Capítulo 16 ( 02 / 02 )

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- Fala logo o que porra que você fez dessa vez! - Falei com raiva. Virando seu rosto com extrema lentidão, ele me olhou abrindo um enorme sorriso, seu rosto estava relaxado. Relaxado até demais. - Você usou droga?!

Com a demora de uma resposta, andei em sua direção com passos pesados, não perdia uma briga contra ele, eu era mais forte. Sempre fui. Me aproximei dele e logo segurei no colarinho de sua camiseta o virando de frente pra mim, olhos vermelhos.

- Ei cara, me solta, eu não jogo nesse time aí não!


O que? Como assim?

- Do que caralho você tá falando, bastardo de merda?! - Perguntei entre dentes expostos. Com um sorriso mais largo, ele me olhou.

- Se deu muito bem com Yuki, não foi? ... Bem até demais... - Naomi falava arrastado, pelo cheiro ele também bebeu, imundo.

Mas do que ele tá falando?! Deve ser coincidência... Não tem como alguém daqui saber sobre o Yuki...

Cabeça martelando em várias perguntas descontroladas, nenhuma resposta. Me senti completamente confuso ao ponto de perder o foco no que quer que eu estava fazendo naquele momento. Com um olhar perdido, o soltei, meus pés davam passos extremamente lentos para trás, sentia meu corpo gelado. 

- O preço que ele me cobrou foi bem salgadinho... Mas valeu muito a pena, a sua cara é uma das melhores que já vi!  - Ouvia sua voz quase em grito, sua risada aguda e exagerada ecoava por todo o cômodo adentrando em meus ouvidos dolosamente.

Preco? Yuki lhe cobrando um preco? De quê? Eu nem ao menos o trouxe aqui uma vez sequer...

Meu primeiro namorado, somente eu e ele sabia sobre a minha sexualidade à pouco descoberta. Ao mesmo tempo em que eu não me importava com que os outros diriam sobre isso, não queria que me vissem como a vergonha da família... Não queria que me vissem como vêem ele. Eu namorava há apenas dois meses e o conheci há quase um ano, ninguém sabia sobre ele... Ou nós...

Com muito esforço voltei à realidade, ainda ouvia sua risada fina e a raiva dentro de mim só crescia, fechei meus punhos e o encarei com raiva.

- Não sei como você sabe sobre ele, mas não use essa sua boca nojenta pra falar o nome dele novamente, entendeu? - Falei por entre meus dentes, minhas mãos tremiam de tanta raiva sem sentido, queria bater nele. Não... Queria matá-lo.

- Dele quem?! Do cara que paguei pra te namorar?! IDIOTA! - Gritava escandalosamente, sua gargalhada parecia ficar mais alta a cada segundo.

Meu corpo estremeceu, um calafrio percorreu meu estômago, minha cabeça doía, meus olhar era perdido e meu rosto se espelhava ao desespero interno. Senti que meu coração estava sendo pisoteado, levei as duas mãos à cabeça abaixando-a levemente, envergonhado, uma tentativa miserável de manter minha sanidade e não matar àquele que me fez sentir esse sentimento horrendo.

Eu não posso matá-lo...

Ainda o ouvia rir, mas agora estava longe, abafado, como se a minha mente estivesse se afundando num mar de agonia. Parecia divertido, nunca ouvi alguém gargalhar com tanto gosto como ele estava fazendo... Parecia prazeroso.

Um Universo Diferente ( AkaRen )Onde histórias criam vida. Descubra agora