第3章 (Cap. 3)

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(1251 palavras)

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QUANDO TERMINAMOS de vender todos os salgadinhos, ainda restavam duas horas para o fim da quermesse e irmã Maria me veio com a ideia absurda de darmos um passeio pela quermesse.

— Eu fico aqui aguardando vocês voltarem - eu disse.

— Anda Joana, vamos dar um passeio - me chamou a novata, me puxando pela mão.

— Não! Quero ficar aqui - puxei minha mão de volta.

— Deixa Laura, se ela não quer, melhor deixá-la quieta.

— Ótimo! - falei emburrado.

Elas foram, juntaram-se a mais algumas noviças e partiram para seu passeio.

— Droga, não trouxe nenhum livro!

Eu sei, devo tá com um bico enorme e o tédio está sentado aqui ao meu lado me fazendo companhia. Coloquei a mão no bolso do hábito e peguei meu terço, que sempre andava comigo. Comecei a orar e quando estava no fim do primeiro terço, fui interrompido.

— Joana?

Abri um olho e não acreditei.

— Ah, fala sério! - disse ao perceber quem havia me chamado — A barraca tá fechada. Acabaram todos os salgados!

— Eu sei, comprei os últimos, lembra? - ele entrou na barraca, vindo sentar-se ao meu lado.

— Não pode ficar aqui dentro - lhe disse com voz áspera. O que esse garoto quer?

— Se não pode, o que você tá fazendo aqui?

Peguei o terço em minhas mãos e mostrei a ele, balançando e com minhas sobrancelhas erguidas como quem diz... "Não é óbvio?"

— Você já não reza o bastante no convento, não?

— Garoto...

— Felipe - ele corrigiu.

— GAROTO! Eu oro no local que eu desejar. Deus está em toda parte.

— Sei disso, Joana. Mas as suas companheiras se divertem enquanto você fica aqui - ele apontou em torno.

— Eu estou bem aqui, quem não deveria estar aqui é você!

— Olha, eu soube que você tem boas mãos para doces e salgados - disse ele, ignorando o que eu havia dito.

— Soube por quem?

— O povo fala muito... - ele sorriu.

— E Deus perdendo tempo e não manda um raio no... na cabeça desses fofoqueiros. O que você quer?

— Ser seu amigo?

— E pra que eu iria ser s-sua amiga?

— Mesmo com muitas pessoas naquele convento, deve ser difícil não ter com quem conversar, alguém diferente, alguém de fora daqueles portões, com outra visão de mundo...

𝕾ob o VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora