(2383 palavras)
FELICIDADE É algo que me descreve nesse momento. Meu pai finalmente apareceu e me deu uma notícia maravilhosa. Espero que em breve eu consiga sair desse lugar, não é pelas pessoas, mas porque eu quero minha vida de volta. Quero minha família de volta, é pedir demais?
Quem sabe até eu possa estudar, fazer um curso na faculdade, ter uma vida normal como os garotos da minha idade.
Quando todos foram embora, eu notei a Laura ao meu lado me olhando dos pés à cabeça. Eu ainda estou todo molhado do banho no laguinho e pra completar, estou sem o véu e sem sapatos.
— Você parece feliz. São familiares? - perguntou minha carrapatinho cheirosa. Tão curiosa...
— Sim, meu pai e minha irmã.
— Ah, legal - ela olhou para os lados e desviou o olhar do meu. O que ela tem?
Caminhamos de volta para a sala da Madre, onde peguei minhas coisas e fui para minha cela, apanhar um hábito novo para poder tomar um banho e trocar de roupas antes do almoço.
E assim passei o restante do dia, fiz minhas obrigações, voltei à capela para encher o saco de Deus, na verdade fui agradecer pela graça concedida. Também fui dar uma olhadinha nas crias da jacira. Estão tão bonitinhos os pintinhos dela.
A Laura cruzou comigo, duas ou três vezes naquele dia, mas ainda estava estranha. E eu não fazia ideia do porquê.
Após o jantar, fui até a biblioteca, devolver o livro que eu já havia terminado de ler, e ver se havia algo interessante e que eu não havia lido ainda. Notei Laura em uma mesinha no cantinho, com uma luminária acesa e ela totalmente concentrada na leitura.
Acho que estou sendo uma boa influência para ela. Me aproximei e sentei à sua frente, mas ela tava tão avoada, que nem me viu ali. Pigarrei e ela levantou o olhar pra mim, sorri pra ela, que me sorriu de volta, mas nada entusiasmado, eu hein!
— Você vai voltar para a cela que horas?
— Você já tomou o seu banho? - ela perguntou, mas ainda concentrada no livro. Não gosto de falar sozinho. Ao menos não quando sei que a pessoa pode me ouvir e responder e não faz, isso chateia.
— Não. Vou fazer isso agora, quando voltar. Você não vai agora?
— Não.
Não? Assim, seco, sem nem um golinho de água pra descer? Eu hein, só tem gente bipolar ao meu lado?
Resolvi deixar ela em paz. Levantei com o meu novo livro e fui para a cela, coloquei o livro na mesinha ao lado da cama, apanhei minha roupa íntima na gaveta trancada, toalha, camisola e produtos de higiene, e fui para o banheiro.
Resolvi lavar os cabelos e tomar um banho bem demorado. As outras noviças já haviam tomado banho, então o banheiro era só meu. Por via das dúvidas, eu tranquei a porta à chave, se alguém tiver dor de barriga, vai fazer nas calças, tô nem aí.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...