Capítulo 55

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Giovanna Martins

Entro no meu quarto chorando, lamentando por tudo, eu sabia que aquele dia chegaria, eu só não sabia que seria tão triste e doloroso. A sensação que deu era que eu não sentia o mínimo de consideração por Bruno, mas sim eu sentia muito por ele ter perdido a vida tão cedo, mas eu não tinha culpa e não poderia continuar presa a um fantasma quando a minha felicidade estava ao lado do Santiago.

Me deito na cama e me encolho sentindo o mais terrível pesar queimar dentro do meu peito, quando a porta se abre e eu vejo a barba grisalha do meu pai, logo em seguida minha mãe entra atrás do meu pai e fecha a porta, ambos se sentam na beirada da cama completamente reflexivo, talvez sem saber por onde começar a conversa.

— Se vieram me censurar por ter dito a verdade, podem ir embora.

Minha mãe paga a minha mão.

— Filha, nós nunca ficaríamos contra você.

— Querida... eu não sabia que você pensava aquilo ao meu respeito.

Me sento na cama e encaro meu pai.

— O senhor nunca está feliz com nada que eu tenha feito até o dia de hoje, implicou com Santiago, implicou com Bruno e eu sinceramente não sei mais o que fazer para te agradar — desabafo.

— E quem disse que você precisa me agradar, Giovanna? Eu sou seu pai, sempre quis o melhor para você, olha — ele aponta para a minha mãe — fui longe atrás da sua mãe porque eu sabia que você precisava dela. Eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para vê-la sorrir, minha menina! — Ele alisa meu rosto com carinho e limpa uma lágrima.

— É filha, mesmo eu estando presente na sua vida por pouco tempo, percebo a forma como seu pai te ama. Não precisa viver uma vida oposta ao que te faz feliz para agradar os outros. Todos Sabemos que você ama o Santiago, e nós só queremos ver a sua felicidade.

Olho para a minha mãe.

— E vocês não se importam que eu volte para ele?

— Não! Não importamos, não é mesmo César?

Meu pai me dá um beijo no meio da testa.

— É claro que não filha, se é ele quem te faz feliz, siga em frente.

Meus pais me abraçam de uma forma carinhosa, me fazendo sentir melhor. Eu sabia que esclarecer as coisas poderiam ser difíceis, mas eu sabia que seria o melhor para todos.

***

Santiago Castillo

Estou com a cabeça baixa, olhando para o cadarço do meu tênis, os cotovelos descansados em cima dos joelhos e os dedos entrelaçados, quando o som de passos se aproxima. Levanto o olhar e vejo Giovanna, acompanhada pelos pais. Seus olhos estão vermelhos, indicando que chorou muito, mas eu ainda nutro a esperança de que tudo se esclareceu.

Eles se aproximam, e César fica dois ou três passos atrás, com o olhar distante, enquanto Manoela, com um gesto maternal, apoia a mão nas costas de Giovanna.

Me levanto, meu coração acelera. Giovanna, com a mão sobre a barriga, tenta forçar um sorriso. O gesto é frágil, mas eu sei que a decisão dela já está tomada.

— Santiago — ela diz meu nome, quase como um suspiro, o tom carregado de emoção.

— Oi, meu amor... — Respondo, o sorriso no rosto se ampliando ao vê-la tão decidida.

Ela limpa as lágrimas que ainda teimam em cair e fala, com firmeza, como nunca antes.

— Eu vou fazer as malas. Nós vamos para a Espanha, juntos.

O alívio que sinto é imediato, e não consigo conter o sorriso que brota em meu rosto. Me aproximo, seguro suas mãos com delicadeza, e deposito um beijo suave em sua testa.

— Certo. Prometo que você não vai se decepcionar.

Antes que eu possa dizer mais, ou sentir a calma que vem com a promessa de um novo começo, Christian entra correndo pela cozinha, suas mãozinhas buscando as minhas. Ele pula no meu colo e se enrosca ao meu pescoço, me abraçando com força. Vanessa, logo atrás, dá um passo à frente e nos envolve, completando aquele abraço em família. Sinto a energia daquela cena, o calor da nossa união.

É nesse momento que, finalmente, depois de tantos anos de incertezas e dores, eu percebo. Estou indo pelo caminho certo.

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora