O tempo também havia corrido do outro lado do Brasil, Vicente e sua família estavam aos poucos reconstruindo a vida diária, Marli estava empenhada em seu emprego à distância, e precisou cortar ainda mais os gastos como vender o carro de luxo e comprar um popular, pensar em modos de economizar energia e agua, pegar no pé dos filhos para manter a casa organizada, e empregada fixa mudou para uma diarista poucas vezes na semana.
Os garotos estavam refazendo os pensamentos e atitudes, começaram a ter duas casas após o divórcio definitivo e a reaproximação com Miguel estava sendo gradativa, já que o pai estava refazendo sua vida sozinho. O advogado estava mais conformado e recuperando tudo aos poucos após tentativas diárias de convencer Sandra a parar com tamanha loucura, eram tramites complicados quando envolviam uma pessoa apaixonada e inconformada.
Certo, conformado não era a melhor palavra para definir Miguel, mas ele estava sentindo na pele a dor de não ter sua esposa e filhos, ele poderia listar todas as vezes que deveria ter sido grato e não foi, principalmente na época que não sabia o que era a solidão.
Ainda no mês de março, após pegar seus farelos de dignidade, Miguel respeitou a decisão de Marli e assinou o divórcio, ele a deixou livre para refazer a vida e se viu preso em sua própria armadilha. Ele não havia perdido tudo, continuava ganhando dinheiro e logo comprou um apartamento, mas não tinha criatividade para comprar os moveis, o ambiente estava quase vazio. Ele encheu a geladeira com tudo que mais gostava, mas não usou suas panelas por não saber como cozinhar suas comidas preferidas. Sua cama era grande, mas não bastante para ignorar que o travesseiro ao seu lado estava vazio, ele havia conquistado o silencio perfeito para analisar casos, mas era tão silencioso que poderia imaginar perfeitamente seus filhos discutindo sem motivo e o pedindo para analisar quem estava com a razão. Miguel havia recuperado tudo que o dinheiro comprava, mas então percebeu que o que ele mais queria, e o dinheiro não traria de volta.
Nesse mesmo mês, após o aniversario da patinadora, ela e Vicente se tornaram mais próximos, o rapaz poderia virar a noite conversando ao telefone com ela facilmente, e era tão prazeroso quanto observar as estrelas. Ele compartilhava seus momentos pesados e ouvia os dela, como quando seu pai adoeceu. Eles dividiam alegrias, como quando Vicente e Joaquim conseguiram suas vagas na universidade pública e foi uma festa.
Conseguir a vaga em uma universidade publica acabou sendo um alivio para os dois garotos, o pai do Joaquim chorou de emoção e viajou até a cidade grande para abraçar seu filho. Vicente por pouco achou que seu coração pararia de tanta euforia, aquele dia foi o primeiro em meses que seus pais se encontraram sem brigas, algo que ele não esqueceria tão cedo. E assim, os dois garotos fizeram suas matriculas e começaram uma jornada para seus sonhos, afinal a faculdade a começou a ajudar Joaquim quando seu aplicativo se espalhou pelo campus, o fazendo tirar o primeiro dinheiro disso.
Quando o mês de abril chegou, Vicente já tinha uma rotina fixa e gostava dela. Ele ia para faculdade de manhã junto a Joaquim, seu amigo ia para o trabalho e Vicente para casa. A tarde ele ajudava a mãe com algumas coisas do trabalho, estudava a matéria do dia, e durante todo o dia trocava mensagens com Sol, mesmo que quase todas as noites eles se falassem por ligação por algumas horas. Aos finais de semana ele e Bruno iam para casa do Miguel e ajudavam o pai a coisas básicas como comidas e passar uma camisa sem queima-la.
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Quase suficiente, amor.
RomantizmDestino, no século 21 mais precisamente no estado de São Paulo, Sol acredita firmemente que o destino pode moldar sua vida, apesar dos desafios que enfrenta. Com um sorriso que ilumina qualquer ambiente e uma paixão pela patinação artística, ela enc...