(1774 palavras)
LAURA NÃO voltou para a cela e olha que fiquei acordado até dar o horário em que eu normalmente me levanto. E olha que me levanto cedo.
Levantei, quando percebi que era 4:40 da manhã, fiz minhas higienes lentamente e fiquei me perguntando onde ela dormiu, se ela dormiu ou se ela iria voltar para a cela? Mas até o momento em que me arrumei e saí da cela para a cozinha, eu não a vi.
Sequer vi a Laura durante o café, meu medo foi ainda maior. Assim que terminamos o café, eu fui até a cela, apanhei uma toalha e fui direto para o laguinho. Quando cheguei ao mesmo tirei o hábito, o véu, os sapatos, as meias, coloquei tudo embaixo da árvore, incluindo a toalha, fiquei somente com a composição e minhas roupas íntimas, sim, eu uso uma espécie de sutiã com um enchimento para fingir que tenho seios, e pulei na água, vasculhei aquele laguinho de cima a baixo e não vi sinal dela, isso me deixou aliviado? Com certeza.
Saí do laguinho, me sequei e vesti o tudo outra vez, voltando para o convento. Encontrei com a irmã Maria e perguntei pela Laura e ela me disse que a mesma havia saído logo cedo com a Madre, foram para um asilo na cidade vizinha.
— Você parece nervosa, você está bem?
— Não.
— Posso te ajudar?
— Preciso me confessar, irmã.
— Você sabe que hoje à noite haverá missa na capela, não sabe?
— Havia me esquecido, mas vou procurar me manter ocupada e não pensar bobagens.
Creio que preciso de um celular, preciso falar com meu pai... Agora estou aqui pensando, e se a Laura resolver falar com a Madre que descobriu que sou um garoto? O problema não seria esse, o problema é que a Madre iria perguntar como ela descobriu... eu vou perguntar ao padre José, se o dinheiro que ganhei até agora com a venda dos salgados, paga minha passagem para o inferno, pois é pra lá que vou. Menos mal que os homens de quem fujo, não me achariam lá.
E como não sei quanto custa a passagem para o inferno, eu vou colocar mais um pecado na minha lista. Aproveitei que a Madre estava fora e fui até sua sala, entrei e disquei para o Felipe.
« Alô »
— Felipe, sou eu... Giovanni.
«Oi, dango» - vou matar ele... perdão Senhor.
— Seu bocó, é sério, já pedi pra não me chamar assim.
« Eu sei, tô brincando contigo. Eu já tenho uma Dango na minha vida»
— O que? Esquece... eu preciso falar com você. É urgente!
« Estamos falando...» - que garoto... aff.
— Pessoalmente, seu retardado. E não posso ficar muito tempo no telefone. Então escuta, tem como você me encontrar perto daqui do convento?
« Você quer que eu vá te buscar? Aconteceu alguma coisa?» - o tom de voz dele pareceu entender que há um problema.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...