(2634 palavras)
ACHO QUE o Felipe faz essas coisas para me irritar, já somos amigos e sócios há vários meses e ele sabe muito bem como eu odeio atrasos, mais ainda, que marque uma coisa pela manhã e ele me chegue atrasado, quase ao meio-dia e com aquela cara de bocó, como se nada tivesse acontecido.
Ele é esquisito, para dizer o mínimo, mas devo admitir que de uns dias pra cá, ele tá se superando, tá muito estranho.
Quando ele nos deixou em casa na noite passada, entramos e nossa mãe perguntou onde ele estava, eu disse que ele tinha ido embora e ela quis saber por que não fomos cordiais e o não convidamos para o jantar? Eu disse que não falei nada com ele e ela nos olhou com cara de decepção, não sei se vocês sabem, mas meu nome completo é Giovanni Ricci Saito... é, sei que é estranho, mas eu tenho nome e sobrenome italiano e cara de japonês. As famílias, tanto do meu pai, como da minha mãe tem ascendência japonesa, mas a do meu pai é mais próxima... minha avó, mãe dele, é japonesa, nascida e criada no Japão, veio para o Brasil quando já estava casada e grávida do meu tio mais velho. Já a família da minha mãe, o japonês original, foi a avó da minha mãe, que veio para cá com dezessete anos e casou-se com um italiano... então é uma mistureba daquelas, tudo isso pra dizer que, tanto de um lado japonês, como do lado italiano, eles são em comum acordo quando dizem que o visitante deve ser tratado como rei... mesmo que o tal Rei em questão seja aquele bocó.
Eu conversei com o meu pai e ele disse que no outro dia, poderíamos começar a organizar a suposta garagem que há ao lado da casa, para que eu possa fazer os meus salgados, a questão é o maquinário como o Felipe disse.
— Ainda preciso cortar o cabelo, comprar o material e ainda ver como faço para comprar o maquinário que preciso.
— Bom, o maquinário, eu estive conversando com seu tio e, ele disse que conhece um cara que vai vender pra você com um preço camarada, não é novo, novo... mas pra começar dá e conforme você for vendendo... vai juntando o dinheiro e compra um novo depois.
— E onde posso encontrar esse cara?
— Eu fiz isso hoje por você... ele virá trazer em 3 dias. Até lá, não sei como você pode fazer...
— Talvez eu possa fazer só o que não precise de forno, só para fritar, posso falar com o Felipe, ele tem fritadeira na lanchonete.
— Ele é um bom rapaz.
— Preciso também comprar um celular.
— É, hoje em dia o povo não vive sem. Mas acho que ainda é melhor comprar em outro nome.
Jantamos, tomei banho e pensei na minha carrapatinha, como será que ela tá? Bateu uma saudade tão grande daquele cabelo enorme vermelho, o qual eu gostava de ficar deslizando os dedos, ou as vezes até trançando... Saudades das pintinhas dela.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...