Dia 2, lembrança 2
MayaEra sábado, eu tinha alguns trabalhos para fazer, mais minha saudades estava falando mais alto. Não nos víamos a mais de dias, ela andava ocupada com a academia de boxe e eu fiquei ocupada com o colégio, então ficamos alguns dias sem si ver, apenas conversando pelo celular e para mim isso não é suficiente, então depois de eu tanto insisti, resolvemos sair para nós divertir.
Passamos o dia no shopping e em uma praça, lembro que fizemos altas fotos e todas as vezes eu me pegava olhando nossas fotos daquele dia.
Depois de passarmos o dia juntas voltamos para casa, tomamos banho juntas, trocando carinhos, nos vestimos e depois de comermos deitamos no sofá.
Passamos aquela madrugada toda, conversando, nossas conversas eram os nossos melhores passa tempo, ficarmos horas apenas nos carinhos enquanto conversávamos sobre o nosso dia a dia. No dia seguinte eu voltava para casa das minhas mães, toda besta doida para podermos ter aquele momento novamente.
Segundo dia, diante essa cama de hospital esperando ela acordar, mais dizendo os médicos, que o caso dela não está bem o suficiente para tirar ela do coma induzido, a bactéria cada dia que passa toma mais resistência e se continuar assim, corre risco dela não resistir, suas células estão diminuindo, acho que uma transfusão de sangue ajudaria, mais eu não estudo medicina, apenas estudo odontologia e não entendo nada que os médicos estão fazendo.
Naty pediu para ficar um tempo sozinha com ela, então enquanto do espaço para ela, vou ver minha pequenina.
A caminho da casa das minhas mães, passei no mercado, comprei alguns coisas para tomarmos café da manhã e lógico que não esqueci do bolo favorito dela, o bolo de chocolate com cobertura de morango, eu mesma acho ele ruim, mais se minha pequena gosta, vou fazer o quê?
Passei na farmácia, comprei fraldas e bom brinquinho já que o antigo ela avia perdido. Dirigi o caminho inteiro pensativa, querendo ou não, esse carro é carregado de lembras dela.
Ao estacionar na frente de casa, aperto o volante e respiro fundo, procurando forças para descer do carro.
Maya: - Meu Deus, me ajuda...- sinto minhas lágrimas caírem, eu não tenho forças para olhar minha pequena e ter que mentir para ela.
Limpo minhas lágrimas, pego as sacolas no banco do passageiro e desço do carro, o tranco e por um momento me pego encarando a porta de entrada, pensando se devo entrar sim ou não.
Caminho de vagar em direção a porta, já sabendo a primeira pergunta que sairá da boca de Layla.
Antes mesmo de eu chegar na porta, minha mãe apareceu, senti meu corpo congelar, pelo seu olhar estava claro que iríamos ter a pior conversa da minha vida, sou maior de idade e ainda morro de medo da minha mãe, isso é normal né?
Pérola: - bom dia!- ela fala assim que paro em sua frente- deixa eu te ajudar- minha mãe pega algumas das sacolas e então entramos na casa.
Maya: - mãe...- tento falar com ela, mais sou interrompida.
Pérola: - Maya não! Sentaremos a sós e conversaremos, não quero desculpas, não quero justificava para suas ações, você e eu vamos ter uma conversa que deveríamos ter tudo a muito tempo, então cuide da sua filha e tome seu café da manhã, por que depois, se prepare para passar horas sentada em uma cadeira, me escutando sem ter direito de falar um a- vou mentir não, essa hora meu cu, não passava nem uma agulha.
Maya: - a onde tá minha pequena?
Pérola: - ela está...- nem deu tempo dela terminar de falar, logo senti alguém abraçar minhas pernas. Logo para baixo e vejo minha pequena com os olhinhos verdes cheios de lágrimas.
Maya: - oiiee meu amor - me baixo e pego ela- o que foi minha pequena?- ela nem respondeu, agarrou meu pescoço em um abraço forte.
A decepção no olhar da minha mãe estava clara, eu sabia que depois dessa conversa que teria com ela, pode preparar papel toalha para limpar minhas lágrimas.
Maya: - pequena, não chora...- eu já estava ficando com falta de ar, Layla me segurava como se tivesse medo de eu fugir e não voltar mais- amorzinho, olha aqui pra mamãe- passo minha mão em suas costas e então sinto ela relaxar e soltar um pouco meu pescoço- tem bolo de chocolate com cobertura de morango, vamos comer?- agora ela me olha mais não fala nada, levo minha mão livre ao seu rostinho e limpo suas lágrimas- não quer comer filha?- ela só faz um sinal negativo com a cabeça- mais filha, é seu bolo favorito.
Layla: -mama...- meu estômago revira na mesma hora, eu não posso mentir para uma criança.
Maya: - filha vamo comer o bolo, depois você a mama, pode ser?- novamente o sinal positivo com a cabeça.
Pérola: - ela não quer comer nada, só perguntar de você e da Carina, fiz de tudo para ela comer alguma coisa, mais ela não aceita nada- o que eu faço agora?
Maya: - filha, lembra daquela salada de fruta que você tanto gostava?- ela faz um pequeno final positivo com a cabeça e novamente seus olhinhos se encheram de lágrimas- vamo fazer ela? Você e eu?- um pequeno sorriso apareceu em seu rosto- o que acha?- ela só beija minha bochecha como resposta- partiu cozinha então- vou para cozinha com ela nos braços, pego algumas frutas que avia na geladeira e coloco no balcão- mamãe vai te colocar na cadeirinha, tá bom?- puxo a cadeira de alimentação dela e a coloco, arrumo seu vestido e então abro uma das gavetas do armário e pego sua tigela- qual dos dois vamos colocar primeiro, morando ou uva?- mosto as frutas para ela e por um momento ela fica pensativa enquanto encara as frutas.
Layla: - essa...- ela aponta para uva, coloco o morango no balcão e então lavo a uva e a corto dentro da tigela.
Maya: - e agora filha? Morango ou abacaxi?- mostro os dois para ela.
Layla: - acaxi...- isso conseguiu me tirar um sorriso besta.
Maya: - abacaxi filha- ela fecha a cara com raiva.
Layla: - acaxi!- o Deus, que criança difícil. Caio na risada- mamãe!
Maya: - tá bom, desculpa é acaxi então- ainda sorrindo besta, corto o abacaxi e coloco na tigela- que mais vamos colocar?- ela não fala nada- só essas duas frutas, tá bom então, mamãe vai pegar o leite condensado- abro o armário, pego o leite condensado, coloco pouco já tigela e quando eu vou misturar tudo, ela toma a colher da minha mão- filha isso não pode, tem que pagar com carinho- do um tapinha de leve em sua mão. Deixo ela comendo e vou tomar meu café da manhã, me preparando psicologicamente para conversar que vou ter com minha mãe.
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Uma Segunda Chance De Amar
PoesíaGoiânia é uma grande cidade, onde Carina e Maya cresceram como irmãs, porém não com aquela relação de poderem ser bem próximas, e com isso acabou que Maya e Naty viraram melhores amigas. Carina é uma mulher intersexo, tem 21 anos de idade, da aula d...