Capítulo 45

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Santiago Castillo

— O que deu nela? — Susana pergunta, olhando-me com as sobrancelhas franzidas enquanto caminho apressado em direção ao quarto. Minhas mãos estão cerradas em punhos, e o único pensamento que ecoa na minha mente é: preciso ir atrás de Giovanna.

— Não sei, pensando besteira de nós dois — respondo, tentando manter o tom firme, mas o tremor na minha voz entrega minha irritação.

— Como assim? — Ela me segue, visivelmente confusa, parando na porta enquanto começo a abrir o closet com movimentos bruscos.

— Ela deve ter pensado que passamos a noite juntos, achou que estava atrapalhando — explico, passando os olhos rapidamente pelas roupas penduradas até encontrar uma camisa em "v" amarela. Perfeita.

Susana ri, mas o som é seco, quase debochado.
— Não foi por falta de vontade — ela retruca, apoiando-se no batente da porta com os braços cruzados.

Paro por um instante, respiro fundo e olho para ela.
— Susana, por favor, não é hora para isso.

Ela suspira e se senta na beira da cama, os ombros caídos, mas a postura ainda carregada de provocação.
— Ah, eu não entendo, Santiago. Estou aqui, me oferecendo, e você me rejeita. Nunca em toda minha vida homem algum me rejeitou.

Termino de vestir a camisa e a encaro, tentando manter a calma.
— Já disse: não vou me deitar com você sem ter a intenção de levar você a sério. Não sou esse tipo de homem. Somos de gerações diferentes. Na minha geração, ir para cama com uma mulher tinha algum significado. Hoje em dia, parece que tudo virou brincadeira — digo, com firmeza, enquanto ajeito os punhos da camisa.

Ela ri de novo, mas dessa vez é uma risada amarga.
— Então quer dizer que você é das antigas? — Seus olhos se estreitam, desafiadores.

— Sim e não. Não é sobre ser antiquado, é sobre respeito. Eu só não tenho mais idade ou paciência para aventuras sem sentido.

— Ah, então me explica: por que diabos engravidou a Giovanna se nem estão juntos?

A pergunta me atinge como um tapa. Paro por um instante, apertando os lábios antes de responder.
— Não estar juntos — passo a camisa pela cabeça e respiro fundo — não significa que eu não a quis levar a sério.

Susana bufa, derrotada, levantando-se da cama com um olhar de frustração e irritação.
— Tudo bem, senhor certinho. Vou para o meu apartamento. Deixar você em paz. E obrigada pela roupa, depois devolvo. — Ela sai do quarto, deixando o som de seus saltos ecoar no corredor.

Assim que ela fecha a porta, sinto o peso do silêncio, mas não tenho tempo para digerir o que acabou de acontecer. Preciso encontrar Giovanna.

Depois de vestido, pego a chave do meu carro e entro nele dando partida, mas o maldito trânsito me atrapalha. Estou preso há mais de uma hora por causa de um acidente na avenida principal que leva até a cobertura onde Giovanna está morando. A cada minuto que passa, minha impaciência cresce, minhas mãos apertam o volante com força enquanto tento, inutilmente, ligar para ela. Nenhuma resposta.

Minha mente não para de rodar. Ela deve estar pensando o pior. Por que não tentei explicar antes? Por que sempre espero até tudo sair do controle?

Finalmente, quando chego à gigantesca porta do apartamento, sinto um alívio momentâneo. Respiro fundo e toco a campainha. Quem me atende é Manoela, a mãe de Giovanna.

— Santiago? — ela diz, surpresa, mas sem hostilidade.

— Oi, dona Manoela. — Cumprimento-a com um beijo na bochecha, sem conseguir esconder minha tensão. — Sei que hoje não é meu dia de ficar com Christian... — começo, coçando a nuca, nervoso. — Mas eu vim...

— Giovanna e Christian saíram há poucos minutos — ela me interrompe, cruzando os braços. — Minha filha estava tão tensa... arrumou as malas e saiu com o garoto. — Manoela me olha com um ar inquisitivo, mas logo abre passagem para eu entrar. — Você aprontou de novo? Porque quando minha filha fica assim tão estressada, é porque...

— Para onde ela foi? — a interrompo, segurando seus braços com firmeza, mas sem força. — Por favor, me diga.

Manoela suspira, fechando a porta com calma, mas seu olhar permanece fixo em mim.

— Santiago, eu sei de tudo. — Ela aponta para uma cadeira e faço como sugerido, sentando-me de frente para ela. Sua expressão mistura desaprovação e compaixão. — Sei que minha filha não estava noiva por amor. Sei que ela te ama. E que foi por ciúmes de você com Susana que ela expulsou aquela mulher da festa de noivado.

Minha mente fica em branco por alguns segundos.

— Então era isso? — murmuro, mais para mim do que para ela.

— Sim. Giovanna me contou tudo. — Manoela gesticula com as mãos, como quem carrega o peso de um segredo por muito tempo. — Disse que, no dia em que ia terminar tudo com Bruno e finalmente voltar para você, descobriu que estava grávida. Ela achou que não tinha o direito de tirar de Bruno a felicidade de ser pai e, por isso, seguiu com o casamento. — Ela faz uma pausa e volta a falar. — Minha filha está passando por muita coisa, Santiago. Dá esse tempo para ela.

Balanço a cabeça, negando com veemência.

— Por favor, dona Manoela, preciso muito saber onde ela está. Já dei tempo demais. Se eu não fizer algo agora, vou perdê-la novamente.

Ela me encara com olhos cansados, mas analíticos, como se tentasse decidir se eu realmente mereço a confiança dela.

— Santiago, eu não sei se é uma boa ideia...

— Por favor — a interrompo, minha voz aflita quase suplicante. — Eu amo sua filha. Não posso deixá-la ir assim.

Manoela solta um longo suspiro, levantando-se e caminhando até uma pequena mesa onde uma agenda está aberta.

— Ela deixou o endereço anotado aqui em caso de emergência.

Enquanto ela folheia as páginas, meu coração dispara.

— Não a decepcione, Santiago. Minha filha não suporta mais desilusões.

Seguro o papel com o endereço como se fosse a chave para recuperar o que perdi.

— Obrigado, dona Manoela. Prometo que não vou.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora