Capítulo 38

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Giovanna Martins

Três dias para o casamento, penso enquanto caminho com Christian pelas calçadas da rua. Minha mente está divagando sobre todos os acontecimentos dos últimos dias, eu deveria estar feliz, sim, muito feliz, mas não estou. Meu peito anda apertado e eu estou sempre sentindo vontade de chorar, minha mãe me disse que pode ser da gravidez, e que meus homônimos não vão me deixar em paz por um bom tempo. Eu já tinha passado por isso antes, e novamente estou passando tudo de novo. Enjoos, mudanças de humor, sensibilidade, e muita vontade de comer tudo que vejo pela frente, e meu corpo está mudando, estou ganhando peso muito rápido.

Decidi sair de casa e levar Christian para se divertir um pouco. Como toda essa correria de casamento, nos últimos dias eu mal tenho conseguido dar atenção a ele, e sei que ele sente falta disso, da nossa união. Antes éramos só nós dois e meu pai, agora temos muitas pessoas ao nosso redor, incluindo a minha mãe que voltou e tem me apoiado muito em todas as decisões que tenho tomado. E nossas atenções estão sempre divididas.

Enquanto penso em tudo o que está acontecendo percebo que Christian puxa a manga da minha blusa sem parar, me tirando dos meus pensamentos.

Tabalho do papai! — ele diz e aponta para o gigantesco edifício espelhado que está atrás de nós.

— Ah! É verdade, seu pai trabalha aqui — digo e continuo caminhando, mas meu filho para bruscamente, e tenta a todo custo desprender-se das minhas mãos, contorcendo-a para todos os lados.

O seguro mais firme.

— Não pode andar na rua, sem dar a mão, Christian — digo. E continuo caminhando. Quando meu celular toca, e eu deixo seus dedinhos por alguns segundos para puxar o aparelho da bolsa, ele usa da pouca liberdade para driblar algumas pessoas que vem na contra mão e corre para dentro da recepção do prédio.

— Christian, volta aqui! — grito e me esforço o máximo que posso para alcançá-lo.

O pego pelo braço ainda sentindo meu peito subir e descer não só pelo esforço de correr atrás dele, como pelo medo dele tentar atravessar a rua movimentada. — Nunca mais faz isso! — eu o repreendo e ele estica o beicinho para chorar.

Quéo o papai, mamãe — ele diz coçando os olhinhos.

— Quero isso, quero aquilo, você vive querendo tudo! — bufo irritada.

Droga, minha mãe tem razão, meus hormônios vão me deixar louca ainda. Agora pouco eu estava triste, e agora estou triste, zangada e trêmula.

— Papai! — o menino enfia dedinho na boca, e começa chupar enquanto seus olhos brilham com o choro forçado.

Respiro fundo e tento manter a calma.

— Só se me prometer que não vai correr na rua novamente!

Pometo — ele diz me convencendo com seus olhinhos brilhantes.

— Tudo bem, não precisa chorar, nós podemos ver seu pai, mas não dou garantias, ele é um homem muito ocupado e... Christian! — quando dou por mim meu filho já está em pé na porta do elevador, apertando o botão repetidas vezes, sorrindo e animado.

Assim que as portas do elevador se abrem, me vejo na gigantesca recepção da FAST. Faz tanto tempo que não venho nesse lugar, penso olhando tudo à minha volta e caminho em direção a mesa da Ana Julia. Nada mudou muito, ainda há uma mesa cheia de protótipos de móveis no canto, as persianas continuam cinzas em sem graça, as salas todas com portas fechadas e muitos espaços vagos. O conjunto de sofá branco que contornam toda a recepção ainda continua intacto junto da decoração futurista que compõe o lugar.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora