Capítulo 34

104 9 2
                                    

Recomendo essa música para este capítulo.

-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-









Conhecia bem o homem com quem casou, bem suficiente para saber que Kyojuro, quando muito irritado, não batia só os pés no chão.

Empurrando a madeira, adentrou o apartamento, encontrando o local tão grande e tão vazio. Pensou brevemente onde poderia encontrar seu amado, tendo em resposta o óbvio. Às vezes Kyojuro era tão previsível, que chegava a ser divertido para o oni. Com pressa, mas silencioso, seguiu em direção ao corredor que daria para os quartos, encontrando uma única porta fechada, o quarto que dividiam. Tão previsível. Aproximando-se devagar da última porta em frente, ouviu um choro, Kyojuro chorava encostado à porta, soluçava sem controle em um nível mais baixo à sua real altura, provavelmente sentou-se o chão. Lástima, seu subconsciente lhe colocou no lugar do outro sem mesmo receber permissão, sentiu-se magoado. A impotência logo se fez presente, queria abraçá-lo, enxugar suas lágrimas e servir de cobertor para seu coraçãozinho tão gentil, e mesmo sendo pouco, nem o pouco poderia fazer agora. Teria de respeitar seu espaço acima de tudo, principalmente seus pedidos sôfregos, mesmo que isso também viesse a lhe machucar.

Ficando de costas para a porta, sentou-se o chão, pernas dobradas deixando os joelhos à altura do peito e cada braço esticado pousado sobre eles. Descansou a peça de roupa no chão ao meio de suas pernas para que tivesse o tecido como único em sua visão. Inconscientemente, se posicionou exatamente como o loiro do outro lado da porta, o mesmo, ao perceber a presença do oni, tentou permanecer em total silêncio. Respirou fundo.



- Kyojuro... Eu- - Começou baixo, logo interrompido pela voz do outro atrás da madeira, ambas em mesmo tom e altura.

- Akaza, falei pra não vim atrás de mim! Me deixa aqui! Prometo que amanhã bem cedo eu saio do seu apartamento, mas por hoje me deixa sozinho aqui, por favor! - Falava rápido em meio ao choro que tentava esconder, palavras ariscas e voz pouco trêmula.

- Kyojuro, eu peço só que me deixe explicar, eu n- -

- Isso não tem explicação! - Interrompendo o oni mais uma vez, soltou irritado e elevado, uma frase pausada e assertiva. - Não vem querer me fazer ouvir a porra de uma explicação sem sentido! Sempre conversamos sobre esse assunto e você mesmo sempre falou que um ato desse não tem explicação!

- Exatamente por isso que eu tenho uma explicação pra lhe dar. Eu não fiz nada!

- Eu não quero ouvir nada de você! Eu saio do seu apartamento de manhã bem cedo, agora me deixa sozinho!

- Pare de falar assim, o apartamento é nosso, voc- -

- Eu não quero nada. - De forma simples, Kyojuro começou a mostrar frieza em suas palavras. - Pode ficar com tudo e fazer o que quiser, eu não quero nada.

- Eu não vou deixar você ir embora sem ouvir o que eu tenho pra falar...

- Ah! Agora vai me obrigar a ouvir o que você tem a dizer sobre uma traição? Nossa, Akaza, você é mais cara de pau do que eu achava.

- Pode me chamar do que quiser, e não, não vou obrigar você a me ouvir, vou pedir... Em consideração à toda nossa história, peço que me escute. - Akaza falou com firmeza, recebendo silêncio em resposta. Respirou fundo. - Kyojuro, eu não traí você, nunca fiquei com nenhuma outra pessoa que não fosse você e hoje não foi diferente. O motivo de me encontrar naquele apartamento é confuso, mas é a mais pura verdade. Mais cedo recebi uma ligação de um número desconhecido, era a sua voz, sua voz desesperada dizendo que tava se sentindo muito mal e tava naquele apartamento e desligou sem mais nem menos. Eu tentei ligar pro David pra perguntar de você porquê fiquei desconfiado, mas nenhuma ligação foi feita, acabei ficando nervoso pra saber de você e então fui pro lugar que a pessoa falou na ligação. Encontrei tudo aberto e fui entrando, mas quando entrei no último quarto uma mulher trancou a porta comigo dentro e colocou a chave no sutiã, eu não quis pegar e acabei demorando pra sair, mas isso durou poucos minutos. Cerca de uns cinco minutos depois eu abri a porta sozinho e te encontrei ali. - Suas palavras saíam calmas, voz firme, falava devagar.



Um Universo Diferente ( AkaRen )Onde histórias criam vida. Descubra agora