(1322 palavras)
EU ESTAVA tão feliz. Estava indo tudo muito bem, Joana estava se deixando envolver aos poucos e eu estava radiante. Trocamos beijos não só no nosso quarto, como próximo ao laguinho, na biblioteca escondido e também na lateral do convento onde fica uma hortinha.
Porém naquela noite tudo, absolutamente tudo mudou. Tá, eu não deixei ela, ele... não sei mais... não deixei a Joana falar. Será que ela é hermafrodita e por isso ela se esconde de tudo? Será que ela é assim e gosta de meninos e meninas? Por isso a relação dela com o Felipe... espera, será que o Felipe sabe?
Eu fui dormir no quarto que dormi aqui nas primeiras noites, havia uma cama vazia lá e eu dormi nela, quando as meninas me perguntaram o porquê, eu disse que briguei com a Joana e pra não dar na cara dela ou sufocá-la com o travesseiro, eu fui dormir lá.
Sei que ela acorda cedo, e aproveitei quando ela estava tomando o banho dela, para ir até a cozinha e comer algo. Pois o que eu não queria era dar de cara com ela. Fiquei tentada sim, em entrar naquele banheiro e ver se ela é mesmo um menino, menina ou os dois, mas não faria isso, não assim.
Depois que saí com a Madre para ficar a manhã toda no asilo, isso me deu uma boa chance de pensar. Mas ainda estava com muita raiva dela quando voltamos para o convento. Eu contei coisas muito íntimas e pessoais pra ela, e ela sequer me avisou dizendo, "Olha Laura, eu não posso ficar com você porque eu sou um menino ou hermafrodita". Não, ela mentiu.
À tarde, a irmã Maria foi me procurar na biblioteca, sentou-se na cadeira de frente a minha e ficou me observando.
— Está mesmo lendo?
— Claro! - menti.
— Sei... - ela pegou o livro e virou já que o mesmo estava de ponta cabeça — O que houve entre você e a Joana?
— Nada, só brigamos por... é... bobagem.
— Se é bobagem, por que não tá falando com ela?
— Ainda estou com raiva.
— Laura, a raiva só nos impede de viver e sermos felizes, assim como o medo.
Olhei para ela que segurou a minha mão esquerda.
— A Joana é uma garota muito especial - sei, oh como é especial — Você não faz ideia de tudo que ela já passou na vida e ainda assim, ela sempre tá ajudando a quem precisa.
— Ela é um cavalo!
— Ela foi criada muito isolada, por isso tem modos um pouco duros.
— Pouco? Irmã, a Joana é grossa, mal educada, brigona, malcriada...
— Achei que vocês estavam se dando bem, ultimamente vocês andavam tão juntas, principalmente depois do seu acidente. Olha Laura, se não fosse pela Joana, talvez você não estivesse aqui para ter essa conversa comigo. Parou para pensar que Deus tem um motivo para tudo? Que uma folha não cai sem a permissão dele? Pense bem se vale a pena ficar emburrada com ela.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...