(1364 palavras)
NO OUTRO dia cedo, faço minhas higienes e me preparo para a minha regra mensal. Escovo o cabelo e coloco o véu. Desço para me juntar às outras para o café.
— Você demorou - me diz Laura.
— Tive que resolver uma coisa.
Tomamos café e logo após, fomos para as aulas, e após essas, cada uma foi fazer sua tarefa diária.
Fiquei com a limpeza da cozinha. Particularmente, o que eu mais gostava era ficar na biblioteca. Não só ajudei a limpar a cozinha, como ajudei a preparar a refeição para o nosso almoço, que não era muito tarde, já que acordávamos o sol todos os dias.
À tarde, volto para a cozinha, não para limpar, mas para fazer doces para uma quermesse que o Padre José está organizando para o dia de Santo Antônio. Doces esses, que ajudarão na manutenção do convento. As doações estão poucas e acho essa ideia da quermesse muito boa. Serão duas barracas com guloseimas para arrecadar algo. Gosto de ajudar a fazer os doces e salgados, já que, sem ter uma profissão, vou precisar fazer algo para viver quando sair daqui.
Quando a noite chega, já tomei meu banho, já comemos e agora estou na cela lendo, esperando a ordem para apagarmos as luzes.
Sempre acordamos as galinhas, sim, levantamos tão cedo que somos nós que acabamos acordando elas, coitadas!
Em torno das dez da noite, a irmã Maria abre a porta da minha cela e Laura adentra.
— Boa noite, meninas!
— Boa noite, irmã - respondemos em coro.
— Nos vemos amanhã. Comportem-se.
Ela saiu me deixando a sós com a novata. Laura me olhava com atenção.
— Você parece sempre querer distância de todas, por quê?
— Pretendo fazer voto de silêncio e, se ficar aqui, me tornar uma freira enclausurada.
— Se ficar? Pretende fugir?
— Me expressei mal.
— Me fale um pouco de você. Já que vamos dividir o quarto e conviver, melhor nos conhecermos.
Aquela simples pergunta poderia me colocar numa enrascada. Então, achei uma saída ou melhor, me tiraram do aperto...
— Apaguem as luzes! - a irmã Celeste passa falando isso no corredor.
— Deixamos isso para outro dia - respondi.
— Você sabe que podemos conversar no escuro, não é?
— Sei. Mas acordo muito cedo e estou... cansada. Boa noite!
Dei o assunto por encerrado, virei para o lado e me cobri. Sei que não vou conseguir fugir pra sempre, mas enquanto puder, farei.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...