Como Marli pediu, os três rapazes subiram para o quarto em silêncio após constatar que seu pai ainda estava na sala.
— Mainha. — Vicente bateu na porta e entrou.
Marli ainda estava arrumando as coisas lentamente. Havia comido e seu celular estava desligado na mesa de cabeceira. Muitas malas estavam espalhadas pelo quarto. Bruno observou tudo e não sabia como sua família tinha desmoronado em questão de horas. Ele só sabia que não queria ser um homem como seu pai.
— Madrinha, está melhor? — Joaquim perguntou, e ela sorriu consentindo.
Marli, apesar de ainda muito abalada, sabia que precisava fornecer assistência a pessoas que precisavam dela e que estavam em choque, que no caso eram seus filhos e seus funcionários. Ela conversaria aos poucos com as pessoas.
— Eu sei que a bomba acabou de explodir em nossas cabeças e ainda não tive muito juízo para falar com vocês. Tudo em mim ainda está muito confuso; quando envolve sentimentos, tende a ficar um pouco pior, mas tudo irá se arrumar. Só peço que permaneçam calmos! — Ela falou, suspirando em seguida.
Sua cabeça doía e seus olhos estavam inchados demais para sorrir e afirmar que estava um pouco melhor.
— Mãe. — Vicente pegou sua mão e ela sorriu. — Nós não podemos nos envolver em tudo, mas estamos ao seu lado e cuidaremos de tudo que precisar, estamos preocupados com a senhora. — O menino sussurrou, e a mãe sorriu.
— Eu sei que estão, e sei também que o golpe foi um choque para vocês. Nossa vida não será mais a mesma por vários motivos, primeiro porque ele não vai morar aqui em breve e, mesmo eu sendo sócia do tio de vocês na fábrica de São Paulo, não teremos mais dinheiro a esbanjar como antes. Claro, até seu pai reaver seus negócios e pagar uma pensão... — Marli desabafou, e os meninos consentiram.
Marli explicava e Joaquim se sentia deslocado em toda aquela conversa. Afinal, ele não era filho do casal, e continuar morando de favor naquela situação não era viável.
— Madrinha, me deixe agradecer por tudo que vocês fizeram por mim e dizer que você foi e é a mãe que eu nunca pude ter. Estou aqui há muitos anos e tive oportunidades incríveis. Eu não quero dar despesas, entendo que está tudo complicado... — Joaquim embargou a voz, envergonhado, e Vicente o encarou.
Após seu amigo falar, Vicente teve um estralo que nunca havia ocorrido desde que soube que seu melhor amigo viria morar com ele. Em poucos minutos, ele recordou do quanto ficou feliz quando Joaquim chegou e não queria que o seu melhor amigo fosse embora. Tudo parecia se complicar mais a cada minuto que passava.
— Você não pode ir embora, zé mané. Daremos um jeito, não somos mimados para esbanjar dinheiro, iremos superar isso... Mãe, iremos trabalhar e ajudar... — Bruno falou rapidamente, nervoso, e Marli tocou seu rosto.
Ela conhecia seus filhos como a palma de sua mão e sabia as individualidades de cada um. Quanto a Joaquim, ela sabia que ele era um menino esforçado e simples. Era nítido o quanto ele era importante para seus filhos e ela o amava como um filho.
— Bruno, meu pequeno precioso, e vocês dois são meus grandes preciosos. — Marli tocou a cabeça dos rapazes, e eles sorriram pela primeira vez depois que tudo aconteceu. — Joaquim, eu e o Miguel somos seus padrinhos. Nós amamos você, e apesar dessa turbulência de casal, creio que as coisas se orientarão em breve. Não vai embora, amanhã conversarei com seu pai, com meus pais e com os pais do Miguel para colocar tudo em pratos limpos.
Joaquim estava preocupado, e seu coração também não estava pronto para ir embora. Ele ganhou irmãos e uma mãe quando chegou e sabia que até hoje orgulhou muito seu pai. Se continuasse se esforçando, poderia ter um bom futuro para ajudá-lo.
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Quase suficiente, amor.
Roman d'amourDestino, no século 21 mais precisamente no estado de São Paulo, Sol acredita firmemente que o destino pode moldar sua vida, apesar dos desafios que enfrenta. Com um sorriso que ilumina qualquer ambiente e uma paixão pela patinação artística, ela enc...