Capítulo 50

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Santiago Castillo 

Depois de colocar Giovanna no elevador junto das malas e Christian me despeço, e vejo a caixa de metal fechar e elevar uma parte de mim. E mesmo que eu sinta vontade de enfiar Giovanna e nosso filho dentro do carro e levá-los para a minha casa onde eu possa cuidar e zelar por eles, sinto o alívio, por saber que finalmente tudo está ficando bem.

— Oi! — Sinto dedos me cutucar no ombro. Olho para trás deixando meus pensamentos e vejo Susana.

—Ah!... Oi! — digo e ela sorri me mostrando seus lindos dentes perfeitos.

— Está chegando ou saindo?

— Saindo, eu vim trazer a Giovanna e o Christian, estávamos na casa de férias dela.

— Oh! — seus lábios se contraem junto de sua feição, seu sorriso se transforma em um deserto. — Então, vocês estavam juntos?

— É, e eu, queria muito conversar com você, precisamos....

Meu celular toca, eu deveria ignorar, porque o assunto a ser tratado é muito delicado, preciso deixar claro quais são as minhas intenções ao me aproximar dela, não quero que ela confunda as coisas. Mas, quando olho a tela do aparelho, perco a fala. "Lucas".

— Só um minuto — digo e me afasto para perto do balcão da recepção. Deslizo o dedo na tela e coloco o aparelho no ouvido enquanto olho para as luzes dos postes que começam a apresentar a noite que vem chegando — Lucas?

— Fala maninho, estou na porta da sua casa — do outro lado da linha meu irmão do meio me faz imaginar que ele está na minha antiga casa, já que eu não havia contado para ninguém que eu tinha deixado a casa para a Amanda .

— Você está no Brasil? — falo sentindo a felicidade preencher meu rosto com um sorriso incrédulo.

— Sim... Papai me mandou vir atrás de você. Ninguém mandou desmarcar duas viagens para a Espanha, mamãe ficou nervosa imaginado um monte de coisas e me mandaram na missão de te levar para casa.

— Lucas, presta a atenção, eu estou morando em outra casa, agora. Vou te mandar um SMS com meu endereço novo.

— Ah! Tá explicado porque não tem bebidas na sua adega — ouço o riso divertido do meu irmão. — Beleza, eu já não queria ficar aqui mesmo, tá parecendo uma casa mal assombrada.

Rio e encerro a ligação.

— Alguém importante? —Susana se aproxima.

— Meu irmão — falo sorrindo —, chegou de viagem, estou indo me encontrar com ele, então... — Me inclino e dou um beijo em sua cabeça. — Seja uma boa moça e até mais...

***

Quando estaciono o carro na porta da minha garagem, vejo um Mustang preto parado no asfalto, logo não tenho dúvidas de quem seja "o meu irmão baderneiro". Adiante o homem de porte Atlético um pouco mais baixo que eu, que usa uma camisa xadrez, e um relógio caro no pulso, se aproxima, provido de um sorriso largo como o meu. A nossa semelhança é muita, Lucas se parece muito comigo, desde a barba cheia, até seus olhos verdes e cabelos castanhos escuros, embora alguns traços seus como o nariz pequeno e os lábios finos seja mais parecido com o do nosso pai e como Espanha faz muito mais frio do que no Brasil a sua pele é mais pálida do que a minha.

— Santiago — ele estica os braços e me abraça forte. — Caramba como você está diferente, ganhou algumas rugas, talvez. — Ele me avalia com o olhar e solta uma risada divertida.

— Olha para você, nem parece que fez trinta anos — digo ainda envolvido por um abraço.

— Vamos entrar. — Dou passagem para ele entrar na casa, e ele vem logo atrás.

Deixo as chaves em cima do móvel, e caminho em direção ao mini bar.

— Uísque?

Ele confirma com a cabeça enquanto avalia o local com o olhar e as mãos enfiadas no bolso da calça.

Encho dois copos e o sirvo.

— Casa Nova legal!

— Obrigado, comprei para ficar mais perto do meu filho.

— Como está o meu sobrinho?

— Bem. Esperto como o pai.

Meu irmão ri.

— Fiquei sabendo que se separou de Amanda.

— Sim — encaro os olhos do meu irmão. — Não estava mais dando certo... você sabe da história toda.

— Sei sim... E Giovanna como está lidando com isso?

— Está grávida — vou direto ao ponto.

Meu irmão me olha...

— Não me diz que você a engravidou de novo?

— Não! — beberico minha bebida. — Ela estava noiva de um cara, mas o coitado morreu em um acidente de trânsito e ela ficou viúva e grávida.

— Tenso, hein... — Meu irmão cometa e continua olhando tudo o em volta, sem falar o Real motivo da sua aparição.

— Lucas, eu te conheço. O que veio fazer no Brasil? — Vou direto ao ponto.

— Atrás de você. — Meu irmão dá meia volta no assunto.

Me sento na Poltrona e ele me acompanha. Cruza as pernas e fingi naturalidade enquanto beberica o copo de Uísque.

— Lucas! — insisto.

— Mamãe está ficando velha e insensata, e eu já não aguento mais o meu pai, ele acha que eu devo assumir toda a responsabilidade das empresas, e eu já não aguento mais tanta pressão, Santiago . Eu só vim respirar um pouco. Imaginei que você estava muito enrolado e vim ajudar você.

— Me ajudar?

— É ajudar você. Claro, antes de ajudar você, eu preciso de uma casa para me instalar, e conhecer seu ciclo social de amigos e o endereço das boates que você frequenta e o mais óbvio de tudo, um dos seus cartões de crédito.

Pelo visto Lucas continua o mesmo irresponsável de sempre.

— Você está sem dinheiro! — Afirmo porque eu sei que a resposta será uma retórica.

— Nosso pai não quer me dar mais nenhum centavo, ele quer que eu me case, caso contrário não vai nem mesmo me deixar trabalhar na empresa da família.

— Casamento? Você? — Gargalho e ele me encara sério.

— Por favor, Santiago tenha dó, eu não posso me casar ainda sou muito jovem para me prender a uma mulher e filho.

- Lucas, já se deu conta de que você tem trinta anos? Não tem mais idade para namoricos ou essa vida de baladeiros!

— Blá, Blá, Blá... Esse discurso eu já ouvi, da nossa mãe, do nosso pai, até do Pablo.

— O Pablo é nosso irmão mais novo, ele já tem um emprego seguro, está noivo e não depende mais do dinheiro do nosso pai, Lucas!

— Você é sua pose de irmão mais velho — ele fala terminando de virar o copo de uísque na boca e bate o copo na mesinha.

Esfrego a testa, pelo visto eu tenho mais um problema à vista. 

Depois que tudo deu erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora