Um Universo Diferente ( AkaRen )

Capítulo 32

Dez dias, dez dias haviam se passado rapidamente, e Naomi não foi mais visto em lugar algum. Akaza sentia-se mais próximo de seus irmãos pelo fato de se verem e conversarem brevemente todos os dias, embora o assunto sempre fosse o mesmo e nada além desse. Também estressado, andava constantemente irritado ultimamente, uma notícia, uma breve aparição, nada obteve daquele que procurava. Nada conseguiu de quem jurou encontrar e finalmente dar um basta em toda essa encenação tosca de novela mexicana. Mas o alvo sumiu do mapa, mais uma vez.

Naomi realmente tinha uma mente incrivelmente brilhante, extremamente inteligente, estrategista e cauteloso, somente uma pessoa naquele mundo tinha conhecimento do nível de suas qualidades mentais. Naomi tinha tudo para ser o orgulho da família que o nomeou como filho, mas decidiu jogar sua vida fora, em troco de algo que somente o próprio poderia responder.

Dez dias, dez dias haviam se passado rapidamente, e Kyojuro teve de se acostumar ao novo carro e motorista particular, que o levava para onde desejava, inclusive na esquina, ao qual pode muito bem ir andando. Seu trabalho tornou-se estressante, por mais que tentasse se distrair ao atender seus amados pacientes, sua mente estava sempre o lembrando o quão ridículo foi aquele dia, o quão patético foi o medo que demonstrou perante uma pessoa comum, sem nada de tão especial, ou temível.

Dez malditos dias, e sua raiva de sí mesmo só crescia, que vergonhoso.

Ora, sentir-se protegido por outra pessoa não é motivo de inutilidade, mas e a confiança? Sentir-se confiante somente perto daquela pessoa... Que grande incômodo deve fazer.

Não é vergonhoso temer a morte, deves nomear 'vergonhoso' uma pessoa que teme por sua vida somente por não estar na presença de outro. Mas no fim, tudo não passa de egoísmo. Qual seria o problema de sentir-se protegido por outra pessoa? Não é motivo de vergonha, ou fraqueza, não se deve ser tão duro consigo mesmo. Mas... Não queria causar problemas para os outros, principalmente àquele que o protegia.

Então não tem motivo algum para vergonha, ou tristeza, mudariam juntos, juntos ficariam mais fortes e assim protegidos um pelo outro. Sim, um pelo outro. Sempre um, quando com o outro.

Proteger, uma palavra tão forte aos olhos de Akaza. Uma palavra que lhe causava um arrepio intenso por motivos desconhecidos. Uma palavra com um significado tão importante assim, que lhe causava fortes dores ao peito, acompanhado do sentimento ilógico de perda. Talvez fosse um sonho, há muito ignorado pelo oni, de ver que conseguiu proteger alguém importante, faria sentido para explicar sua busca incessante por uma força que nem seu próprio corpo poderia suportar. Queria proteger.

Proteger, uma palavra tão forte aos olhos de Kyojuro. Uma palavra que lhe trazia um forte sentimento de orgulho, uma satisfação indescritível. Uma palavra assim tão curta, mas que carregava uma onda de emoções, sentimentos intensos. Queria proteger.

- / / / -

Mais um dia de trabalho havia sido finalizado, Kyojuro caminhava com calma pelo estacionamento aberto à caminho do carro que o levaria para casa. Dez dias atrás, Naomi veio a retornar para mais uma importunãncia de sua parte, com um táxi roubado, levou Kyojuro até o prédio em que morava, a gota d'água para Akaza. Mesmo sendo vigiado, Naomi conseguiu ficar invisível por vários dias e reaparecer com a maior audácia de dar uma carona à seu marido e lhe mandar um recado pelo mesmo. Não, esse teatro todo teria um fim, finalmente. Pensando somente na precaução e na segurança de seu marido, Akaza pediu que o loiro fosse acompanhado por seu mais novo motorista particular, de total confiança do oni, em um novo carro blindado, e seguro. Mesmo em meio à uma hora de negação por parte do loiro, o mesmo se deu por vencido vendo seu amado a quase implorar para que aceitasse. Agora tinha mais um amigo, ao qual ainda sentia-se incomodado por vê-lo ali à disposição somente para ele.