Santiago Castillo
Os slides estão sendo reproduzidos na sala de reuniões, e a diretora de Marketing, está lá na frente falando a respeito das novas propostas para a próxima campanha, mas tudo o que consigo fazer é olhar os gráficos coloridos sem nenhum interesse.
As notícias dos últimos dias me abalaram bastante. A gravidez de Giovanna e a pressa do casamento me tirou todo e qualquer vestígio de esperança de reconquistá-la. Ainda me pergunto o porquê ainda não entrei em um avião para a Europa, porque ainda estou aqui suportando tudo isso. Parece que há uma força invisível que me impede de ir, algo como uma pequena voz no meu interior que todos os dias sussurra baixinho me dizendo que Giovanna ainda vai precisar de mim.
— O que acha senhor, Castillo — A Lider do Marketing fala olhando em minha direção.
— Ótimo, gostei de tudo, absolutamente tudo! — respondo automaticamente e vejo meus companheiros de bancada me olhar com estranheza.
Um dos meus sócios faz uma pergunta, e logo os homens engravatados começam a debater coisas e mais coisas e tudo o que quero é que essa reunião acabe logo. Depois de mais longos quarenta minutos, estamos todos saindo da sala de reuniões da empresa, sem nada definido, uma outra reunião precisará ser marcada e eu já não tenho paciência para isso, definitivamente eu preciso de um pouco de descanso.
Passo por Ana Júlia, minha secretária, e a cumprimento sem muita energia. Ela, está um tanto nervosa, se levanta da mesa e vem tentando me acompanhar, apressada e visivelmente aflita.
— Senhor, desculpe, eu tentei... disse que ela precisava esperar, mas não o fez... — Ela fala, desviando o olhar e ajeitando os óculos, empurrando-os novamente para o nariz, como se se preparasse para uma repreensão.
Olho para ela, ainda sem entender o que ela quer dizer.
— O que aconteceu? — pergunto, sem paciência.
— A sua ex-mulher está na sua sala — ela diz, com um tom de quem já está esperando ser advertida. Ela abaixa a cabeça, visivelmente desconfortável.
Suspiro, já exausto demais para discutir com Ana Júlia.
— Tudo bem, Ana, volta para a sua mesa — digo, e sigo em frente, com a mente já distante da conversa.
Abro as portas de vidro do meu escritório e lá está Amanda, sentada nos sofás de espera. Sua postura é impecável, como sempre; coluna ereta, vestido social rosa e um sobretudo preto. Sua bolsa grande repousa sobre suas pernas cruzadas. O tom mais claro dos seus cabelos loiros parece refletir a luz do ambiente, e seus olhos azuis, quase cristalinos, me transmitem uma calma desconcertante.
— O que você quer? — Pergunto, tirando o paletó e jogando-o sobre a cadeira acolchoada da sala.
— Eu vim conversar com você — diz ela, olhando-me com aquele tom arrependido que começou a usar depois de eu descobrir a verdade.
— Fala logo! — respondo, seco. — Não tenho tempo. Estou muito ocupado hoje.
— Eu vim dizer que não quero mais ficar com a sua casa, na verdade, estou indo embora para os Estados Unidos. Vou passar um tempo com a minha família.
Fico parado, me encostando na mesa enquanto cruzo as pernas, observando Amanda. Não posso acreditar que ela mudou de ideia tão rapidamente.
— Por que não quer mais a casa? — Pergunto, sem entender.
— Porque era dos seus pais, uma herança de família. É muito grande, e eu tenho passado mais tempo no meu apartamento do que lá — ela se levanta, caminhando até mim com aquele olhar de "cão abandonado" que ela sempre teve. — Santiago, eu andei pensando... e... e se nós tentássemos de novo?
Solto uma risada sem humor.
— Você acha que é simples assim? Voltar para você? Ficar com você? Não, Amanda. Não depois de tudo o que você fez!
— Santiago, tudo isso por causa daquela menina? Ela não te merecia, eu fiz o que tinha que ser feito! — Ela perde a compostura, esquecendo-se da pose de boa moça, e se exalta, apenas me dando mais razões para cortar qualquer possibilidade de volta.
— Se veio tentar me fazer mudar de ideia, perdeu seu tempo. O meu posicionamento é o mesmo! Não volto para você. E não volto para aquela casa enquanto você ainda estiver morando lá.
Ela toca o meu peito, seus olhos tentando estabelecer um contato que já não existe mais entre nós.
— Santiago... eu sinto muito, eu só quero você! — Ela diz, sua voz mais suave, mas sem convencer.
Mantenho minha postura gélida, sem me mover ou ceder. Ela pode ser bonita, mas é vazia, sem caráter. Quando estou prestes a mandar ela embora de vez, a porta da sala se abre, e Giovanna entra, com uma expressão zangada, segurando as mãos de Christian.
— Papai! — Christian grita, correndo em minha direção, e, surpreso, abro os braços para recebê-lo.
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Depois que tudo deu errado
RomanceNo passado Giovanna Martins viveu um romance intenso com Santiago Castillo, o pai de seu filho Christian de apenas quatro anos. Juntos eles enfrentaram muitas circunstâncias que nem sempre foram a favor desse amor deixando muitas marcas e mágoas ent...