Fevereiro estava faltando poucos dias para acabar, e tantas coisas haviam acontecido naquele mês na vida da Sol. Ela havia mudado tanto em questão de dias, em sua vida havia acontecido tantas coisas que mal poderia organizar em pensamentos, mas o dia especial estava prestes a chegar: Seu aniversário de dezoito anos.
Ela estava radiante assim como toda sua família, que por sinal estava mais estável com base aquele dia se aproximava. Charles não havia mais bebido e sentia cada vez mais os efeitos da abstinência, Isis ainda de férias organizava o jantar de aniversario da sua filha mais velhas e as outras pessoas seguiam os dias sem muitas mudanças.
Sol havia acabado sua ultima aula da sexta-feira, seu aniversario era no dia seguinte e ela estava animada, mais do que o normal. Arrumando seu armário e guardando todos os livros, esperava Cecilia sair do banheiro para que pudessem conversar sobre a noite do dia seguinte, e por falar na ruiva, ela estava seguindo a diante com sua gravidez ainda sem vinculo ou emoção, mesmo que frequentemente ganhasse presentes para o bebê e seu namorado tentasse anima-la.
— Voltei. — Cecilia falou e arrumou a farda. — Essa farda está começando a ficar apertada, que merda, mano.
Sol sorriu ao ver a amiga, tentando levar tudo com naturalidade e demonstrar seu amor pelo bebê que já chamava de afilhado. Sol sentia falta da amiga animada e sorridente como sempre foi. Cecilia não era mais a mesma em tantos aspectos que mal podia listá-los, mas foi assim que tudo aconteceu e nada poderia ser desfeito. Então Sol seguiria ajudando como podia e torcendo para que tudo fosse apenas uma fase.
— Isso significa que meu afilhado está crescendo bem, está fazendo tudo certinho. — Sol sorriu e as duas seguiram para a quadra, conversando longe de todos.
— Aham, estou seguindo as ordens médicas... Hoje tenho consulta com a psicóloga e depois irei pegar o presente da minha melhor amiga. — Cecilia sorriu e agarrou o braço de Sol.
Sol sentiu falta da Cecilia doce e sorridente. Por favor, volte para nós...
— Sabe que sua presença é meu presente, não é? — Sol apertou o braço de Cecilia e sorriram juntas, entrando na quadra.
Sol não teria treino hoje; sua treinadora lhe deu uma folga como presente de aniversário, e ela agradeceu por isso. As meninas subiram alguns degraus da arquibancada e sentaram lado a lado.
— Na minha última consulta com a psicóloga, conversamos sobre a depressão na gestação. Óbvio que ainda não recebi nenhum diagnóstico, mas procurei na internet. — Cecilia falou, e Sol não comentou sobre. — A psicóloga perguntou se eu já ouvi os batimentos e contei que coloquei fones de ouvido para não ouvir.
Sol baixou a cabeça. Ela soube quando isso aconteceu e não escondeu o desapontamento com a amiga, pedindo desculpas em seguida.
— O que acha disso que conversou com a psicóloga? — Sol perguntou.
Cecilia deu de ombros.
— Acho que tenho isso. Tenho todos os sintomas: rejeição do bebê, tristeza persistente, dormir demais, perda de interesse em atividades que eu geralmente gosto, sentimento de culpa... — Ela encarou as mãos e Sol as pegou.
Sol apertou as mãos da amiga e sorriu.
— Vai aceitar ajuda? — Sol perguntou.
Cecilia consentiu. Ela estava com uma rede de apoio grande; provavelmente seus pais já haviam conversado com a psicóloga e Cecilia sabia que eles haviam aceitado a situação completamente.
— Sei que pode não parecer, mas estou tentando. Não colocarei mais fones de ouvido. — Cecilia encarou sua amiga e recebeu um sorriso.
Sol abraçou-a, orgulhosa, mesmo que pudesse parecer que Cecilia não estivesse tentando. O celular de Cecilia tocou e ela levantou para atender. Durante esse tempo, Sol também pegou seu celular para responder Vicente.
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Quase suficiente, amor.
Roman d'amourDestino, no século 21 mais precisamente no estado de São Paulo, Sol acredita firmemente que o destino pode moldar sua vida, apesar dos desafios que enfrenta. Com um sorriso que ilumina qualquer ambiente e uma paixão pela patinação artística, ela enc...