Giovanna Martins
É tarde da noite e eu não consigo pregar os olhos. A verdade é que depois de ter conversado com Santiago a respeito do pedido de casamento de Bruno, minha cabeça ficou cheia de dúvidas. Será que isso tudo é precipitado? Bruno e eu nem estamos tanto tempo juntos para termos a certeza de um casamento, e isso me deixa muito assustada.
Me remexo na cama pensando nos "demônios" que me atormentam. Se estou seguindo o caminho certo ou me iludindo mais um pouco é uma coisa que só o tempo irá dizer. É uma pena que meu pai tenha viajado, se ele estivesse aqui, saberia me aconselhar, mas de qualquer forma eu já sou uma mulher adulta, não posso mais depender dele para tomar as minhas decisões, e ele parece se intrometer a cada dia menos nos meus assuntos.
Afofo o travesseiro e ajeito a cabeça nele pela "enésima" vez, fecho os olhos e tento me concentrar em alguma coisa que não seja os meus temores, e de repente ouço pequenos estalos na janela do meu quarto.
Levanto a cabeça devagar e ouço outro barulho, muito parecido com o primeiro. Sem pensar muito, me levanto da cama, calço minhas pantufas e me visto com meu robe de seda vermelho. Vou até as janelas do quarto, abro a cortina e me deparo com uma daquelas cenas clichês de livros. Santiago está lá embaixo, no jardim, atirando pedras na janela para me acordar.
Inclino a cabeça para fora da janela e sussurro, tentando não acordar meu filho, que dorme no quarto ao lado.
— Santiago? O que você quer, nessa hora?
— Não consegui dormir pensando nessa história de casamento. Precisamos conversar.
— Já são... — olho para o relógio cuco pendurado na parede — meia-noite! Isso não é hora para conversa.
— Vai me fazer vir até aí, ou você vem até a porta? Se não abrir, vou continuar atirando pedras até quebrar essa janela.
— Santiago, você enlouqueceu? Tá maluco?
— Não. Eu sou pai. E o homem que se preocupa com você.
Ah!
Suspiro, me sentindo fraca diante da insistência dele. Não consigo resistir.
— Espera só um segundo.
Saio do quarto em passos leves para não acordar meu filho e desço as escadas até o primeiro andar. Acendo a luz da entrada, caminho até a grande porta e, quando abro, vejo Santiago ali, parado, com as mãos enfiadas nos bolsos da bermuda, me olhando com olhos de súplica.
— O que você quer, a essa hora, Santiago? — minha voz sai mais cansada do que eu queria.
— Conversar. Já te disse.
— Conversar sobre o quê? E, diga-me, por que estava jogando pedrinhas na janela em vez de me ligar?
— Achei romântico.
Eu rio sem querer, tapando a boca para não fazer barulho. Não posso deixar ele me fazer rir, mas não consigo segurar.
— Romântico? — repito, com um sorriso irônico. — Você acha que isso é romântico?
— Não me venha com essa. Até onde eu sei, você sempre gostou desse tipo de coisa — diz ele, com a cara levemente emburrada.
— Gostava, Santiago. Gostava — respondo, agora mais séria.
Nos encaramos por um tempo. Uma brisa fria sopra e me toca, me lembrando que Santiago ainda está do lado de fora, e que está bem frio para a estação. Eu sinto um calafrio, mas tento ignorar.
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Depois que tudo deu errado
RomantizmNo passado Giovanna Martins viveu um romance intenso com Santiago Castillo, o pai de seu filho Christian de apenas quatro anos. Juntos eles enfrentaram muitas circunstâncias que nem sempre foram a favor desse amor deixando muitas marcas e mágoas ent...