldade ou a tristeza que estivesse passando.
Isis havia se formado a pouco anos, e vivia uma vida simples e confortável na grande São Paulo. Ela era uma moça sorridente, estudiosa, durona e nunca admitia suas dores. Casou muito cedo com Charles Seifer, um rapaz de boa família e gentil, ela seguiu seu coração quando encontrou o amor reciproco ainda na escola. Charles sempre foi um homem tímido e trabalhador, ele foi acolhido por a família de Isis como um filho. A enfermeira morava com sua mãe, sua irmã e seu marido, eles se uniram após a morte precoce de seu pai e assim compartilhavam a vida dia após dia.
Mas como nem tudo eram flores, uma parte dos corações de Isis e Charles estavam incompletos, por mais amor que ambos sentissem um pelo outro. Isis sempre foi apaixonada por crianças e dedicava quase todos os seus dias para elas, mas nunca conseguiu engravidar. Era essa a parte que faltava no coração do jovem casal, mas os médicos não tinham uma reposta concreta para aquilo, e o tratamento de fertilização ainda não cabia no orçamento do casal.
Alguns chamam de sorte, outros de destino, afinal quando as coisas estão para acontecer simplesmente acontecem. Sorte ou destino, aquela noite que seria de um plantão noturno jamais seria esquecida, Charles acabou seu expediente na empresa em que trabalhava e assim como todas as noites, seguiu para deixar Isis no hospital. Essa era a rotina deles há muitos e muitos anos.
— De manhã, antes de ir para a empresa, posso passar aqui para te buscar? — Ele perguntou à esposa, pensativa, parando o carro na porta da maternidade. — Está tudo bem? Podemos sair amanhã para pular carnaval, já que estará de folga... — Ele a beijou, e ela sorriu, consentindo.
Ela não havia tido um bom dia, e Charles estava ciente disso, mas evitava tocar no assunto. Após uma consulta com seu ginecologista, o médico ainda não tinha respostas animadoras para o casal.
— Vamos sim, e vá direto para a empresa amanhã, assim não se atrasa. Eu pego um ônibus, em alguns anos, a enfermagem será mais valorizada e meu salário pode aumentar, assim teremos dois carros. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir também. — Durma bem, e verifique a porta da cozinha como sempre. — Isis beijou o marido novamente e abriu a porta do carro.
Charles segurou sua mão, fazendo-a pausar, e ela o encarou.
— Acalme seu coração, tudo tem um tempo certo para acontecer. Eu te amo, e você sabe que faz um tempo que sinto que seremos abençoados em breve com nosso bebê. E sobre a porta da cozinha, não se preocupe também. — Ele desabafou e sorriu.
— Eu também te amo, e obrigada por sempre me manter confiante, mas a cada consulta, perco mais as esperanças. Porém, você sabe como sou, não as deixarei morrer. — Ela sorriu e saiu do carro, respirando fundo.
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Quase suficiente, amor.
RomantikDestino, no século 21 mais precisamente no estado de São Paulo, Sol acredita firmemente que o destino pode moldar sua vida, apesar dos desafios que enfrenta. Com um sorriso que ilumina qualquer ambiente e uma paixão pela patinação artística, ela enc...