Capítulo 46

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Santiago Castillo

Encosto o carro na entrada da bela casa de dois andares, estilo campestre, com faixa de pedras nas laterais das grandes paredes de madeira. A casa foi construída no meio da paisagem natural, cercada por árvores e vegetações naturais, incluindo o lago, criando um estilo rústico e harmônico tendo a natureza como perfil.

Confiro no papel se realmente estou no endereço certo, e confirmo que sim, quando vejo o ponto de referência deixado na agenda de Manoela. "Logo em frente da casa há um lago com pedalinhos".

Saio do carro e subo os pequenos degraus de pedra, e percebo que a porta está aberta, aparentemente não há ninguém em casa, então empurro a porta e vou me deixando ser guiado, através dos brinquedos e que estão com jogados pelo chão, até o perceber que as portas que dão para o jardim dos fundos estão abertas.

Já está de noite, consigo ouvir os grilos cantando. A pouca iluminação que a casa possui, me permite ficar escondido atrás da porta, vendo Giovanna e Christian deitados na grama, olhando para o céu estrelado, sem que eles percebam a minha presença. A noite está tão bonita.

— É ele mamãe? — Christina aponta para o céu.

— Sim, filho ele virou uma estrelinha — Giovanna fala com o tom cheio de emoção, enquanto Christian deita a cabeça em seu peito.

A cena é comovente, mas eu fico calado, apenas ouvindo o que eles dizem.

— Titio Buno é uma estrelinha — o menino levanta os bracinhos e aponta para o alto. — Titio Buno! — o garoto acena para o alto. — Como é aí em cima? Mamãe, ele não responde! — bravo o menino cruza os braços.

— Ele não entende meu amor, as estrelas falam outra língua.

— Eu também vou ser uma estrelinha, mamãe?

— Sim meu amor, um dia todos nós vamos virar uma estrelinha — Giovanna responde. — Mas tem uns que viram estrelas primeiro. E é por isso que devemos nos amar muito, porque dói muito saber que uma pessoa se tornou uma estrela, porque só vamos tê-la em nossa memória e no céu.

— É muito alto! Muito alto! — O garoto diz e olha para o rosto da mãe. — Não chóa mamãe, papai Santiago disse que vai cuidar da gente. — Sorrio com o que ouço e vejo.

— Seu pai? O seu pai é um pilantr...

— Hum-Rum! — Limpo a garganta e Giovanna se levanta da grama assustada, e olha em minha direção limpando o rosto.

— O que está fazendo aqui? Como entrou aqui?

— Pela porta!

— Papai! — meu filho corre para me abraçar com toda sua inocência.

— Ia falar mal de mim para o nosso filho? E eu aqui, esse tempo todo assistindo essa cena tão bonita — falo em deboche e vejo os olhos de Giovanna se estreitando enquanto pego meu filho no colo e o beijo no topo da cabeça.

— Estava aqui esse tempo todo?

— Sim! — ponho o menino no chão. — Filho, vá catar os brinquedos que estão jogados — Dou uma tapinha em seu bumbum e ele sai correndo para dentro da casa.

— Quem te deu o endereço?... Ah! Minha mãe! — ela joga os braços pro alto e se levanta irritada com a postura rígida.

— Precisamos conversar?

— Engraçado... não tenho nada para conversar — ela tenta passar por mim, mas a seguro delicadamente pelo braço.

— Está sendo infantil, menina — falo e ela puxa o braço.

— Para de me chamar de menina! E não! Eu não estou sendo infantil — ela caminha em direção a sala da casa e se senta no sofá cruzando os braços.

— Então é o quê, senão infantilidade?

— Raiva, ódio, ciú...

— Fala...! — me aproximo sorrindo... — Confessa, Giovanna, que você está com ciúmes.

— Não! E sabe de uma coisa. Eu vim passar o final de semana com o meu filho! E pelo que me lembro, não te convidei.

— Sei que está pensando mal de mim e Susana, mas eu garanto! Posso explicar, eu não dormi com ela, não dormi!

— Ah! Só tomaram banho juntinhos — ela fala cheia de sarcasmos sacudindo o braço.

— Não, não fizemos nada! Eu não a toquei!

— Prova? — Ela retruca.

Retiro o celular do bolso e aponto em sua direção.

— Liga para ela, e pergunta. Vamos mocinha... liga!

Ela fica paralisada me olhando.

— Quer saber de uma coisa, Santiago? Se você dormiu ou não com ela é um problema seu— me sento no sofá e mesmo que ela não demonstre nenhum interesse nas minhas explicações começo a falar. — Nós fomos à boate juntos. Ela bebeu muito, e não queria chegar na cobertura bêbada, então a levei para passar a noite na minha casa. Dormimos em quartos separados, e eu emprestei uma roupa minha porque a dela estava toda vomitada.

— E porque ambos estavam de cabelo molhado, como se estivesse acabado de sair da banheira?

Rio do tamanho de sua imaginação.

— Foi por pura coincidência, mulher! Eu acordei primeiro e tomei um banho demorado na minha suíte, ele acordou logo depois e tomou banho no banheiro do corredor. Por isso ambos estavam com os cabelos molhados — a puxo para meu lado e ela se senta reflexiva.

— Eu pensei que vocês estivessem tendo um caso — ela fala, e vejo seus olhos brilharem.

Rio de suas palavras e puxo suas mãos para cima da minha.

— Não, Giovanna, não estamos tendo um caso. Tira isso da sua cabeça.

— E porque andam tão juntos ultimamente? — ela fala com a voz chorosa e tenta esconder a raiva que sente.

— Por que — puxo seu rosto delicado e olho em seus olhos —, Bruno antes de morrer, me pediu para cuidar dela.

— O quê?

— Isso mesmo, e de você também e do bebê, então para de pensar bobagens ao meu respeito e me dá uma chance de provar meu valor como homem — falo e ela me olha forçando um semblante sério para não rir. — Me deixa cuidar de você e dessa criança, poder estar perto como nunca consegui com Christian. Por favor Giovanna me dá esse privilégio.

— Não sei Santiago, tem muita coisa em jogo, e eu não quero mais magoar ninguém — ela volta a aderir seu semblante triste e se levanta do sofá. — Preciso pensar... preciso de um tempo.

— Eu posso ficar? Passar o final de semana com vocês?

— Fica — Ela me dá um as costas e entra para algum cômodo da casa. 

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora