—Tem como saber se o Charles terá alta em outubro mesmo? —Luzia perguntou.
—Os médicos ainda não confirmaram, mas, das vezes que falamos por telefone, ele diz que está se sentindo melhor. —Isis respondeu, seriamente, enquanto ajudava a mãe no preparo das comidas.
A semana havia passado, e a família Moreira estava se preparando para passar o dia seguinte com Charles mais uma vez, um pouco antes da visita comum, desta vez para comemorar seu aniversário. Todos estariam presentes, incluindo todo o pessoal da casa, Laís e Vicente, que havia sido convidado por Sol.
—Tia, será que não fui muito... —Sol suspirou, pausando a decoração do bolo junto a Nicole. —Sabe...
Nicole negou, entendendo a sobrinha. Sol havia ganhado a competição na piscina e convidado Vicente para o bolo e aniversário do seu pai, e ele se animou com o convite. No entanto, Sol ainda estava preocupada com algo que não conseguia identificar.
—Que nada, ele gosta de você e, naquele dia, tratou tudo com naturalidade. —Nicole espalhou o chantili. —Ainda tem medo que ele fuja como o Yuri?
Nicole era direta e sempre parecia saber o que se passava na cabeça da sobrinha. Sol negou imediatamente, o que Nicole também já previa.
—Não, tia, ele é diferente. —Sol encarou o bolo de dois andares e posicionou a decoração. —Acontece que ainda somos amigos que se beijam e se gostam. Tenho receio de assustá-lo ao apresentar meu pai quando nos conhecemos pessoalmente há apenas três semanas. —Sol sorriu, sem jeito.
Nicole deu um peteleco na testa da sobrinha, fazendo-a limpar a sujeira de chantili.
—Vocês jovens precisam parar de contar os dias das coisas. Muitas coisas não têm nada a ver com dias ou semanas. A conexão de vocês não é baseada nisso. Eu pedi a Rafa em namoro no terceiro encontro porque senti que era o que queríamos, e na mesma noite ela veio jantar aqui. —Nicole sorriu, se gabando. —Vivam sem contar os dias, e se ele demorar, peça logo em namoro.
Sol revirou os olhos, sabendo que a tia tinha razão.
—Eu pedir, tia? —Sol sorriu com os olhos arregalados. —Mas você e a Rafa brigavam muito antes, não foi por ter sido rápido?
—Não, foi por sermos pessoas diferentes com o mesmo gênio difícil. E olha, brigas também podem ser normais em uma relação, contanto que deixem o orgulho de lado e peçam desculpas.
Nicole estava dando muitos conselhos à sobrinha, conselhos vindos de uma pessoa que por muito tempo achou que iria ser sozinha no mundo, até encontrar o amor da sua vida.
—Ainda não brigamos pessoalmente, sabe? Quando eu fico irritada e começo a falar, ele tenta me fazer rir. E quando ele fica irritado por algo, apenas fica em silêncio total e eu finjo que não percebi, sendo assim ele logo sorri de novo. —Sol sorriu. —Estamos aprendendo a perceber tudo apenas pelo olhar, é legal!
Nicole sorria ao ouvir a sobrinha falando, e de longe Isis agradecia aquela conexão da irmã com a filha. A melhor coisa que poderia ter acontecido foi dividir a criação dos filhos com a irmã. Elas colocaram o topo do bolo que dizia "Charles 44" em dourado.
—Que fofos, é uma boa tática. —Nicole falou. —Vocês já... Ele é tão charmoso... —Ela piscou para Sol.
Sol negou várias vezes, fazendo Nicole sorrir.
—Não, ainda não. —Sol corou e desconversou. —Acho que o bolo está pronto!
Sol havia pensado nisso algumas vezes, mas os dois nunca haviam tocado em assuntos assim. Ela não sabia quando iria acontecer e se sentia nervosa, mesmo que não fosse sua primeira vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase suficiente, amor.
RomanceDestino, no século 21 mais precisamente no estado de São Paulo, Sol acredita firmemente que o destino pode moldar sua vida, apesar dos desafios que enfrenta. Com um sorriso que ilumina qualquer ambiente e uma paixão pela patinação artística, ela enc...