(1123 palavras)
ESTAVA TUDO perfeito demais e minha vida nunca foi perfeita, já era para eu esperar que eu pagaria pelos meus pecados ainda aqui, paraíso não era para mim.
Quando eu vi as fotos e li as ameaças eu sabia que aquele era o fim da linha pra mim. Felipe me levou para casa, ele dirigia e sempre tocava no meu ombro me pedindo calma e dizendo que tudo iria se resolver, mas o meu pensamento estava nos bandidos invadindo o convento, matando as irmãs, o Tonho e a minha carrapatinha, não há segurança naquele lugar e elas não poderiam pagar por algo pelo qual só eu deveria sofrer.
E se eles fizessem mal ao Felipe? Aos meu pais, minha irmã?
Quando chegamos, eu desci do carro e fui direto para o meu quarto, entrando e fechando a porta a chave, tudo que eu precisava era orar, me acalmar e tentar achar uma possível saída para tudo isso. Fiquei horas lá dentro, até que o meu pai bateu à porta me chamando, mas antes minha mãe fez isso, minha irmã e até o Felipe, abri a porta, meu pai me viu com os olhos inchados, o terço enrolado na mão e descalço, já que fiquei sentado no chão, na metade desse tempo eu fiquei de joelhos rezando.
— Filho, conversamos e talvez tenhamos uma solução...
Olhei pra ele esperando ele falar.
— Eu vou ligar para aquele novo delegado que prendeu o Graveto, vou falar da ameaça e tenho certeza que ele vai nos ajudar, talvez o Olho de peixe e o Ceifador estejam por aqui e assim será mais fácil prender os dois. E ele pode designar algum policial para ficar conosco, até eles serem presos.
— Pai, eu sei que o senhor está preocupado com nossa família, mas eu me preocupo com as outras pessoas que foram envolvidas sem querer nisso tudo e nem sabem... como as irmãs, o padre, a minha namorada, o Felipe e a família dele. Eu nunca deveria ter saído daquele convento, nunca deveria ter falado com você - apontei para o Felipe — Nunca deveria ter me apaixonado...
Comecei a chorar, quando minha vida poderia ser considerada normal? Eu não tô pedindo para ser rico, para fazer mal a ninguém, eu só quero poder sair um dia sem me preocupar se alguém pode matar alguém que eu ame. Quero poder trabalhar, estudar, ter uma família, uma namorada com quem vou formar a minha família, por que Deus?
O Felipe naquele dia tinha marcado de quando fosse me levar de volta pra casa, levaria a Paula numa balada, mas devido ao que aconteceu foi tudo cancelado, até isso eu estou atrapalhando, a felicidade do meu único e melhor amigo. Ele resolveu dormir na minha casa e durante a noite, todos estavam tão focados em mim que eu cheguei a me sentir uma criança.
— Giovanni, você deve estar se sentindo muito culpado, não é?
— Claro, tudo isso é culpa minha, a começar pelo Tiago que perdeu a vida, por minha causa, eu não quero que isso se repita.
— Você não tem culpa, entendeu? Você era uma criança! Eu... - nossos celulares receberam notificação de mensagem. Eu esqueci completamente de falar para vocês que quando eu tive que ativar uma linha nova para o meu celular, e por segurança, ou tentar ter uma, o Felipe se ofereceu para ativar a linha em seu nome. Então, resolvemos olhar a mensagem, pensei que seria da minha carrapatinha, era uma foto dela, eu sorri ao ver sua foto — Por que eu recebi uma foto da Laura?
— Que? - olhei a tela do celular dele e vi a mesma foto — Será que ela mandou uma foto pra você por engano? - mas recebemos uma nova mensagem e larguei o celular quando terminei de ler.
Número privado
"Ela é linda, será que o vermelho do seu cabelo vai combinar com o vermelho em suas mãos?"
Ele tá ameaçando a Laura, o que eu faço?
Comecei a andar pelo quarto e o Felipe tentou de todas as formas me acalmar, vendo que não era algo possível, ele saiu do quarto e bateu na porta do quarto de minha irmã.
Não demorou nada e estávamos os cinco no meu quarto, minha mãe saiu pra fazer um chá pra que eu tomasse e tentasse me acalmar.
E foi assim que passamos a madrugada, todos nós espalhados por meu quarto, Felipe ligou para o Roger pedindo para ele tomar conta de tudo, depois ligou para os pais e só se limitou a dizer que ia passar a noite com a namorada. Ninguém dormiu naquela casa...
— Vou fazer um café - disse minha mãe levantando e indo até a porta do meu quarto, em direção à cozinha.
— Eu ajudo - disse Paula.
— Filho...
— Eu já me decidi, vou acabar logo com isso, vou encontrar com eles e dar um fim em tudo isso.
— VOCÊ TÁ DOIDO? O doido aqui sou eu, lembra? - Felipe me deu um tapa — Nem pense uma merda como essa. Olha, temos 5 cabeças pensantes aqui, alguma solução conseguiremos. Só precisamos de um pouco de calma e tempo.
— O Felipe está certo, filho - meu pai sentou ao meu lado e começou a deslizar a mão por minhas costas — Não é justo, todos esses anos nossa família afastada de você, você passar tanto tempo sem ao menos ver a vida fora daquele convento, para agora você desistir e ceder ao que esses monstros querem.
— Só não dá pra viver assim, isso não é vida.
— Teodoro... - minha mãe entra no quarto segurando o celular do meu pai — Tem alguém te ligando.
Meu pai olha a tela e dá um sorriso vitorioso.
— É o delegado.... Alô!
Olhei para minha mãe, que parecia feliz.
— Isso... é... uma carta ontem e um torpedo que chegou à noite... não, o número não foi registrado no nome dele... nada eu comprei no nome dele... como? É, sim... Espera.
Ele olhou para mim.
— Giovanni, onde está a carta que você recebeu?
— Aqui...
Meu pai pegou a carta, colocou sobre a cama, tirou uma foto e enviou para o tal delegado. Depois pediu para o Felipe enviar para ele as mensagens que recebemos durante a noite, logo em seguida ele as enviou para o delegado.
— Exato, são... ok, no fim da tarde? Estarei aguardando... ahhh ok, mando sim.
Finalizaram a chamada e meu pai começou a falar.
— O delegado está vindo com um investigador de sua confiança, para nos encontrar. Até falei que o aguardaria na cidade, mas ele acha melhor que nenhum de nós saia de casa hoje.
Olhei para o Felipe, ele não poderia ficar sem abrir a lanchonete e nem ficar longe de casa.
— Não se preocupe, darei um jeito - ele me disse já notando o meu olhar preocupado com ele.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...