Capítulo 25

1.4K 121 5
                                    

Giovanna Martins

Sinto beijos suaves nos ombros, mãos grandes e firmes subindo pelas minhas costas, seguidas de movimentos sensuais que quase me fazem esquecer onde estou. As lembranças da noite passada começam a se refrescar na minha memória, e, enquanto esfrego as pernas nos lençóis de seda, me espreguiço, tentando dar um tempo para os pensamentos se acalmarem.

Bruno está deitado ao meu lado, paciente, me despertando com o carinho de sempre.

— Meu amor, acorda. Santiago vai trazer o Christian para levarmos à praia — sua voz suave soa como um convite para começar o dia. — E eu preparei o seu café da manhã.

Abro os olhos devagar, sentindo a luz do dia entrar pela janela. Bruno está ali, ao meu lado, com a calça branca solta, cabelo e barba bagunçados, e aqueles olhos sonolentos que me olham com tanta ternura que me pego sorrindo sem querer.

Já se passou uma semana desde aquele momento com Santiago. O beijo que trocamos, a maneira como ele me fez sentir como se ainda estivesse viva para ele... Não posso esquecer, não posso. Mas eu decidi que seria com Bruno que eu seguiria, custe o que custar. Tentei fazer da noite passada um ponto de virada, me entregando a ele com todo o amor que eu ainda guardava dentro de mim, com a intenção de reafirmar esse compromisso.

— Bom dia — me estico na cama king size e me sento, puxando o lençol para cobrir a minha nudez.

A bandeja de café da manhã está à minha frente, cheia de delícias que fazem meu estômago roncar de imediato. Pão, frutas frescas, bolo e sucos coloridos.

— Amor — Bruno me dá beijinhos suaves e segura as minhas mãos com carinho. — Nossa noite foi maravilhosa. Você foi incrível. — Ele acaricia minha barba e sorri, me fazendo lembrar de cada detalhe da noite que passamos juntos.

— E você foi perfeito — respondo com um sorriso genuíno.

Ele ri e se levanta da cama, indo até uma mesa onde pegou um envelope dourado.

— Tenho algo para você — ele diz com um brilho no olhar.

— Presente? — pergunto, curiosa, enquanto me ajeito na cama.

— Isso — ele entrega o envelope e observa meus olhos se abrirem ao ver o que está dentro.

Abro a embalagem com cuidado e, ao ver o que está dentro, não posso esconder a surpresa. Um cartão de crédito Brack Internacional e uma chave.

— O que é isso? — pergunto, confusa.

— Para você, meu amor — Bruno sorri com a voz suave. — Esse cartão é para você comprar o que precisar para o nosso novo lar. E a chave... é da cobertura. Você disse que gostou da localização, com vista para a praia, e eu pensei que seria perfeito começarmos nossa vida de casados aqui. O que acha?

Eu fico em silêncio por um instante, tentando processar as palavras dele.

— Acho perfeito! — minha voz sai com emoção. Ele realmente me surpreende.

— Eu sei que o casamento está a alguns meses, mas queria que você fosse cuidando de tudo — ele diz com um tom doce, quase imperceptível, mas carregado de carinho. — Enxoval, a casa, tudo o que podemos fazer agora.

— Ah, Bruno, você é tão fofo! — dou um beijo carinhoso na parte de baixo do seu queixo, e ele ri, empurrando uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.

— Agora, vamos lá... — ele sorri de volta, puxando-me para um beijo rápido, antes de me falar em tom grave: — Preparei a água do seu banho, e não se esqueça, depois da praia, vamos dar a notícia ao seu pai sobre o casamento.

— Meu Deus! — me levanto rapidamente, sentindo o pânico tomar conta de mim. — Ele chega hoje?!

— Sim, e eu quero estar ao seu lado nesse momento.

— Acho que vou pedir para ele fazer um eletrocardiograma antes — brinco nervosa. — Não sei se seu coração está preparado para receber essa notícia.

Bruno ri e me dá um tapinha na bunda, antes de me ver correr para o banheiro.

— Vai logo, sua gostosa! — ele diz com um sorriso travesso.

Minutos depois, estamos atravessando o lobby do prédio. Estou usando um short simples, a parte de cima do meu biquíni, minha bolsa de palha no ombro, chapéu na cabeça, óculos escuros no rosto e chinelos nos pés.

De mãos dadas com Bruno, caminho em direção ao ponto onde combinamos de nos encontrar com Santiago. Hoje é meu dia de ficar com Christian. Depois da última conversa que tivemos, decidimos alternar os dias para evitar mais tensões, diminuir os encontros entre Bruno e Santiago, e dar mais espaço para a convivência de todos.

Quando o Mustang preto para na frente do prédio, Christian sai de lá com sua mochila da Patrulha Canina, pulando de alegria. Ele adora ir à praia.

Eu o abraço com força, matando a saudade que me consumiu nas últimas 24 horas, e Bruno faz o mesmo. Já começa a prometer comprar tudo o que está à venda para ele, fazendo-me rir.

Observo Santiago sair do carro. Ele tira os óculos escuros, sacode a cabeça de forma elegante, o que só aumenta o charme dele. Ele está com uma bermuda jeans preta, uma camisa polo branca e sapatênis, e o jeito como anda, charmoso e galanteador, é impossível de ignorar.

— Bom dia! — ele diz, chegando perto.

— Bom dia! — respondemos juntos, e a tensão cresce no ar.

Santiago entrega a bolsa para Bruno, que a recebe sem dizer nada, e beija a cabeça de Christian com carinho.

— Bruno, será que podemos conversar? Vai ser rápido — Santiago diz, e eu vejo Bruno concordar. Sinto um nó na garganta, sabendo que, mais uma vez, eles vão falar sobre algo sem eu saber o que é.

Os dois se afastam para um canto mais reservado. Santiago faz gestos enquanto fala, explicando algo com seriedade. Bruno permanece escutando, a cabeça baixa, ouvindo com atenção, mas sem responder. Depois de alguns minutos, eles apertam as mãos e voltam em minha direção, ambos com os olhos fixos em mim, mais uma vez.

— Tchau! — Santiago diz rapidamente, beijando a cabeça do filho mais uma vez. — Vai se comportar?

— Quéo aquilo — Christian aponta para algumas pranchas de surf enterradas na areia.

— Não me respondeu à pergunta: vai obedecer a sua mãe e o tio Bruno? — Santiago parece insistir, e a palavra "tio" sai com mais intensidade, como se estivesse tentando reforçar algum tipo de limite.

— Sim, papai! — Christian responde com entusiasmo.

Quando Santiago se despede, seu olhar é breve, mas carregado de algo que não sei identificar. Ele age como se respeitasse nosso relacionamento, mas não posso deixar de sentir que ele está mexido por tudo o que aconteceu. Ele se vai, mas o peso das suas palavras fica no ar, como uma sombra.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora