𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓

02. Família Castelli 🗝️

━━ 𝐁𝐀𝐑𝐁𝐀𝐑𝐀 𝐁𝐈𝐓𝐓𝐄𝐍𝐂𝐎𝐔𝐑𝐓

Dou uma organizada nas minhas tintas, como sempre faço, quando está desorganizada. Não gosto de desorganização. É manhãzinha, e Carol ainda está dormindo, provavelmente abraçada com seu bicho. Ontem a aula dela foi mais cansativa do que a minha, então chegou cansada em casa. Ainda não tomei café da manhã, porque estou esperando ela acordar, para tomarmos juntas.

Estou olhando para o quarto branco à minha frente, pesando em como vou fazer, para pintar. Enquanto estou fazendo um pequeno esboço, com o lápis, escuto a porta abrir e logo suponho que seja Carol acordando. Olho em direção ao corredor e vejo ela saindo dele, com o cabeça todo bagunçado.

— Bom dia. — falo, sorrindo. Hoje acordei de bom humor.

— Bom dia. — diz preguiçosa. Carol vem até mim, com a cara de sono ainda, de toda manhã. — Pintando logo cedo? — volto a atenção na tela.

— Estou apenas fazendo um esboço. — pego a borracha, apagando um traço que não gostei. Carol olha para a vista da sacada.

— Manhã bonita. — concordo. — Já tomou café?

— Não, estava esperando você acordar. — deixo o lápis e a borracha de lado, me levantando do banco. — Vamos preparar, porque estou com fome já. — ela se vira, indo para a cozinha. Vou atrás dela. Pego algumas coisas dentro da geladeira, para fazer nosso café.

Não costumamos fazer um café grande, só comemos algumas coisas. Carol faz seu lanche na sanduicheira e eu faço um também, só que mais completo. Fiz um suco de laranja, enquanto nosso pão ficava pronto e arrumava o balcão, para podermos comer.

Enquanto comemos, ficamos assistindo televisão, que nessa hora passava o jornal. Vimos previsão do tempo, notícias, mortes e mais notícias. Típico. Carol estava lavando a louça e eu organizando a cozinha. Quando terminei, fui até a televisão, para trocar de canal. Chegando perto, a moça do jornal começa a falar. Vamos ver qual é o assunto.

— Nessa semana, o maior mafioso dos Estados Unidos, Vi.. — troco o canal. Isso com certeza não me interessa.

Uma coisa que odeio é: esse negócio de máfia. Odeio isso. Não é que eu odeie, mas não gosto do trabalho deles. Do tipo do trabalho. Não sei absoluta nada sobre a tal família mafiosa dos Estados Unidos, e nem me interesso em saber. A única coisa que sei, que escutei pela boca de uma pessoa que estava andando na rua, era o seu sobrenome. Castelli. Família Castelli. A família da máfia dos Estados Unidos.

Imagina fazer parte dessa família? É morte na certa. É a mesma coisa que você pedir para morrer.
Ainda bem que estou viva, plena, e com muita saúde. E que continue assim, amém!

— Aff, máfia de novo? — Carol resmunga, de forma entediante. Ela se senta no sofá, colocando uma almofada no colo e olha para a televisão. Assinto, procurando outro canal. — Coisa chata. — bufa.

— Pois é. — murmuro, clicando em um canal, deixando ele passar. Coloco o controle da televisão em cima da estante e me sento ao lado de Carol.

Enquanto tínhamos alguns minutos, antes de irmos começar a se arrumar, ficamos assistindo um desenho. Carol e eu ainda não crescemos. Somos adultas já, mas às vezes temos o senso de criança. Somos infantis em algumas partes, mas na maioria somos e agimos como adultas. Mas somos pré-adultas. Se essa palavra existe? Não sei, mas acabei de inventar uma coisa que define a gente.

Depois que o desenho acabou, fomos correndo nos aprontar, para começar nosso dia. Meio dia temos que estar no trabalho já. Carol foi tomar banho primeiro, enquanto arrumava meu quarto, que ainda não tinha arrumado. Separei minha roupa de trabalho, deixando em cima da cama e esperei Carol sair.