(2972 palavras)
É, O dia da festa está se aproximando e eu tô ficando uma pilha de nervos. Será que devo encher o saco de Deus para ele não me deixar enfartar até lá?
Essa semana o Felipe não fez o pedido dele de costume, o que foi meio decepcionante pra mim, mas entendi, e por outro lado, eu fiquei com mais tempo livre. Irmã Maria me avisou que o Felipe virá amanhã para assar a última fornada de doces dele. Boa parte do que já fiz, foi para a sala de refrigeração do Felipe, mas tem mais algumas coisas para colocar lá. Vou aguardar ele vir amanhã e perguntar se dá pra ele levar o restante.
Naquele fim de tarde, eu fui até o laguinho e me banhei, estava já vestindo o hábito, pra retornar, quando a Laura chegou. Essa menina, tenho certeza que Deus colocou ela aqui para que testasse meu coração e ver se eu não infarto, antes dos vinte, pois ela chegou e parecia ter almofadas nos pés, já que não ouvi ela se aproximando. Coloquei o hábito e estava ajeitando o véu, para não colocá-lo com os cabelos molhados...
— Oi, Joana.
— Caramba! Que susto! Você tem almofadas nos pés? Credo!
— Nossa, tava tão distraída assim?
— Eu hein!
— Tá escondendo algo? Vem pra cá pra ficar sozinha e aprontar? Desde que cheguei, nunca a vi tomando banho no laguinho. Na verdade, eu sei que você se banha aqui, mas sempre faz quando não tem ninguém por perto, por quê?
— Primeiro, não é da sua conta. Segundo, que meleca você veio fazer aqui? E terceiro... você não tem nada melhor pra fazer do que ficar no meu pé, não?
Eu sei, foi grosso e muito mal educado, é uma autodefesa quando me assusto, mas eu tinha que sair dali e não tava gostando nenhum pouco do jeito que a Laura estava me olhando.
Antes dela me vir com coices ou desatar a chorar, eu passei por ela, com o véu na mão e o livro que eu trouxe na outra. Já estava escurecendo e eu queria voltar para o convento e me ajeitar para o jantar.
Quando cheguei à cela, a irmã Maria veio me perguntar se eu não iria participar da missa, eu disse que ia ver se conseguia tomar banho e me arrumar para isso. Apanhei um hábito novo, já que o que eu vestia estava todo molhado, um véu novo e meus itens de higiene pessoal. Ah, não contei, esses dias eu fui até a cidade, quando o Tonho foi levar a Madre até a igreja e aproveitei para ir numa farmácia e comprei algumas coisas que sempre quis usar e não tinha como comprar. Agora com dinheiro eu tenho, e aproveitei para me dar um pouco de... conforto? Ou seria vaidade? Não importa. Só sei que comprei um perfume e até produto para cabelo.
Tenho que dizer que ficou um clima péssimo entre eu e a Laura depois do que disse a ela no laguinho. Eu queria me desculpar, mas estava focado em meus problemas e pedir desculpas não era prioridade naquele dia. Após o meu banho e de eu comparecer à missa, todos fomos jantar tendo como companhia o padre José. Laura nem olhava na minha cara e eu também não fiz questão de olhar a dela... tá, olhei uma ou duas vezes no máximo e quando fiz ela estava com um bico que chegava ao meio da mesa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...