quarenta e seis

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3 meses depois....

_ Marcella?

_ Oi tato, oi tia.- respondeu cumprimentando os dois.- Como foi a viagem? Tudo certo por lá?

_ Cansativa.- disse Renato.- Conseguimos vender a casa, fiz minha mudança pra outro condomínio, ainda temos muita coisa pra organizar por lá mas consegui uma equipe pra ajudar.

_ Imagino primo, mudanças não são fáceis.

_ E minha filha?- perguntou Genilda

_ No quarto tia, hoje é um dos dias em que o luto predomina e a culpa a atormenta.- respondeu Marcella. - Ela se culpa por tudo, diz que poderia ter evitado tudo isso se tivesse seguido as ordens do pai dela, ainda mais com essa ida recente da Gizelly.

_ Tadinha da minha filha.- falou Genilda triste pela situação de sua filha 

_ A viagem pra fora do Brasil vai fazer bem pra minha irmã.- falou Renato sentando-se em uma das poltronas. - todos precisamos de um tempo, ela principalmente e esse tempo viajando vai ser bom pra todos, ninguém quis mostrar fraqueza diante dela para que a situação não ficasse pior, temos que nos cuidar, todos nós.- finalizou pegando a mão de sua mãe e beijando.

_Infelizmente a Gi não vai estar com ela.- disse Genilda.

_ Essa viagem veio no momento certo sim, sei que vai ser difícil ela esquecer tudo que passou, a dor de perder quem ama e que apesar de tudo que viu e viveu, o Tio é pai mesmo que o preconceito tenha lhe cegado a ponto de chegar até onde chegou, em toda essa fatalidade.- disse Marcella.-A Gizelly vai estar com a Rafa em todos os lugares que ela estiver tia.

A mais velha sentiu a emoção, pois independente de onde a Rafa estivesse, Gizelly sempre estaria com ela.

_ Vou ver minha filha.-falou Genilda indo até o quarto de Rafaella.

Assim que abriu a porta do quarto, Genilda sentiu seus olhos marejarem, aquela cena de Rafaella deita abraçado aos próprios joelhos chorando era de partir o coração. A mais velha caminhou até a cama, subiu na mesma e deitou por trás da filha a abraçando com toda a força que tinha

_ Mãezinha..- Rafaella tentou falar mas seu choro foi mais forte.

_ Vai ficar tudo bem minha filha, estou aqui.- disse Genilda abraçando mais ainda.- A mamãe está aqui meu amor.

Após acalentar Rafaella em seus braços, Genilda viu que poderia falar.

_ Filha, eu sei o quanto tá doendo aí esse coraçãozinho pela perda, nos doi também o luto porém nos doi mais ainda te ver assim, você tem que parar de se culpar quando você foi uma das vítimas.- Rafaella virou-se de frente pra mãe, sentindo a mão acariciar seu rosto.- Eu me culpo por não ter te apoiado lá do início, eu sempre tive medo do seu pai em relação a sua orientação sexual, tive medo das suas ações mas não imaginaria que chegaria a isso, ele recebeu as consequências das ações dele minha filha.

_ A senhora já sabia mãe?

_ Minha filha, eu sou sua mãe e conheço vocês como a palma da minha mão.- Genilda sorriu.- Você tem que sair desse luto e viver, sei que dói, sei que poderia ser tudo diferente mas não foi ...E é hora de encarar a realidade meu amor, você tem uma viagem te esperando, lugares lindos pra conhecer e muito amor pra receber. Agora é hora de ser feliz meu amor, agora é hora de pensar um pouco em você.

_ Apesar de tudo, eu sinto falta dele.

_ Ele é seu pai meu amor, o homem que você sempre teve como um herói, um exemplo, cresceu sempre lhe obedecendo por achar que ele sempre saberia o que era melhor pra nossa família. Você tinha respeito e amava ele.

Ao Amanhecer/GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora