Capítulo 31

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Santiago Castillo

— Obrigado. — Estico a mão para pegar a taça de champanhe que a loira deslumbrante me oferece, seus olhos azuis brilhando sob a luz e seus lábios carnudos curvados em um sorriso encantador.

— Você estava com uma expressão tão séria que pensei que uma bebida ajudaria. — Sua voz é suave, quase gentil, mas cheia de uma confiança que não passa despercebida.

— Você tem razão. — Dou um gole, sentindo o líquido gelado aliviar minha garganta enquanto a encaro. Agora, sob a iluminação clara, Susana parece ainda mais jovem e atraente do que naquela noite na casa noturna. — Acho que lhe devo desculpas, não é?

— Não se preocupe com isso. — Ela ri de leve, desviando o olhar para a própria taça. — Bruno me disse que foi só um mal-entendido.

— Por favor, não seja tão generosa. — Gesticulo, pedindo que ela não amenize meu erro. — Fui um idiota, e sei disso. Eu sinto muito. — Seguro sua mão, levando-a aos lábios e depositando um beijo galante.

Susana sorri, um pouco surpresa, mas não recua. Há um brilho nos olhos dela que desperta algo em mim. É claro que, como mulher, ela me interessa. Faz tempo que não tenho ninguém, e minha mente e coração insiste em uma mulher que não me quer — uma mulher que está noiva de outro.

— Não deveria. — Ela afasta a mão, mas o sorriso permanece. — É Santiago, certo? O pai do garotinho?

— Sim. — Respondo, curioso com o rumo da conversa.

— Admito, você é muito corajoso de aparecer aqui, em uma ocasião como essa.

— César acabou de me dizer a mesma coisa. — Dou um sorriso de canto, que parece cativá-la ainda mais.

— E tem planos para depois daqui? — ela pergunta, com um tom cheio de intenções. — Sou dona de uma boate, podíamos sair e nos divertir um pouco.

É uma oferta tentadora. Susana é bonita, interessante, e claramente disponível. Seria fácil aceitar e, por algumas horas, tentar esquecer Giovanna e esse casamento que me destrói por dentro. Estou prestes a concordar quando percebo um movimento ao longe. Giovanna vem em nossa direção, o rosto sério, a carranca estampada como um aviso.

— Santiago, acho que já está na hora de você ir para casa! — Ela diz, ríspida e com uma frieza que corta como lâmina.

— O quê? Mal cheguei. — Minha voz soa calma, mas a surpresa é evidente.

— Não importa. Esta casa é minha... do meu pai. — Ela se corrige rapidamente, os olhos faiscando de determinação. — E acho que você não deveria estar aqui. Está incomodando meu noivo.

— Cunhada, por favor, não seja tão indelicada. — Susana tenta intervir, mas Giovanna a ignora completamente.

— Vamos, Santiago. Saia da minha casa. Agora.

A humilhação me atinge como um soco. Não basta assistir ao noivado dela com outro homem, ela ainda faz questão de me expulsar na frente de todos. Respiro fundo, tentando manter a compostura.

— Tudo bem. — Minha voz sai firme, mas por dentro estou despedaçado. — Filho, o papai já vai indo.

Meu pequeno larga a beyblade e corre até mim, os olhinhos já marejados. — Não, papai. Fica e bincá comigo.

Aquele pedido quase me destrói. Abraço meu filho com força, sentindo cada palavra como uma lâmina. Quando olho para Giovanna, percebo seus olhos também brilhando, as bordas avermelhadas pela emoção. Mas, como sempre, ela disfarça, mantendo a postura rígida e determinada.

— Filho, depois nos vemos, tudo bem?

Ele confirma com um aceno, mas o biquinho nos lábios deixa claro o quanto está magoado. Quando ele estende os braços para a mãe, ela o acolhe, embora evite me encarar diretamente.

— Opa! — A voz de César quebra o silêncio pesado, chamando a atenção dos convidados. — Algum problema por aqui, Santiago?

— Não, está tudo bem. — Respondo sem desviar o olhar de Giovanna, como se quisesse gravar aquele momento. — César, eu já estou indo. — Faço uma pausa, deixando a ironia escorrer pela minha voz. — E... meus parabéns pelo noivado.

Bruno observa a cena à distância, seus olhos atentos, mas nada diz. Giovanna mantém a postura rígida, como se não fosse afetada pelo que acabou de fazer. Saio dali com o orgulho ferido e o coração em pedaços.

Quando cruzo o portão, a decisão já está tomada. Não adianta mais insistir. Giovanna fez sua escolha, e lutar por ela seria inútil. É hora de seguir em frente, de virar a página. Preciso colocar minha vida em ordem, reorganizar meus pensamentos e encontrar meu próprio caminho, longe de tudo isso. Nem que seja por um tempo, vou para a Espanha. Talvez lá eu consiga o que aqui se tornou impossível: paz.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora